Irriga Fácil 2.0: Embrapa cria nova versão de software gratuito de olho nas incertezas climáticas

O pesquisador Paulo Emílio, da Embrapa Milho e Sorgo. Foto: Micaela Carvalho

Os produtores rurais ganharão um novo software, mais moderno, que ajudará no processo de irrigação das lavouras brasileiras. Trata-se do Irriga Fácil 2.0, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Milho e Sorgo, em Sete Lagoas (MG). O programa digital será uma versão do 1.0 criado em 2006 pelo mesmo órgão, em parceria com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Universidade Federal de Minas Gerais, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do mesmo Estado (Emater-MG) e Banco do Nordeste. A previsão é de que a novidade possa ser lançada no dia 23 de abril, durante as comemorações do aniversário da Embrapa.

O novo programa será capaz de oferecer informações sobre o momento certo das irrigações e ainda planejar a quantidade de água que deve ser fornecida, desde a fase de plantio até a de maturação de várias culturas – primeiramente de feijão, milho e sorgo. Ainda serão considerados três tipos de solo (de alta, média e baixa capacidade de retenção de água), em dois sistemas de irrigação (aspersão convencional e pivô central) e dois tipos de manejo do solo (convencional e direto na palha).

A princípio, o novo sistema fará previsões de irrigação nas 853 cidades do Estado de Minas Gerais, onde a evapotranspiração (perda de água do solo por evaporação e a perda de água da planta por transpiração) foi estimada com base em séries históricas de clima daquelas regiões. Depois, será estendido para outras localidades do País.

“Estamos trabalhando para os demais municípios brasileiros com previsão de inclusão (ao programa Irriga Fácil 2.0) ainda no corrente ano, muito possivelmente até o final de 2014”, informa Paulo Emílio Pereira de Albuquerque, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo na área de Irrigação e Drenagem, e integrante da equipe responsável pelo novo software.

“Como uma evolução natural, o programa poderá ser estendido a todo o País, principalmente nas lavouras que utilizam a irrigação de forma mais intensiva”, completa.

Segundo Albuquerque, inicialmente o Irriga Fácil funcionava com planilhas eletrônicas em Excel.

“A nova versão utiliza a plataforma web, pela qual o usuário se cadastrará em um formulário pela internet. Posteriormente, ele fará o cadastro de todas as suas áreas irrigadas, dentro de um mesmo município”, detalha.

“O produtor poderá acompanhar diariamente o manejo de irrigação de cada uma das áreas irrigadas que foi cadastrada. Todos os cadastros – do produtor irrigante e de suas respectivas lavouras de cultivo – são gratuitos”, informa o pesquisador.

Para que o sistema funcione devidamente, ele orienta os produtores a repassarem informações fidedignas para que estejam em conformidade com a real situação no campo. O usuário também deve ter um pluviômetro ou pluviógrafo instalado próximo à área irrigada.

“Em dias de chuva, a quantidade de líquido deverá ser medido e o seu valor deve ser inserido no local próprio, assim como o tempo de irrigação ou a velocidade do pivô central, conforme o caso”, explica.

Sobre o sistema funcionar, nesse começo, apenas para as culturas de feijão, milho e sorgo, o pesquisador explica: “Primeiramente, pelo motivo de a Embrapa Milho e Sorgo trabalhar com essas duas culturas; e também o feijão, por fazer parte do sistema de rotação/sucessão ao milho. Outras culturas graníferas também serão incluídas, como a soja e o trigo. Posteriormente, serão integradas a cana-de-açúcar e também outras culturas de ciclo anual, como as olerícolas. Bem mais adiante, virão as fruteiras de ciclo permanente”.

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

De acordo com Albuquerque, o Irriga Fácil 2.0 será um importante aliado para o produtor que sofre com as mudanças climáticas, especialmente com a atual seca prolongada que está prejudicando a produção agrícola em boa parte do Brasil. “Isto ocorrerá desde que o produtor disponha de fonte (ou fontes) de água com outorga, que possa (possam) suprir a demanda hídrica das culturas de todas as áreas irrigadas”, destaca.

E foi exatamente por causa do cenário descontínuo, e até imprevisível, do clima no Brasil que a Embrapa resolveu melhorar o programa, elaborando o novo software.

“Embora seja uma atividade relegada ao segundo plano pela maioria dos produtores irrigantes, fazer o manejo de irrigação sempre foi uma necessidade imediata, tendo em vista a conservação dos recursos naturais e otimização da água na agricultura, ainda levando em conta os possíveis aumentos de produtividade e da qualidade do produto a ser gerado. Deve-se conhecer com mais exatidão o momento de irrigar e a quantidade de água a adicionar à cultura.”

O usuário do Irriga Fácil 2.0 terá acesso ao sistema por meio de login e senha.

“O programa está passando por reformulações visuais para ser disponibilizado ao público”, informa.

Sem conhecimento do número de produtores que poderá ser beneficiado, Albuquerque reforça que terão a oportunidade de contar com essa nova ferramenta “todos os produtores que têm acesso à internet, que utilizam os sistemas aspersão convencional ou pivô central; que irrigam as culturas do milho, do sorgo e do feijão; que tenham conhecimento mínimo de seu sistema (intensidade de aplicação da água dos aspersores, tempo e lâmina aplicada pelo pivô central a 100% de velocidade); e que tenham pluviômetros ou pluviógrafos para medir a precipitação que cai próxima das áreas irrigadas”.

 

Por equipe SNA/RJ

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