Índia deve substituir China nos agroquímicos

As grandes mudanças na indústria de agroquímicos da China serão sentidas em todo o mundo e os preços devem subir. Fora isso, a Índia pode surgir como forte substituta no fornecimento de ingredientes ativos. Pelo menos é o que mostra a reportagem do portal Agribusiness Global.

No caso dos Estados Unidos, por exemplo, metade dos agroquímicos é produzida na China. Em função da rápida expansão industrial, a China muda suas políticas econômica e ambiental.

“A China me faz lembrar de Cleveland (Ohio) nos anos 70, quando os rios pegavam fogo. Em Los Angeles, o céu era marrom. Eles estão tendo esse problema agora. Não há dúvida de que eles querem limpar tudo agora”, disse Dennis Pfeiffer, CEO da empresa Tide International, que fabrica agroquímicos na China.

Brian Heinze, CEO da Willowood USA, disse também ao portal que não viu nada parecido com o que está acontecendo na China nos seus 25 anos de carreira no ramo. Para Heize, as empresas desparecerão.

“Basicamente, os fornecedores de ingredientes ativos estão dizendo que o governo pressiona para que sejam desativados. ‘Não podemos ter acesso a matérias primas’. Pode até ser legítimo (por parte do governo), mas não é bom para nós e para ninguém. Acho que isso vai assombrar os chineses”, disse Heinze.

Os resultados dessa política são bastante notáveis nos preços. No caso do imidacloprid, o preço subiu de US$ 13,50 o quilo no ano passado para US$ 36,00 o quilo neste ano. O mesmo acontece com outros ingredientes ativos como o glufosinato. Para a Tide International, o maior problema é com o Clethodim.

Para Heize, a pressão fez com que ele fosse a fornecedores indianos para conseguir ingredientes ativos como sulfentrazona, propiconazol, propanil e tebuconazol. Quando não consegue imidacloprid, substitui com ingredientes ativos como sulfentrazona ou mesotriona.

A Índia, como o último mercado crescente de agroquímicos, é a sede da primeira planta com inteligência artifical da Willowood, mas que não vai operar nos próximos dois ou três anos. O país foi escolhido porque não há nenhuma sobretaxa para trazer o produto, enquanto que da China se paga 6,5% em tarifas. Além disso, as compras precisam ser antecipadas em vários meses nas épocas de calor em ambos países asiáticos.

Pfeiffer disse que há muita incerteza no setor e todos têm exatamente a mesma estratégia: “Eu te digo o preço quando eu tiver o produto”. Nesse contexto, há teorias conspirativas de que o governo chinês criou propositalmente a escassez porque investiu cerca US$ 60 bilhões no setor entre a Adama e a Syngenta e estaria tentando estrangular as outras empresas.

Para Heize, a conclusão é que com 40% do mercado concentrado na Bayer e na Monsanto, além das limitações na China, o “produto ficará com muito pouca opção no mercado”.

 

Fonte: Agrolink

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