Entidades discutem agenda do setor de hortifruti, mercado com amplo potencial de crescimento

O marketing no setor hortifruti: desafios para uma agenda construtiva e rastreabilidade do varejo ao campo foi o mote da primeira edição de 2014 do Campo no Campus, que reuniu lideranças do setor, produtores, pesquisadores e jornalistas. No encontro, realizado dia 18 de fevereiro, em São Paulo, os principais players da cadeia produtiva do agronegócio de hortifrutis e olerícolas também destacaram o Projeto Rama e a pesquisa inédita intitulada Perfil e Necessidades da Olericultura Paulista, realizada pelo Sebrae-SP, encomendada pelo  Instituto Brasileiro de Horticultura (Ibrahort).

 

Erivaldo Pietri. Foto: Alf Ribeiro
Erivaldo Pietri apresenta perfil do olericultor paulista. Foto: Alf Ribeiro

 

Erivaldo Pietri, gerente de projetos da Macrosistema, apresentou o estudo sobre a olericultura paulista, que teve como objetivo delinear o perfil e as necessidades dos negócios rurais, de forma a identificar os pontos fortes e fracos, as ameaças e oportunidades, com foco na gestão, comercialização, tecnologia, inovação, empreendedorismo e produção. O levantamento foi realizado por meio de um questionário aplicado a 600 produtores de 30 culturas diferentes, entre novembro de 2012 a maio de 2013, em propriedades com até 100 hectares, em 45 municípios.

Segundo Pietri, o olericultor paulista é predominantemente do sexo masculino, tem baixa escolaridade e renda anual ao redor de R$ 60 mil. “80% faturam até R$ 60 mil ao ano e 64% são donos das propriedades”, disse e acrescentou que, conforme a pesquisa, em 2014 mais de 70% dos produtores entrevistados não estarão mais cultivando olerícolas, o que evidencia um problema de sucessão familiar.

Segundo os palestrantes, os produtores de olerícolas enfrentam vários problemas, principalmente relacionados ao registro de agroquímicos, rastreabilidade, logística para entrega da produção nos pontos de venda, escassez de mão de obra e organização.

 

Eduardo Daher, da Andef. Foto: Alf Ribeiro
Eduardo Daher, da Andef, diz que o setor de horticultura movimenta R$ 17 bi/ano. Foto: Alf Ribeiro

De acordo com o presidente da Andef, Eduardo Daher, o setor de horticultura movimenta R$ 17 bilhões ao ano e reúne mais de 10 mil produtores – a maioria pequenos – que cultivam hortaliças variadas em uma área total de 800 mil hectares.

“Apesar de o Brasil ser o terceiro maior produtor mundial de hortaliças, o consumo anual é de apenas 40 quilos por habitante, bem abaixo dos 160 quilos por habitante/ano da Espanha”, comparou. “Precisamos organizar o setor, trabalhar as questões de monitoramento e rastreabilidade, o registro de produtos para frutas, legumes e verduras (FLV) e reivindicar uma política pública específica.”

A rastreabilidade dos produtos, para monitorar a presença de resíduos de agroquímicos nos alimentos, foi o tema abordado por Márcio Milan, diretor de Relações Governamentais do Grupo Pão de Açúcar e vice-presidente de Relações Políticas e Institucionais da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Milan apresentou o projeto Rama (Rastreamento e Monitoramento de Alimentos), idealizado com a proposta de rastrear e monitorar o uso de agrotóxicos nas Frutas, Verduras e Legumes comercializados pelas mais de 80 mil lojas do setor, espalhadas pelo País, de pequenos comércios a grandes redes de supermercados. Atualmente, o projeto monitora um terço de todas as frutas e verduras comercializadas pelos associados da Abras.

De acordo com Giampaolo Buso, CEO da PariPassu, empresa que realiza coletas e análises técnicas do Rama, o rastreamento é um tema mundial e contribui para a organização da produção com ganhos positivos na imagem na confiança do consumidor. O Rama começou em Santa Catarina e Rio Grande do Norte e no futuro, deve abranger todos os Estados, por meio de ações envolvendo as associações estaduais de supermercados.

“A ideia é que o encontro resulte em uma carta aberta com as principais propostas debatidas no encontro, para ser apresentada a organismos governamentais”, disse o professor da ESPM Luiz Tejon Megido, coordenador do encontro.

O evento foi promovido pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em parceria com a Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócios (ABM&RA) e a Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef).

 Por Equipe SNA/SP

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