Dólar valorizado frente ao real mantém competitividade da soja brasileira

Sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa destaca que o cenário é positivo para a soja brasileira, mas alerta para o alto custo de produção da oleaginosa no País. Foto: Divulgação
Sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa destaca que o cenário é positivo para a soja brasileira, mas alerta para o alto custo de produção da oleaginosa no País. Foto: Divulgação

Na safra 2015/2016, a produção brasileira de soja deverá ultrapassar, pela primeira vez, as 100 milhões de toneladas. Esta estimativa foi apresentada pela Agroconsult, durante simpósio realizado na Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), em São Paulo, no último dia 25 de fevereiro. Na avaliação da consultoria, a valorização do dólar frente ao real, observada desde o ano passado, tem sido positiva para os produtores rurais, porque aumenta a competitividade desta oleaginosa nacional no mercado externo.

“Nós vamos, certamente, passar por um período de redução do ritmo de expansão da sojicultura no Brasil, por causa dos reflexos da crise em cima da capacidade de financiamento que o setor tem. Porém, em função do câmbio, ainda teremos uma margem bastante razoável”, analisa André Pessôa, sócio-diretor da Agroconsult.

A empresa, responsável pelo levantamento da safra, prevê um aumento de 2,4% na produção de soja, para 101,6 milhões de toneladas, ao invés das 99,2 milhões de toneladas previstas em janeiro deste ano.

Segundo Pessôa, uma mudança muito importante deve ser observada em relação ao custo logístico de escoamento deste setor do agronegócio. “Antes, a soja produzida em Iowa (EUA) tinha uma diferença de dois dólares por buschel comparada à nossa soja, ou seja, os norte-americanos conseguiam colocar o produto dentro do navio a sete dólares o buschel (termo usado, principalmente, como unidade de massa ou peso, embora possa também ser utilizado como unidade de volume).”

O executivo destaca ainda que, com o câmbio dos últimos dois anos, “chegamos a esse patamar e estamos no mesmo nível de competitividade dos americanos”. “Isto, para nós, é positivo, pois os estoques internacionais de soja não subiram nessa safra e continuam relativamente iguais. Nosso grande concorrente, os EUA, estão com grande parte dos produtores em uma situação de break-even (ponto de equilíbrio), o que nos deixam em situação favorável em relação ao nosso estoque interno.”

 

DESAFIOS

Mesmo com este cenário relativamente positivo, Pessôa afirma que existem grandes desafios a serem enfrentados, com destaque para o acesso ao crédito e aplicação de investimentos para a produção das commodities agrícolas.

“Para plantarmos a safra 2014/15 de soja, milho, trigo e algodão foram necessários R$ 88 bilhões; já para a safra 2015/16 foram R$ 107 bilhões, sendo R$ 72 bilhões para a soja, devido à desvalorização da moeda nacional.”

A previsão, segundo ele, é que para as safras 2016/17 sejam utilizados R$ 122 bilhões. “É aqui que precisamos ficar atentos, para não termos de investir o nosso lucro para custear a produção”, alerta.

 

MILHO

A consultoria prevê uma safra verão do milho em torno de 28,5 milhões de toneladas, volume 5,1% inferior ao da safra passada, com redução de 6,8% na área plantada, que deverá ficar em 5,7 milhões de hectares. A produção do milho segunda safra também foi revisada e estimada em 58,8 milhões de toneladas, aumento de 7,7% sobre o ciclo anterior. A área cultivada deverá registrar crescimento de 11,6%, chegando a 10,7 milhões de hectares.

 

os portos do Norte e Nordeste do Brasil terão um grande papel no escoamento do excedente de produção. Isto é algo que temos de comemorar”, observa o diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes. Foto: Divulgação
“Os portos do Norte e Nordeste do Brasil terão um grande papel no escoamento do excedente de produção. Isto é algo que temos de comemorar”, observa o diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes. Foto: Divulgação

EXPORTAÇÃO

Caso sejam confirmadas as previsões da Agroconsult, a tendência é que estes resultados deem um fôlego para o avanço nos embarques da soja que, além da alta na produção, deve bater recorde de exportação, atingindo 57 milhões de toneladas, ante as 53 milhões em 2015.

“Neste panorama, os portos do Norte e Nordeste do Brasil terão um grande papel no escoamento do excedente de produção. Isto é algo que temos de comemorar”, observa o diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes.

 

Por equipe SNA/SP

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