Cultura do milho assume posição de destaque em Mato Grosso

O envio de milho de Mato Grosso ao mercado externo representou a metade do valor das exportações do estado no mês de janeiro. O cereal atingiu US$ 399.400 milhões em negociação, o que representa 46% do total das exportações, que atingiu US$ 860.404 milhões no primeiro mês do ano.

O cereal teve a alta impulsionada pelo crescimento dos estoques, devido ao excedente da safra passada (2016/2017), e por uma retomada da demanda no mercado externo, que resultou em valorização do produto neste início de ano.

Em janeiro, o envio de milho ao mercado externo somou 2.577 milhões de toneladas. O volume representou aumento de 130% sobre o mesmo período de 2017, quando o montante somou apenas 1.117 milhão (t). Naquele ano, os produtores sofreram com a quebra de safra, que resultou em perda de cerca de sete milhões de toneladas.

Com a super safra produzida no ano passado, que atingiu 30.451 milhões de toneladas de milho, as exportações do cereal voltaram ao mesmo patamar de anos anteriores.

Em relação aos envios dos últimos cinco anos, o volume de janeiro de 2018 é o maior e ficou próximo ao de 2016, quando as exportações do cereal somaram 2.541 milhões de toneladas – cerca de 1,4% a menos.

O economista Vitor Galesso, especialista em mercado externo, avalia que o aumento nas exportações foi estimulado por um crescimento da demanda em nível mundial e pela recente valorização de preço perante os meses anteriores.

“O mercado global está passando por um processo de crescimento por todos os produtos, inclusive do milho. Essa demanda tem sido mais aquecida na Europa, além dos mercados já tradicionalmente de peso, como a Ásia”, disse.

O Irã foi o principal destino do milho de Mato Grosso em janeiro. Foram enviadas 888.415 toneladas no período, representando 34% do total das exportações.

Logo em seguida aparece a Espanha, destino para onde as empresas exportadoras encaminharam 214.430 toneladas, segundo o levantamento realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), com base nas informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

Glauber Silveira da Silva, vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) explica que janeiro geralmente representa um bom período para as exportações do produto com origem de Mato Grosso, devido ao aumento do nível dos rios, o que facilita o transporte para os portos.

No ano passado, o produto sofreu com a desvalorização de preço, que chegou a queda de 14,4% em relação a 2016, segundo o último boletim mensal da Conjuntura Econômica do Imea divulgado em fevereiro. A queda foi intensa, mesmo com a alta de 59% da produção.

“Quando se produz muito, o preço cai. A soja também caiu e essa semana melhorou, mas, fora isso, o preço caiu muito no mercado internacional em relação a todos os produtos, com exceção do algodão”, disse o vice-presidente da Abramilho.

A produção de milho, que na safra passada (2016/2017) cresceu 59% e atingiu 30.451 milhões de toneladas, terá queda de 16,6% na temporada deste ano (2017/2018). Estimada em 25.404 milhões de toneladas pelo Imea, a safra deve passar por menos instabilidade em relação aos preços. Segundo a instituição, é prevista valorização de 22,2% no preço em 2018.

Para o economista Vitor Galesso, a demanda mundial mais aquecida tende a valorizar os preços das commodities neste ano. “A expectativa é de crescimento da demanda e, consequentemente, de valorização do preço. Absorvidas as instabilidades, com a baixa na produção deste ano, o setor deve se manter mais aquecido com as vendas, inclusive para atender a cadeia de alimentação animal, principal destino do milho”, disse.

Além do mercado externo, que acaba sendo um dos principais destinos do milho, o setor tem o desafio de diversificar a comercialização dentro do mercado interno. A produção de etanol de milho é uma alternativa totalmente viável e o setor já projeta crescimento nas vendas para esta finalidade nos próximos anos.

Ao que parece, as projeções futuras são mais animadoras do que o passado turbulento. Atualmente, o consumo de milho no mercado interno estadual é de cerca de 4.37 milhões de toneladas, segundo dados da quarta estimativa de oferta e demanda do milho em 2017, realizada pelo Imea.

Já o consumo interestadual é de 6.48 milhões de toneladas, o que demonstra que cerca de 1/3 (10.85 milhões de toneladas) da produção estadual já permanece no mercado nacional. Para 2018, que tem safra estimada de 25 milhões de toneladas, este volume deve ser de 9,65 milhões de toneladas, de acordo com o Imea.

Glauber Silveira, da Abramilho, informa que a produção de etanol à base de milho em Mato Grosso deve impulsionar o consumo dentro do mercado estadual, fazendo-o superar os dez milhões de toneladas.

“O etanol vai ser uma coisa muito boa. O etanol de milho vai crescer bastante e vai fazer com que esse volume aumente muito. A nossa projeção é para que daqui a cinco anos estejamos consumindo dez milhões de toneladas por ano somente para a produção de etanol”.

Segundo Silveira, pelo menos mais duas usinas dedicadas à produção exclusiva de etanol de milho devem ser instaladas em Mato Grosso até o próximo ano. Atualmente, há uma em operação no município de Lucas do Rio Verde, inaugurada em agosto do ano passado.

“Os projetos de instalação de usinas são vários. Mas pelos menos duas ou três deverão entrar em operação até 2019. Fora isso, ainda temos as usinas flex (que produzem etanol de cana de açúcar e de milho), o que deve dobrar esse número para a produção do biodiesel”, disse Silveira.

 

Fonte: Agro Notícias

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp