Conselho de Economia da SNA debate os rumos da política nacional

Tulio Arvelo Duran, Paulo Guedes, Thomas Tosta de Sá, Hélio Portocarrero, Carlos Von Doellinger, Antonio Alvarenga e Rubem Penha Cysne. Foto: SNA.

 

“Diante do atual quadro de desorganização do Brasil, existe uma grande indefinição sobre os rumos da política nacional”. A declaração é do economista Rubem Novaes, que abriu na quinta-feira (16/11) a sessão do Conselho de Economia da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).

Durante o encontro, o economista Helio Portocarrero falou sobre a evolução das elites do poder na história recente do país, destacando seus efeitos no âmbito político e econômico. Para ele, o Brasil só terá maior estabilidade se adotar o sistema parlamentarista.

“O presidente da República é um monarca. O presidencialismo foi criado para substituir a monarquia. Não dá certo em lugar nenhum, exceto nos Estados Unidos”, disse. Na opinião de Portocarrero, “no atual sistema, com a distribuição de renda que o Brasil tem, fica difícil oferecer ao povo uma resposta positiva”

O economista observou que o eleitor sempre se espelha no candidato que ele mais se identifica. “Isso é complicado. Como falar para um trabalhador que ganha salário mínimo que a sua remuneração não pode ser aumentada, se ele quer o contrário? Daí o concorrente promete que vai aumentar e o eleitor muda o voto”.

 

REFORMA

Em concordância com o discurso de Portocarrero, o vice-presidente da SNA, Tito Ryff salientou que os sistemas político e eleitoral do país facilitam a corrupção. “Na verdade, antes de um possível parlamentarismo, precisamos de um sistema para evitar a estagnação sistêmica do Congresso. Talvez valesse a pena nesse sentido uma ampla reforma”, destacou, se mostrando a favor do voto distrital.

“A meu ver, o voto distrital tem mais vantagens que o voto plural. É uma forma de colocar os candidatos mais próximos dos eleitores e vice-versa, e iria diminuir substancialmente a influência do poder econômico. Também eliminaria a questão de votar em um candidato da mesma legenda”.

Ryff acredita que o voto distrital seria muito importante para a política brasileira, inclusive por instituir o recall, “recurso que permite a destituição dos candidatos por um grupo de cerca de 20% dos eleitores de um distrito, por exemplo”. Dessa forma, segundo o vice-presidente da SNA, “haveria uma sensação de poder maior dos eleitores sobre os candidatos”.

Quanto às eleições de 2018, Ryff se mostrou preocupado com o excesso de radicalização de propostas que podem levar a soluções extremas, e disse apostar numa eleição de centro. “Acredito também que os eleitores deverão se mobilizar em torno das questões da política brasileira”, complementou.

 

TRANSFORMAÇÃO DO CAOS

Já o economista Paulo Guedes acredita que o Brasil está “em marcha virtuosa” e que “terá uma solução de centro-direita”. No entanto, ele chama a atenção para a necessidade de superação e mudança.

“Precisamos dar demonstração de maturidade. O Brasil está caótico, mas agora o jogo acabou. Por quantas vezes a classe média, que está desiludida, sem emprego e sem perspectivas, vai ser enganada?”, questionou o economista, acrescentando que, frente a este cenário, “a direita ressuscitou com toda a força no país”.

Guedes afirmou que no Brasil não há sucessão de elites (“São cem anos com os mesmos sobrenomes”), disse acreditar numa sociedade aberta e que é favorável à mudança do regime econômico. “Só assim será possível transformar o caos, com um Banco Central independente, câmbio flexível e privatizações. Muda tudo”, concluiu.

Também estiveram presentes à reunião do Conselho de Economia o embaixador Botafogo Gonçalves; o presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, Antonio Alvarenga; os vice-presidentes da SNA, Tito Ryff e Hélio Sirimarco; os diretores da instituição, Francisco Villela, Sérgio Malta, Rony Oliveira e Túlio Arvelo Duran; e os economistas Arnim Lore, Carlos Von Doellinger, Claudio Contador, Ney Brito, Roberto Fendt, Rubem Penha Cysne e Thomas Tosta de Sá.

 

Equipe SNA/Rio

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