Complexo soja continuará crescendo em 2015 no País, prevê Abiove

Carlo Lovatelli, presidente da Abiove: “O mercado chinês continuará sendo o lastro das vendas externas brasileiras de soja em grão”. Foto: Divulgação
Carlo Lovatelli, presidente da Abiove: “O mercado chinês continuará sendo o lastro das vendas externas brasileiras de soja em grão”. Foto: Divulgação

“Depois de um ano favorável para a soja brasileira, com recorde de recorde de produção de 86 milhões de toneladas e patamares de preços remuneradores, as atenções do mercado se voltam para 2015, cuja safra será colhida no começo do próximo ano. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) prevê novo recorde de produção, de 91 milhões de toneladas, atrás apenas dos Estados Unidos, que deverá produzir 108 milhões de t.

“A expectativa, para 2015, é de um ano razoável para o setor, porém, não tão rentável como 2014”, prevê Fabio Trigueirinho, secretário-executivo da entidade.

A Abiove também projeta queda no preço médio de exportação do grão, de US$ 510/t, para US$ 370/t, em decorrência da recomposição dos estoques mundiais da oleaginosa. A receita das vendas externas do setor deverá totalizar US$ 23,1 bilhões em 2015, ante US$ 30,7 bilhões, em 2014. China e a União Europeia serão os principais destinos das exportações de brasileira de soja, estimadas em 48 milhões de t em 2015, aumento de 4% comparado à temporada anterior.

“A China está dando um sinal que nos preocupa muito, pois a soja é um produto básico para o País”, afirma Carlo Lovatelli, presidente da entidade. “No entanto, o mercado chinês continuará sendo o lastro das vendas externas de soja em grão.”

O processamento de soja deve aumentar de 36,3 milhões t para 38,3 milhões de t. “O mercado interno será cada vez mais forte, impulsionado pelo consumo de óleo e pela demanda de farelo para rações de aves, suínos, gado de corte e leiteiro”, justifica Trigueirinho.  A Abiove também prevê o crescimento da demanda de óleo refinado de consumo doméstico.

“O aumento compulsório do percentual mínimo de biodiesel misturado ao diesel comum, de 5% para 7%, em 2015, também contribuirá para o aumento da demanda de óleo”, acrescenta Leonardo Zilio, assessor econômico da Abiove.

A estimativa é de produção de 7,4 milhões t de óleo de soja, em 2015, sendo 6,5 milhões t para o mercado doméstico e 900 mil t para a exportação. Do total produzido, 2,9 milhões de t serão destinadas à produção de biodiesel.

Quanto ao farelo, a expectativa da Abiove é de recuperar as vendas externas nos patamares de 2011, quando foram embarcadas 14,5 milhões t. Na temporada 2014/2015, a produção brasileira de farelo está prevista em 29,1 milhões t, sendo 14,8 milhões t para consumo doméstico e 14,3 milhões t para o mercado externo.

COMERCIALIZAÇÃO

Segundo a Abiove, no próximo ano a soja será comercializada mais tarde, em razão do atraso no plantio, consequência da irregularidade das chuvas em outubro, o que deve alterar a logística e a concorrência. “A competição será acirrada ao longo do ano com os Estados Unidos”, prevê Lovatelli. “Também não teremos grandes volumes de embarque em janeiro e fevereiro, como no ano passado”, acrescenta Trigueirinho.

Ainda em relação à logística, o secretário executivo lembra que em 2014 já não teve tantas filas nos portos quantos nos anos anteriores. Além disso, uma nova rota de transporte para a soja do Mato Grosso, pelo Porto de Barcarena, no Pará, também vai contribuir para minimizar o problema.

“O aumento do escoamento da safra pelo complexo portuário de Miritituba, no Pará, vai desafogar a logística, além de reduzir em até US$ 50 o valor do frete por tonelada, que é de US$ 150 por tonelada no pico da safra”, comenta.

Fabio Trigueirinho, secretário-executivo da Abiove: “A expectativa, para 2015, é de um ano razoável para o setor, porém, não tão rentável como 2014”. Foto: Divulgação
Fabio Trigueirinho, secretário-executivo da Abiove: “A expectativa, para 2015, é de um ano razoável para o setor, porém, não tão rentável como 2014”. Foto: Divulgação

PROTOCOLO

Dentre as iniciativas previstas para o próximo ano está o Protocolo de Responsabilidade Socioambiental de Grãos do Pará, resultado de acordo entre o Ministério Público Federal, a Secretaria de Municípios Verdes do Pará, a Abiove e outros participantes da cadeia da soja.

A proposta do protocolo é evitar a aquisição de produtos agrícolas oriundos de áreas não inscritas no CAR do Estado ou que sejam de áreas de desmatamento ilegal, que estejam sob embargo ambiental ou envolvidos em denúncias de trabalho degradante. Para validar o cumprimento do acordo, as empresas contratarão auditorias independentes que farão o controle da regularidade ambiental dos fornecedores.

Por equipe SNA/SP

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