‘Apetite’ por agrícolas pode diminuir

A política fiscal mais expansionista de Donald Trump pode reduzir a volatilidade do mercado futuro de commodities agrícolas, avaliou o sócio da consultoria MB Agro – braço agrícola da MB Associados -, Alexandre Mendonça de Barros. Na visão do economista, a política fiscal do novo presidente americano – que sinalizou mais investimento em infraestrutura – “reforçou” o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos. “Com juro alto, diminui a propensão de especuladores a atuarem no mercado de commodities”, disse Mendonça de Barros.

Além de potencialmente redirecionar os recursos dos fundos que investem em commodities, a elevação dos juros pelo Federal Reserve deve fortalecer o dólar e, desse modo, exercer uma pressão “baixista” – ainda que moderada – sobre as commodities, argumentou ele. Em reais, no entanto, os preços podem não cair, a depender do comportamento da taxa de câmbio no Brasil. Do ponto de vista comercial, as mudanças provocadas pelo governo Trump devem ser “marginais”, disse Mendonça de Barros. “Não vejo nenhuma grande transformação radical”, disse.

Ainda que timidamente, o perfil protecionista de Trump pode gerar reações em importadores de produtos agrícolas dos EUA, tais como a China. Embora Mendonça de Barros ressalte que o país asiático, maior comprador global de soja, “não pode abrir mão” da oleaginosa americana, é possível que os chineses busquem a oferta de soja da América do Sul com “mais intensidade” para reduzir a relevância do produto americano ao longo do tempo. Atualmente, o Brasil já ocupa o posto de maior fornecedor de soja à China.

De certo modo, os chineses já se anteciparam, afirmou Mendonça de Barros. Ha três semanas, o país asiático elevou a tarifa de importação de DDG (subproduto da fabricação de etanol a partir de milho usado na ração animal). “Não é tão relevante em termos de volume, mas é uma sinalização”, disse o sócio da MB Agro.

Na área de carnes, as possíveis reações à política protecionista de Trump podem abrir caminho para o Brasil, afirmou ele. Na avaliação do economista, a chance de abertura dos mercados de carne bovina de Coreia do Sul, Japão e do México ficam maiores. Outra consequência positiva para o Brasil seria a postergação da reabertura do mercado da China à carne de frango americana. O país asiático embargou o produto americano no início de 2015 devido ao surto de gripe aviária que atingiu os EUA.

 

Fonte: Valor Econômico

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