Antecipação do ciclo da soja em Goiás impulsiona investimentos em milho

A antecipação da colheita de soja no sudoeste de Goiás está criando oportunidade para o plantio de uma “safrinha” de milho na janela ideal de clima, com uso de alta tecnologia e indicativo de produção acima do ano passado, disseram produtores e especialistas.

“A soja adiantou muito”, disse o produtor Lúcio Carvalho, que já começou a colher seus 2.500 hectares plantados com soja na região de Rio Verde, polo agrícola goiano.

As lavouras precoces de Goiás –quarto principal Estado produtor de soja do país– sofreram com quase um mês sem chuvas entre dezembro e janeiro, o que antecipou a maturação em até 7 ou 10 dias, dependendo do caso.

Com isso, os produtores têm mais chances de plantar uma segunda safra com milho, após a colheita da soja, dentro do período ideal de clima, que é até meados de fevereiro.

A procura por sementes de milho disparou na região nos últimos dias.

“Quem está correndo atrás agora é o produtor que não sabia se ia colher a soja numa janela viável”, disse Adenilton dos Santos, gerente de negócios do Grupo Tec Agro, que distribui sementes na região de Rio Verde.

Entre os quatro principais Estados que plantam o chamado milho “safrinha”, Goiás possivelmente será o único que elevará a produção em 2014 ante 2013, em meio a preços da commodity pouco interessantes. A consultoria Agroconsult estima aumento de 11 por cento, para 4,4 milhões de toneladas.

Enquanto isso, no total do país, a produção da segunda safra de milho deverá cair 7 por cento, para 44,1 milhões de toneladas, pressionada principalmente por uma redução de tecnologia e produtividade em Mato Grosso, segundo a Agroconsult.

“A seca encurtou o ciclo da soja, e o plantio do milho até 15 de fevereiro, na melhor janela, permite um potencial de até 150 sacas (de milho) por hectare”, disse o analista André Pessôa, da Agroconsult, que percorre nesta semana as lavouras de Goiás e Mato Grosso na expedição técnica Rally da Safra, acompanhada pela Reuters.

As lavouras que conseguirem atingir as 150 sacas por hectare vão se aproximar da média dos agricultores norte-americanos, os que mais produzem milho no mundo.

De qualquer forma, os produtores do sudoeste de Goiás dizem que só entram na safrinha de milho se for para colher muito, aproveitando a janela ideal, com sementes de alta produtividade e adubação adequada.

Com os preços do cereal pressionados, um plantio de milho com baixa produtividade não pagaria os investimentos.

“Eu cortei a baixa e a média tecnologia”, disse o produtor Lúcio Carvalho.

Na fazenda dele, é preciso atingir uma produtividade de 125 sacas de milho por hectare e vender no mínimo a 18,50 reais por saca para garantir rentabilidade. “É arriscado”, ponderou o agricultor.

Agentes de mercado ouvidos pela Reuters na região disseram que uma saca de milho está sendo negociada na região, atualmente, entre 18 e 19 reais.

Fonte: Reuters

 

 

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