ABMR&A debate integração do campo ao urbano e a expectativa do consumidor

Daniel Batistella, presidente da ABMR&A: “O agro se consolidou como uns dos principais setores da economia brasileira”.
Daniel Baptistella, presidente da ABMR&A: “O agro se consolidou como uns dos principais setores da economia brasileira”.

Ouvir o consumidor, porque ele sabe o que quer, além da importância da eficiência dentro da porteira e a necessidade de evoluir e avançar ainda mais tecnologicamente. Estas foram as principais conclusões do 11º Congresso Brasileiro de Marketing Rural & Agronegócio, realizado em São Paulo, pela Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMR&A).

Para o presidente da entidade, Daniel Baptistella, “está claro que o consumidor quer muito mais do que um alimento saboroso e bem apresentado”. É importante que o agronegócio esteja atento a esses movimentos porque é o começo de tudo: do campo saem as matérias-primas para a produção dos alimentos”, disse.

Durante o Congresso, que teve como tema o “Agronegócio brasileiro: do campo à mesa – Pensando o futuro hoje”, foram discutidas tendências, o que o consumidor final quer e como isso se reverte ao longo da cadeia. O objetivo foi promover uma discussão do futuro, integrando o campo ao urbano, com a visão da indústria de insumos e de alimentos, além da expectativa do consumidor.

O evento, que reuniu cerca de 300 participantes, entre profissionais de marketing e comunicação, empresários da cadeia da alimentação, consultores especializados e pesquisadores, contou com apoio de mídia de vários veículos de comunicação, entre eles as revistas A Lavoura e Animal Business Brasil, da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).

“Falamos com um universo que está em constate mudança. Durante os 35 anos de existência da ABMR&A, o marketing dentro do agro evoluiu muito”, disse Baptistella, ressaltando os fatores que atualmente desafiam o marketing dentro da cadeia e os obrigam a se renovar.

Como exemplo, ele citou a 6ª Onda da Pesquisa de Perfil Comportamental e Habito de Mídia do Produtor Rural, recém publicada pela ABMR&A, que identificou um ambiente que evolui a passos largos: entre aqueles que tomam decisões dentro da propriedade rural, 10% são do sexo feminino;  entre homens e mulheres, 21% possuem 2° Grau completo ou superior. Também destaca que 39% acessam a internet com frequência, o que deve se expandir significativamente com uso de smartphones e a disseminação da banda larga pelo interior do Brasil.

A FORÇA DO AGRO

Segundo o presidente da ABMR&A,  “o agro se consolidou como uns dos principais setores da economia brasileira e, nesta década, ampliou significativamente o espaço na mídia e o acesso aos governantes”.

“O agronegócio movimenta R$ 1 trilhão por ano e será responsável, em 2014, pela exportação de US$ 100 bilhões e pela produção de 200 milhões de toneladas de grãos, além de 26 milhões de toneladas de carnes. O setor produtivo coloca alimentos na mesa do brasileiro e de mais de 150 países”, ressaltou Baptistella.

De acordo com ele, uma pesquisa realizada recentemente pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) demonstra que o agronegócio também passou a contar com o respeito da população, independente da condição econômica das pessoas.

“Esse respeito se deve, em grande parte, pelo reconhecimento da importância econômica que o agro tem para o Brasil, e por consequência para o bem estar do cidadão das grandes cidades. Essa foi uma grande evolução, entretanto é fundamental agregar novos atributos ao relacionamento do setor junto a sociedade”, salientou.

DESAFIO

Ao abordar o tema “O agronegócio preparado para atender o consumidor mais exigente”, o diretor de Proteínas da América Latina do McDonald’s, Daniel Boer, afirmou que os consumidores estão mudando cada vez mais e a comunicação com eles também tem de mudar de forma rápida.

Segundo Boer, para os consumidores não importa o que a empresa fala, mas o que eles ouvem. Um dos exemplos foi o boato sobre o uso de minhocas na fabricação dos hambúrgeres. O McDonald’s possui 35 mil restaurantes em 120 países e 70 milhões de clientes por dia.

Em recente pesquisa realizada com os consumidores, alguns pontos que chamaram a atenção foram a preocupação com o uso de hormônios nos alimentos e o bem-estar animal.

“O grande desafio da produção global de alimentos passa pela capacidade das indústrias, do varejo e, principalmente, de todos os elos das cadeias produtivas agrícolas e agropecuárias de identificar e absorver os sinais que esses consumidores estão emitindo. Hoje, conseguimos atingir de maneira eficaz com os nossos fornecedores, mas o processo precisa ser mais amplo e sinérgico, envolvendo também os produtores em único caminho convergente”, acentuou Boer.

Para Daniel Boer, diretor de Proteínas da América Latina do McDonald’s, os consumidores estão mudando cada vez mais
Para Daniel Boer, diretor de Proteínas da América Latina do McDonald’s, os consumidores estão mudando cada vez mais

O CONSUMIDOR

Na opinião de Jean Louis Gallego, diretor comercial e de marketing da Arysta do Brasil Alimentos, maior fabricante de pães congelados do mundo, a grande pergunta é “o que consumidor deseja?”. Segundo ele, muitas vezes este consumidor não sabe exatamente o que quer, mas tem a certeza de que deseja conveniência e praticidade, credibilidade e qualidade.

Gallego explicou ainda que os aspectos sócio-culturais e econômicos refletem no mercado de alimentação e apontam tendências. No Brasil, exemplificou, as mudanças ocorridas nos últimos anos, com o aumento das pessoas incluídas nas chamadas classes A, B e C, fomentaram o consumo de alimentos e tem definido tendências.

Outro aspecto diz respeito à faixa etária. Até 2050, a maior parte da população brasileira será economicamente ativa, o que significa também que o Brasil será um país mais envelhecido.

“Com base nestas informações, posso afirmar que alimentos com valor agregado devem ditar a tendência nas gôndolas brasileiras”, disse o diretor da Arysta, que acredita no aumento da disponibilidade de alimentos práticos e convenientes no varejo, como produtos prontos congelados.

“Alimentos com valor agregado devem ditar a tendência nas gôndolas brasileiras”, afirma Jean Louis Gallego, diretor comercial e de marketing da Arysta do Brasil Alimentos

Gallego também reforçou a importância dos alimentos funcionais, que caracterizam-se por oferecer vários benefícios à saúde, além do valor nutritivo, podendo desempenhar um papel potencialmente benéfico na redução do risco de doenças crônicas degenerativas, como câncer e diabetes, dentre outras.

“A população mais velha terá mais preocupações com sua saúde e poderá migrar para os alimentos funcionais, mais benéficos”, afirmou Gallego.

O MERCADO

“Quem não for eficiente ficará alijado do mercado. A pecuária extrativista está com dias contados”, alertou o diretor regional de Originação do Grupo JBS, Eduardo Pedroso.

Durante sua palestra Como Aumentar a sincronia entre o agronegócio e a indústria, Pedroso afirmou “não temos mais terras disponíveis para deixar boi no pasto por muito tempo” e lembrou que antigamente produzia-se boi e, hoje, produz-se carne.

“Quem não for eficiente ficará alijado do mercado. A pecuária extrativista está com dias contados”, alertou o diretor regional de Originação do Grupo JBS, Eduardo Pedroso
“Quem não for eficiente ficará alijado do mercado. A pecuária extrativista está com dias contados”, alerta o diretor regional de Originação do Grupo JBS, Eduardo Pedroso

Durante sua palestra, o presidente da John Deere Brasil, Paulo Hermann destacou a importância da parceria entre o poder público e a iniciativa privada (Rede de Fomento à ILPF) na expansão do Projeto ILPF (Integração Lavoura –Pecuária-Floresta. Esta é uma das ações recomendadas  pelo Programa para Redução da Emissão de Gases de Efeito Estufa na Agricultura (ABC), criado pelo governo federal para reduzir as emissões de gases de efeito estufa oriundas das atividades agropecuárias; aumentar a produção agropecuária em bases sustentáveis; adequar as propriedades rurais à legislação ambiental; ampliar a área de florestas cultivadas; e estimular a recuperação de áreas degradadas.

Presidente da John Deere Brasil, Paulo Hermann destaca a importância da parceria público privada na expansão da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Presidente da John Deere Brasil, Paulo Hermann destaca a importância da parceria público privada na expansão da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF)

Criada em abril de 2012, a Rede de Fomento à iLPF é formada pela Embrapa, John Deere Brasil, Cocamar (Cooperativa Agroindustrial do Paraná), Syngenta e Parker. A união tem como objetivo somar esforços na implementação de mecanismos que incentivem a adoção dos sistemas iLPF no País e fazer com que as tecnologias, que permitem a efetiva implementação da iLPF, cheguem aos produtores.

Hermann destacou que o Brasil é pioneiro na adoção do sistema e mostrou o quanto o País evoluiu e o quanto ainda tem para evoluir no desenvolvimento e adoção de tecnologias.

 

Por equipe SNA/SP

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