Volume de soja necessário para saldar custos de produção das lavouras aumenta na safra 2023/24

O planejamento da compra dos insumos para a safra de verão da temporada 2023/24 está na fase final nas principais regiões produtoras de grãos do Brasil – Imagem de Mariana Lazaro mari_lazaro por Pixabay

Os custos de produção das lavouras de soja na safra 2023/24 deverão ficar acima da média das últimas cinco safras. O alerta está no boletim de custos dos grãos, divulgado pelo CEPEA.

O planejamento da compra dos insumos para a safra de verão da temporada 2023/24 está na fase final nas principais regiões produtoras de grãos do Brasil.

Ao contrário das safras passadas, a compra de insumos para essa temporada foi mais lenta, pois muitos produtores tinham expectativas de uma queda recuo dos preços médios dos fertilizantes, mas não aconteceu como o esperado. Segundo o Cepea, em julho de 2023, o ritmo de aquisição de fertilizantes nas principais regiões produtoras fechou em média 75%, na comparação com o volume médio de 87,30% para o mesmo período de 2022, uma diferença de quase 13%.

Embora os preços médios dos fertilizantes tenham caído no 1º semestre de 2023, outros componentes do custo não acompanharam essa redução.

Por exemplo, o percentual médio de queda dos gastos com fertilizantes para produção de soja foi de 24,10% no 1º semestre de 2023, os herbicidas 23,30%, inseticidas 3,60%, fungicidas 0,90% e o custo operacional médio 13,80%.

Por outro lado, o preço da soja acumulou uma queda de 29,50% no mesmo período. Esse descompasso gerou a lentidão na negociação e preocupação para planejar a safra 2023/24.

Custos de produção

Para avaliar esse contexto, a equipe de pesquisa do Projeto Campo Futuro CNA/CEPEA grãos (PFC) analisou o Custo Operacional Efetivo (COE) da soja tolerante ao herbicida e resistente a lagarta para as regiões de Sorriso (MT), Rio Verde (GO), Cascavel (PR) e Carazinho (RS).

Em linhas gerais, a estimativa de custo de produção para a soja para a safra 2023/24 deverá ficar superior ao valor médio das últimas cinco safras nas quatro praças avaliadas, tendo a região de Carazinho (RS) a menor diferença entre a estimativa para a safra 2023/24 e a média das últimas cinco safras.

Essa região registrou duas safras seguidas (2021/22 e 2022/23) de quebra de produção devido à seca provocada pelo La Niña. A safra 2022/23 foi desastrosa para os produtores gaúchos, pois se registrou o maior custo médio real para a soja da série histórica do PCF e, por outro lado, quebra de safra e queda do preço médio da saca da oleaginosa. Para 2023/24, estima-se a necessidade de 38,8 sacas de soja para saldar o custo operacional efetivo e 66 sacas para o custo total contra uma produtividade média de 54 sacas por hectare.

Nas outras três regiões produtoras avaliadas, o custo operacional médio real de produção da soja por hectare da safra 2022/23 foi a maior da série histórica do PCF. Houve dois fortes aumentos no grupo de insumos como os fertilizantes e herbicidas, que impulsionaram o custo de produção da temporada.

O COE médio em saca de soja ficou em 53,7 sacas de soja para Sorriso (MT), 48,6 para Rio Verde (GO) e 41,26 para Cascavel (PR) para a safra 2022/23.

Para o ciclo 2023/24, a estimativa para a temporada 2023/24 do COE ficou em 52,3 sacas de soja por hectare para região de Sorriso, 46,6 sacas para Cascavel e 45 sacas para Rio Verde.

Segundo o CEPEA, os valores médios do COE para a safra 2023/24 tem deixado muitos produtores preocupados, pois suas margens reduziram drasticamente, o que, por sua vez, diminui a sua capacidade de investimento.

Fonte: Globo Rural
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