Vendas de seguro rural aumentam 43% até agosto, totalizando R$ 6.2 bilhões

O seguro rural tem apresentado um grande desempenho em 2021. De janeiro a agosto, as vendas chegaram a R$ 6.2 bilhões, um aumento de 43% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados compilados pela Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais (CNSEG), com base nas estatísticas da Superintendência de Seguros Privados (Susep).

A participação do seguro rural no Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário passou de 0,07%, em 2000, para 1,60% em 2020. Muitas ações explicam o impulso: tecnologia, investimento em produtos e canais de vendas e elevação do subsídio governamental. Mesmo assim, há um caminho a percorrer.

Apenas 19,70% da área plantada foi coberta por seguro em 2020. Foram 232.989 de apólices emitidas em seguros agrícola, de pecuária, florestas e aquícola, que compõem o seguro rural passível de apoio no Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). Nos EUA, são 80% da área cultivada.

“A experiência brasileira com PSR tem apenas 15 anos e países como EUA e Espanha levaram mais de quatro décadas para amadurecer e chegar na massificação que vemos hoje”, disse Pedro Loyola, diretor do Departamento de Gestão de Riscos do Ministério da Agricultura (Mapa).

Segundo ele, em 2018, 11 empresas, entre seguradoras e resseguradoras, atuavam no mercado. Hoje são 15 e a expectativa é chegar a 18 em 2022.

Indenizações

De janeiro de 2019 até julho de 2021, as seguradoras habilitadas no PSR pagaram aos agricultores R$ 7.2 bilhões em indenizações.

“Quem recebe a indenização contrata novamente e recomenda aos amigos, pois o benefício de ter uma folga financeira para esperar o novo plantio é vital para a sustentabilidade do negócio”, disse Laura Emília Dias Neves, CEO da AgroBrasil Seguros, braço agrícola da Essor Seguros.

A executiva pondera que os agrônomos são fundamentais no acompanhamento das normas no campo. “Preferimos conferir in loco e corrigir o que for necessário para que o produtor seja elegível ao seguro no momento da indenização”, disse.

Proteção financeira

Joaquim Neto, presidente da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), afirma que, mesmo sem o subsídio, o produtor tem contratado o seguro, pois já sentiu o benefício de uma proteção financeira que dê fôlego para esperar o novo plantio após perder parte da colheita por variações climáticas.

“A nossa luta está em aumentar o volume de subvenção do governo”, disse ele, que é superintendente de Produtos Agro da Tokio Marine Seguradora, que atua com 80 culturas agrícolas.

Tecnologia

Paulo Hora, superintendente de Seguros Rurais da Brasilseg, segmento que representa 44% dos prêmios emitidos pela seguradora que faz parte da BB Seguros, disse que o uso da tecnologia ajuda no sensoriamento remoto de lavouras.

“Além dos benefícios econômicos, há recursos que privilegiam as boas práticas do agricultor, ao permitir análises mais precisas de aspectos ESG (ambiental, social e de governança), verificando, por exemplo, se a propriedade avança sobre áreas de proteção ambiental ou de reservas legais.”

Seguro paramétrico

Outra aposta do setor é no seguro paramétrico, que prevê a quantidade de chuva e a estimativa de produção da área segurada.

“Esse seguro ainda é desconhecido, mas estamos avançando ao criar produtos que atendam a expectativa dos produtores nos riscos mais temidos. Estamos já com a média de duas cotações por semana”, afirmou Rodrigo Motroni, vice-presidente da Newe Seguros.

A companhia lançou a primeira apólice de seguro paramétrico para o cacau na Bahia, em parceria com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a Wiz Corporate Partners, a Dengo Chocolates e a ZCO2/BlockC, startup brasileira que desenvolveu uma plataforma em blockchain para emitir Certificados de Energia Renovável (RECs, em inglês).

A iniciativa também contou com o apoio do Instituto Arapyaú. No momento, há duas apólices para a soja desenhadas em parceria com uma cooperativa do Paraná.

O paramétrico está em fase de estudo na Allianz no Brasil, mas integra o portfólio do grupo em outros países. “Temos expertise no tema, mas precisamos primeiro entender a necessidade local”, disse Karine Barros, diretora executiva de negócios corporativos e saúde.

“Os problemas climáticos da safra 2020/21 certamente vão gerar aumento da demanda por seguros agrícolas”, disse Fabio Damasceno, head de agronegócio da Fairfax Seguros Brasil (FF Seguros).

 

 

Fonte: Valor

Equipe SNA

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