Venda soja e segure o milho: entenda porquê

A soja está com seus preços elevadíssimos e com altíssima lucratividade. Estes dois fatores reduzem um pouco as chances de altas muito grandes daqui para frente, indica a consultoria TF Agroeconômica. Ao contrário do trigo e do milho, que têm forte potencial de elevação dos preços no primeiro semestre de 2021. “Se precisar de dinheiro, venda soja e segure o milho e o trigo”, recomendam os analistas.

Com chances reduzidas de novas grandes altas, explica a equipe da TF, o foco deve ser a lucratividade. “Entendemos e aprovamos o receio que os agricultores têm em fazer novas vendas, diante da incerteza quanto à sua real produção neste ano, em face dos problemas climáticos desta safra, com o vai e vem da seca que está atrasando a colheita em relação ao seu ritmo histórico”.

Com tudo isso, concluem os analistas, “nossa recomendação continua sendo a de manter o foco na lucratividade, que está em 52,66% e não no preço, que geralmente é enganoso”.

Fatores de alta

  • Temporais de granizo no Sul podem afetar lavouras plantas, sem chance de replantio;
  • O dólar deverá se manter alto no ano, devido ao aumento das tensões políticas pré-eleição, à falta de encaminhamento das reformas e indecisões quanto à vacinação no Brasil;
  • Queda da disponibilidade de milho, aumentando fortemente a demanda por farelo de soja, que já está mais caro que a soja. Mas essa alta deverá vigorar até a entrada mais forte da colheita;
  • Altas de Chicago, com a demanda chinesa se dirigindo para aquele país, em face do atraso da colheita brasileira.

Fatores de baixa

  • Início da vacinação no Brasil. Capenga, mas iniciando, fator fraco de baixa;
  • Chuvas no Brasil. Melhorando a situação de estados importantes do Centro-Oeste;
  • Queda do dólar (na semana) que pressionou os preços, mas deve voltar a subir, pelos motivos expostos acima. Não deve cair abaixo dos R$ 5,00 neste ano e o mais provável é que a média fique acima dos R$ 5,25 no ano;
  • Início iminente da colheita (já começou no MT e deverá começar no MS, PR e Centro-Oeste em breve), que sempre pressiona os preços, embora mais de 65% da safra já esteja vendida.

Milho: aumento de produção

O Brasil precisaria aumentar em pelo menos 10% a sua produção anual de milho para atender às demandas, aponta a TF Agroeconômica. O relatório do USDA desta semana deixou claro um fato muito positivo para os agricultores brasileiros: há muito espaço para aumentar a produção de milho safrinha no Brasil, que é produzida na entressafra americana, explicam os analistas.

O mais importante, apontam eles, é a grande necessidade de aumentar a produção de suínos na China e na Europa, que voltou a sofrer com Peste Suína Africana e teve que abater mais de seis milhões de cabeças nesta semana. Isso deverá gerar demanda extra por, pelo menos, mais dois anos.

Na avaliação dos técnicos da TF, este aumento poderia ser de, pelo menos, 10% acima da área atual plantada no Brasil. “O país tem terra, maquinário, dinheiro e mão de obra especializada para isso”.

Ao contrário da soja, o milho tem forte tendência de alta no primeiro semestre de 2021, podendo chegar a R$ 95,00/saca em junho ou julho, diante da grande escassez do produto no Brasil e no mundo e da grande demanda no Brasil e no mundo.

A lucratividade estaria por volta de 50,29%, com os custos de produção da segunda safra em R$ 47,24 e preços pagos ao produtor de R$ 71,00/saca. “Foque no lucro e não no preço”, conclui a equipe da TF.

Fatores de alta

  • Forte redução dos estoques mundiais: o USDA reduziu em 5.13 milhões de toneladas a produção mundial e em 3.83 milhões de toneladas os estoques finais de milho nos EUA. No Brasil foram reduzidos em mais 1 milhão de toneladas;
  • Grande escassez de produto no Brasil, cujos estoques finais foram reduzidos novamente pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) para 7.33 milhões de toneladas, contra 10.84 milhões de toneladas da safra anterior;
  • Grande demanda por carnes, que aumentou a demanda por milho;
  • O dólar subiu 2% nas duas primeiras semanas de janeiro e tende a continuar elevado, apesar da queda desta semana.

Fatores de baixa

  • Colheita da safra de verão: fator fraco, porque a colheita foi menor do que se esperava, em razão de problemas de seca nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que também são grandes consumidores. O País já havia plantado uma área menor;
  • Plantio de uma área maior de milho safrinha. Com o início da programação da próxima safra de inverno no Brasil, os números deverão ter impacto na tendência dos preços, uma vez que podem suavizar, a partir de junho/julho, as necessidades dos consumidores, grandes e pequenos.

 

 

Fonte: Agrolink

Equipe SNA

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