Vem aí “novo ataque” do trigo russo ao Brasil

O analista da consultoria Trigos & Farinhas, Luiz Fernando Pacheco, projeta uma nova ofensiva comercial do trigo russo no Brasil. O especialista destaca que executivos do Centro de Segurança de Qualidade de Grãos da Rússia indicaram que as próximas metas para o cereal de inverno de seu país são China, Nigéria e Brasil.

“Esta medida faz parte do planejamento russo, feito em 2001, de se tornar o maior exportador de trigo do mundo até 2020. Este objetivo foi conseguido em 2015, quando as exportações do país superaram as dos EUA, mas, naturalmente, eles querem ocupar todos os espaços possíveis”, disse Pacheco. “Atualmente a Rússia exporta cerca de 38.5 milhões de toneladas contra 27 milhões de toneladas dos americanos”.

Os preços do trigo da Rússia estão, nesta semana, ao redor de US$ 210,00 a tonelada o trigo, com 12,5% FOB nos portos do Mar Negro. O frete até o Brasil seria de cerca de US$ 36,00 a tonelada, o que daria algo ao redor de US$ 244,00 a tonelada sem as taxas de importação. Com elas, subiria para R$ 277,00, contra os atuais US$ 273,00 a tonelada do trigo argentino, que é melhor e mais adaptado ao nosso país.

“Contudo, o problema do trigo russo não é apenas de preço, mas de qualidade e de fitossanidade. Testes realizados pelo Departamento de Sanidade do Ministério de Agricultura nos portos vetou a entrada do produto no país, porque não obedece às exigências brasileiras de fitossanidade”, afirmou o analista da T&F. “Precisaria mudar a legislação e, depois, convencer os moinhos de que comprar trigo russo é melhor do que comprar trigo argentino”.

Segundo Pacheco, “o trigo russo já teria autorização desde longa data para entrar no Brasil, com a única restrição de que deveriam ser utilizados somente os portos do Rio de Janeiro para cima. E, muitas vezes, ele seria até mais barato”, explica. “Mas, justamente devido à qualidade e à questão panificadora do trigo (diferente da do trigo argentino), os moinhos brasileiros preferem fazer suas compras de trigo nas Américas, do Sul e do Norte”.

 

Fonte: Agrolink

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