O valor bruto da produção das principais culturas agrícolas deve atingir em 2012 o recorde de R$ 235,7 bilhões, segundo dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O resultado é 3,5 % superior ao do ano passado. “Vamos bater um recorde com louvor. Mais de 20 milhões de toneladas de milho devem ser exportadas até 31 de dezembro, visto que o nosso melhor número anterior foi de 10.9 milhões em 2009/10, a despeito de todas as limitações logísticas que estamos enfrentando”, comemora o diretor da SNA Fernando Pimentel.
Os resultados regionais confirmam os aumentos de valor ocorridos nas regiões Centro Oeste, de R$ 70,5 bilhões (alta de 33,5%); Norte, R$ 7,4 bilhões (+9,8%), e Nordeste, R$ 25,8 bilhões (+13,7%).
As projeções para 2013 mostram que o aumento do valor da produção pode ser 25% superior ao obtido este ano, chegando a R$ 296,4 bilhões. Um dos destaques do estudo, elaborado com base nas estimativas de safra de novembro, é o expressivo aumento de 52% previsto para o valor da produção da soja no próximo ano, estimado em R$ 104,3 bilhões.
Leia a seguir uma entrevista com Fernando Pimentel sobre o tema.
SNA : Como o senhor analisa o resultado do valor bruto da produção das lavouras para este ano?
FP : Considerando a metodologia usada para se calcular o VBP, que vem da multiplicação da Área, Produtividade e Preço Médio do Produto, é de se esperar que a influência das culturas do milho e da soja tenha um peso maior na análise. Nessa safra, as duas culturas foram favorecidas pelas quebras de safra no hemisfério norte , sobretudo nos EUA. As perdas no trigo na Europa também tiveram reflexo. Apesar de termos perdido produtividade por seca no Sul, os impactos dos efeitos externos mais que compensaram as perdas na produção. A elevada liquidez e a antecipação de vendas da safra de inverno de milho, que em grande parte será exportada, são a grande novidade na safra 2012. Vamos bater um recorde com louvor, mais de 20 milhões de toneladas de milho devem ser exportadas até o último dia deste ano, visto que o nosso melhor número anterior foi 10,9 milhões na safra 2009/10, a despeito de todas as limitações logísticas que estamos enfrentando.
SNA : Quais são as perspectivas para 2013? Na sua opinião, que culturas devem ser destaque?
FP : Seguimos com as mesmas culturas , soja e milho em destaque, já que estão “roubando” área das outras em função das boas margem e liquidez. Se confirmarmos uma boa safra no hemisfério sul, com crescimento na Argentina, Brasil e Paraguai, os preços não devem se sustentar nos patamares atuais de US$ 14,50/bushel para soja e US$ 7,50/bushel para o milho, valores na Bolsa de Chicago. Mas o ponto importante é que, como os estoques mundiais estão relativamente baixos, o mercado fica muito sensível a qualquer notícia de quebra, por menor que ela seja. Então vamos ter um período de forte volatilidade pela frente, que pode trazer o mercado acima dos US$ 17,00/bu, para a soja, ou acima de US$ 8,00/bu, no caso do milho, se tivermos alguma perda na estimativa de safra atual publicada no ultimo relatório do USDA em 11/12.
SNA : Que produtos devem ser menos rentáveis para os produtores em 2013?
FP : É uma pergunta difícil, mas os produtos que dependem muito do frete, o maior vilão em 2013, serão os que terão maior impacto nas suas receitas, como milho, arroz, feijão e soja. Sem dúvida, as margens dos produtores serão impactadas pelas recentes medidas da ANTT sobre o transporte rodoviário, que definiram as paradas e a dedicação dos motoristas de caminhões, e que já elevaram o frete de agosto para cá em 35%. As perdas acumuladas nas exportadoras que perderam nos produtos já comprados e que ainda não haviam sido transportados para o porto geraram fortes prejuízos em sua conta frete, que sem dúvidas serão pagos em “suaves prestações” pelos produtores. 2013 será o ano em que o produtor sentirá a importância de ter seu próprio armazém, pelo menos aqueles que já tiverem escala para justificar tal investimento.