O comércio mundial de carne irá crescer em torno de 22% até 2023. É o que indica o relatório de projeções de longo prazo para a produção e demanda mundial divulgado este mês pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). O Brasil é apontado como o principal exportador de carne bovina no período.
O relatório, também chamado de baseline, indica que o consumo mundial de carne deve aumentar 1,9% por ano durante o período de 2014-2023, sendo que os embarques dos principais exportadores deverão crescer 2,2% ao ano.
As exportações de carne bovina, suína e de frango devem aumentar, respectivamente, 2,8%, 1,6% e 2,0% por ano. Durante o período, as exportações de carne bovina irão aumentar em 2,2 milhões de toneladas, de carne suína em 1 milhão de toneladas e de frango em 2 milhões de toneladas.
Importações por país
Embora o comércio mundial aumente, as importações de carne da Rússia tendem a diminuir, como resultado de políticas internas que estimulam a produção doméstica de carne e que coíbem as importações.
As exportações de carne bovina de países asiáticos, principalmente da Índia, aumentaram acentuadamente a partir de 2009. A demanda dos países em desenvolvimento por carne bovina de baixo preço da Índia deve continuar a crescer em ritmo acelerado. As exportações da Índia irão responder por 36% do aumento das exportações mundiais de carne bovina, de acordo com o USDA.
A Austrália é atualmente o segundo maior exportador mundial de carne bovina, depois do Brasil. O rebanho bovino australiano está em uma fase de recomposição e suas exportações devem se estagnar durante a próxima década. Nas projeções do USDA, as exportações da Austrália são superadas pelas da Índia e dos Estados Unidos e o país se torna o quarto maior exportador.
Para o Brasil, as projeções não indicam mudanças na propagação da febre aftosa em rebanhos. No entanto, as exportações de carne suína devem se manter competitivas em mercados guiados por preço, como Rússia, China e Hong Kong. O Brasil também deve manter sua posição de maior exportador de frango, devido aos custos competitivos de produção, e deve responder por 46% do aumento nas exportações mundiais de frango.
O rebanho de gado do Canadá sofreu uma redução significativa nos últimos anos, mas os pecuaristas devem tentar recompor seu volume de animais. Como resultado, as exportações de carne do Canadá estão projetadas para aumentar de forma constante, embora não devam ultrapassar os níveis da última década.
O rebanho da Argentina está se recuperando de uma forte redução provocada pelas restrições nas exportações em 2005. Para o período de 2014-2023, a expectativa é que suas exportações voltem a crescer lentamente.
Beef imports
Entre 2014 e 2023, as importações dos principais países compradores de carne bovina devem crescer em média 2,3 milhões de toneladas (34%) e alcançar 9,1 milhões de toneladas.
As exportações de carne bovina de preço baixo da Índia e do Brasil para países em desenvolvimento respondem por quase 2/3 do crescimento projetado do comércio mundial de carne bovina.
Durante os próximos 10 anos, as importações de carne bovina pela Rússia devem flutuar em torno de 1,2 milhões de toneladas, já que a demanda interna será compensada pela expansão da produção doméstica. A Rússia se mantém um importante mercado para as exportações de carne da União Europeia e da América do Sul.
As importações de carne bovina pela China e por Hong Kong devem crescer 55% na próxima década, já que o aumento da renda média e da demanda por carne deve aumentar a produção doméstica.
As importações de gado alimentado com grãos por países mais ricos devem crescer de forma constante. As exportações de carne bovina dos Estados Unidos para estes países devem começar a crescer a partir de 2014.
As importações de carne bovina dos Estados Unidos, principalmente de gado alimentado a pasto, que geram carne magra para a produção de carne moída e outros produtos processados, devem aumentar lentamente no período projetado. Os Estados Unidos devem se tornar o maior importador de carne bovina do mundo e responder por 13% do aumento das importações mundiais.
O Oriente Médio, com uma população que cresce em ritmo relativamente alto, e a Ásia, com grande aumento de renda, devem se tornar importantes mercados para a carne bovina. Juntas, as duas regiões respondem por quase 2/3 do aumento das importações mundiais de carne até 2023.
O crescimento acelerado das importações de carne bovina pelo México deve prosseguir nos próximos anos. Grande parte das importações do México é de carne de alta qualidade, de gado alimentado com grãos, originário dos Estados Unidos.
Importações de carne suína
As importações mundiais de carne suína devem continuar aumentando em até 1,05 milhões de toneladas (aumento de 19%) entre 2014 e 2023.
O Japão deve se manter como o maior importador mundial de carne suína na próxima década, embora o crescimento se já pequeno, devido ao declínio e envelhecimento populacional.
As importações de carne suína pela Rússia devem registrar queda constante na próxima década, também como reflexo das políticas de estimulo da produção doméstica e redução de importações. Até 2023, as importações russas de carne suína estão projetadas para cair mais de 10%, para um volume de 0,8 milhões de toneladas.
Nas projeções, as importações de carne suína pela China e pelo México devem superar as importações da Rússia. Desde 2009, as importações de carne suína pela China cresceram acentuadamente e devem continuar a crescer de forma constante, em até 50%, atingindo 1,2 milhões de toneladas em 2023. O volume representa 2/5 do aumento das importações mundiais.
As importações de carne suína pelo México também devem registrar aumento de 0,3 milhões de toneladas (35%) entre 2014 e 2023, como efeito do crescimento da renda e da população. O país responde por quase 1/5 do crescimento global de importações de suínos na próxima década.
Alguns países ricos do Leste Asiático devem aumentar suas compras para atender a demanda por cortes selecionados. Juntos, Hong Kong, Japão e Coréia do Sul respondem por 1/4 do aumento mundial das importações de suínos.
As importações da América Central e da região do Caribe estão projetadas para crescer mais rapidamente que qualquer outra região, mas com um volume menor. O aumento da renda e da população, aliados a uma limitação de produção, irão provocar uma maior demanda.
Importações de carne de frango
As importações de carne de frango são projetadas para aumentar em 2,2 milhões de toneladas (30%) durante a próxima década, atingindo quase 10 milhões de toneladas até 2023. O forte crescimento das importações é projetado para grande parte do mundo, exceto na Rússia e no Japão.
As importações de frango pela África e pelo Oriente Médio representam atualmente 47% do comércio mundial. O possível aumento da renda e da demanda, aliados a redução da produção, por conta do registro de doenças em animais em vários países, devem alavancar as importações. O crescimento das importações da região é responsável por quase 80% do aumento das importações mundiais entre 2014 e 2023.
O aumento de renda deve alavancar a demanda por frango no México e na América Central e Caribe. Produtos avícolas permanecem mais baratos que carne bovina e suína, estimulando ainda mais a demanda. A produção de frango no México continua a aumentar durante o período de projeção, mas sobe a um ritmo mais lento do que o consumo, fazendo com que as importações subam mais de 500 mil toneladas (65%).
As importações de frango pela Rússia devem cair de forma constante, por conta das políticas internas e do estimulo para a produção doméstica. Os altos preços do frango e o crescimento lento da renda média devem inibir o consumo per capita de aves.
O aumento do consumo de frango na China deve ser atendido pelo crescimento da produção doméstica. Por outro lado, o aumento das exportações de carne de frango pelo país supera ligeiramente o aumento das importações.
Produção e consumo de carne nos Estados Unidos
A pecuária dos Estados Unidos está se recuperando lentamente de altos preços da ração e da seca na região das Planícies do Sul, ao longo dos últimos anos. Remunerações mais altas incentivaram o aumento da produção no setor, como resultado, a produção de carne bovina e de aves deverá aumentar ao longo do período de projeção, assim como o consumo interno.
EUA: Carne bovina
O número de cabeças de gado de corte deve aumentar de 29 milhões em 2014 para mais de 33 milhões entre 2022 e 2023. Já o volume total de animais deve sair de 88 milhões de cabeças em 2014 e atingir 96 milhões em 2023. O aumento do abate também contribui para o aumento da produção de carne bovina em longo prazo.
EUA: Carne suína e de aves
Com a queda dos custos da ração e os ganhos de produtividade, a produção de suínos deve aumentar ao longo da década.
A produção de aves também está projetada para aumentar no período, mas em volumes menores em relação ao período de 1980 e 1990, tanto para frango quanto para peru. O aumento da demanda deve aumentar os preços da carne de frango, embora esta deva sofrer concorrência com a carne bovina, devido ao aumento de produção.
Fonte: Notícias Agrícolas