USDA: Analistas avaliam o relatório conservador e a forte queda da soja

O USDA chegou e os vencimentos mais negociados da soja na Bolsa de Chicago fecharam o pregão em baixa de 27,25 a 32,50 centavos, com o agosto cotado a US$ 14,44¼ e o novembro, referência para a safra americana, a US$ 13,27¾ por bushel. Foram mais de 2% de baixa somente neste pregão, com um forte movimento de liquidação de posições, com o mercado devolvendo boa parte dos ganhos dos últimos dias.  O farelo e do óleo também fecharam em baixa de 2% e 1%, respectivamente, nos vencimentos mais negociados.

Os números divulgados pelo USDA para a safra 2023/24 vieram acima das expectativas do mercado e exerceram uma pressão considerável sobre as cotações nesta quarta-feira (12). Embora a produção tenha sido revisada para baixo, em virtude das menores áreas plantadas e colhidas, a produtividade foi mantida e surpreendeu os traders.

A produção de soja dos Estados Unidos caiu de 122,74 milhões para 117.03 milhões de toneladas, o que promoveu também uma queda nos estoques finais da oleaginosa, que passaram de 9.53 milhões para 8.16 milhões de toneladas, também acima do intervalo esperado.

Além disso, o mercado ainda enfrentou números menores também do lado da demanda, com o USDA diminuindo as suas estimativas para as exportações e esmagamento de soja nos Estados Unidos, bem como reduziu também as importações de soja pela China de 100 milhões para 99 milhões de toneladas.

O Notícias Agrícolas ouviu alguns analistas para que trouxessem as suas opiniões sobre o relatório mensal de oferta e demanda do USDA de julho, seus impactos sobre os contratos futuros em Chicago e, principalmente, para os preços no mercado brasileiro.

Ronaldo Fernandes, Royal Rural

Para o analista da Royal Rural, Ronaldo Fernandes, o relatório consolidou o movimento de baixa “pelo menos até agosto”, não só para a soja, mas também para o milho, lembrando que o relatório de julho é mais conectado às perspectivas de área, do que efetivamente de produtividade. “Esse julho de 2023 vinha um pouco diferente porque começou com essa seca, depois melhorou. E esse relatório tinha essa expectativa maior com a produtividade por conta dessa peculiaridade com o clima”, disse.

Assim, Fernandes reforça que o relatório que o mercado entende, realmente, que o relatório que, de fato, indicará qual será o tamanho da produção e da produtividade será o de agosto.

Matheus Pereira, Pátria Agronegócios 

“O USDA de hoje foi um relatório decepcionante para a soja”, disse o Diretor de Pátria Agronegócios, Matheus Pereira. As reduções de área vieram em linha com a NASS, a agência do USDA que trouxe as alterações de área no final do mês passado, mas a produtividade, explica o executivo, deveria ter sido reduzida. “Ainda percebemos um tom bem negativo, que sangrou o mercado hoje, deve sangrar nos próximos dias. E vale lembrar que a após o feriado de 4 de julho, o mercado tende a assumir uma tendência na divulgação das estimativas consecutivas do USDA”, disse Pereira.

Dessa forma, este relatório de julho tem um espaço considerável entre o caminhar das cotações até a colheita nos Estados Unidos. “Por isso, nós tememos que o mercado da soja justifique novas quedas, seguindo uma tendência sazonal. Vamos com paciência, mas é um relatório baixista sim”, disse.

Vlamir Brandalizze, Brandalizze Consulting

“Ontem dissemos que o USDA pode ser conservador e ele foi conservador. Foi USDA, e o mercado achou que ele poderia ser moderno, e liquidou. Mais de 2% de baixa”, disse o consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. O especialista reforça que a safra americana está fragilizada, porém, o conservadorismo do USDA não permite corrigir tudo de uma vez a sua estimativa. “E isso deu um susto”.

E assim como os demais analistas, destacou a manutenção da produtividade norte-americana em 58,28 sacas por hectare. “O USDA não olhou as lavouras, que estão ruins. E o produtor pode ficar tranquilo que a safra americana não é essa, vai ser menor. Mas o USDA é conservador e deu um banho de água fria no mercado”.

Fonte: Notícias Agrícolas
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