Universidade Brasileira do Leite pode abrir portas para novos mercados no exterior

Diretor da SNA, Alberto Figueiredo diz que “a iniciativa (de criar a Universidade Brasileira do Leite) favorecerá a oferta, ao mercado interno, de produtos diversificados e sintonizados com os melhores padrões nutricionais e de higiene”. Foto: Raul Moreira/Arquivo SNA
Diretor da SNA, Alberto Figueiredo diz que “a iniciativa (de criar a Universidade Brasileira do Leite) favorecerá a oferta, ao mercado interno, de produtos diversificados e sintonizados com os melhores padrões nutricionais e de higiene”. Foto: Raul Moreira/Arquivo SNA

A Associação Brasileira das Pequenas e Médias Cooperativas e Empresas de Laticínios (G100), em parceria com a America Academic Center (AAC), acaba de lançar um projeto educativo para capacitação do setor lácteo nacional. Trata-se da Universidade Brasileira do Leite, uma plataforma virtual voltada para a educação corporativa, com o objetivo de estimular a qualificação profissional e o desenvolvimento de negócios no segmento.

Em tempos de crise econômica e falta de estímulo para a produção leiteira nacional, a novidade deve possibilitar a abertura de novos mercados para o Brasil no exterior. É o que observa o diretor da Sociedade Nacional de Agricultura Alberto Figueiredo, que também representa a SNA na Câmara Setorial do Leite e Derivados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

“Apesar de termos pela frente um árduo caminho de tomada de decisões em relação ao leite, a iniciativa de oferta de uma plataforma virtual para a capacitação dos envolvidos no setor pode, pela melhoria em médio e longo prazos dos padrões de qualidade do que produzimos, possibilitar a chance de conquista de novos mercados no âmbito internacional, e de oferta , ao mercado interno, de produtos diversificados e sintonizados com os melhores padrões nutricionais e de higiene”, diz.

O projeto vai oferecer cursos de curta duração à distância, permitindo a realização de atividades interativas. O primeiro, sobre a qualidade do leite, está programado para setembro. O conteúdo das disciplinas tem como propósito, além de capacitar, manter atualizados os profissionais da indústria de laticínios que, por estarem geralmente afastados dos grandes centros, têm dificuldades de acesso a programas de treinamento –  ainda que empresas de grande porte possam promover alguma capacitação.

Neste caso, a praticidade dos cursos à distância poderá atrair um número maior de interessados. “Esse esforço visa a atender a todos, consumidores e indústria, da forma mais qualificada possível”, sinaliza o diretor executivo do G100, Wilson Massote.

 

 

 

DIFICULDADES

O diretor da SNA afirma que o Brasil tem dificuldades no comércio exterior de lácteos, com exceção para eventuais necessidades não atendidas por exportadores tradicionais.

“Se por um lado a União Europeia e o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio, o Nafta, protegem comercialmente os países envolvidos, o Brasil se restringe ao Mercosul, enquanto acordo comercial bilateral, onde, no setor lácteo, Argentina e Uruguai, se classificam como exportadores, estando o Brasil no balaio dos importadores, junto com a Venezuela e o Paraguai”, ressalta Alberto Figueiredo.

Segundo ele, também há entraves no mercado interno: “Observamos forte pressão dos valores dos insumos, principalmente em relação ao milho e à soja,  sobre o custo de alimentação suplementar do rebanho leiteiro, aumentando os custos, que nem sempre têm sido compensados com o aumento de remuneração”.

 

Em resumo, a realidade do Brasil no setor lácteo, para Figueiredo, não é das melhores: “Pelo lado do produtor, há baixa produtividade média, uso insignificante de agricultura de produção de alimentos mais econômicos nas fazendas e falta de integração com os compradores ou mesmo cooperativas. Pelo lado das indústrias, percebemos ociosidade nas plataformas e aumentando custos de industrialização”.

Quanto ao comércio exterior, ele reafirma que “o Brasil está praticamente fora do mercado, seja por inércia do próprio setor ou pela falta de uma política internacional adequada por parte do poder público, no que diz respeito às relações diplomáticas de interesse econômico”. “Diante desse cenário, há um desestímulo à produção”, afirma.

 

ESTATÍSTICAS

De acordo com analistas do setor, o custo de produção do leite registrou incremento de quase 30% entre junho de 2015 e o mesmo mês de 2016, enquanto o valor pago ao produtor foi reajustado em patamares inferiores a 20%. O desestímulo à produção já se reflete nas estatísticas, que aponta uma tendência de índices negativos de captação de leite pelas indústrias desde meados de 2015, com maior evidência no primeiro semestre de 2016.

Somente este ano, o valor do leite UHT no atacado já experimentou aumento de quase 60% – índice em parte absorvido pelos varejistas, que repassaram aos consumidores menos da metade desse percentual.

“Isso se deu pela estagnação da economia brasileira, que diminuiu o poder de compra dos consumidores, por um lado, e pela estratégia de uso pelas grandes redes, das promoções com leite para atrair consumidores para suas lojas”, explica Figueiredo.

Mais informações sobre a Universidade Brasileira do Leite: www.g100.org.br

 

Por equipe SNA/RJ

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