Um dos fundadores da Embrapa Instrumentação, Silvio Crestana recebe homenagem em São Paulo

“Só fazemos o que fazemos porque nós temos pessoas ao nosso lado, que têm ideais e que acreditam que o País tem futuro. O futuro do Brasil precisa ser construído rápido”, afirmou o pesquisador Silvio Crestana, um dos fundadores, há 30 anos, da Embrapa Instrumentação, durante o Siagro 2014. Foto: Divulgação
“Só fazemos o que fazemos porque nós temos pessoas ao nosso lado, que têm ideais e que acreditam que o País tem futuro. O futuro do Brasil precisa ser construído rápido”, afirmou o pesquisador Silvio Crestana, um dos fundadores, há 30 anos, da Embrapa Instrumentação, durante o Siagro 2014. Foto: Divulgação

 

Um trio de jovens pesquisadores talvez não imaginasse, 30 anos atrás, o quanto o agronegócio no Brasil passaria por uma profunda revolução e hoje o País seria apontado como uma das principais nações fornecedoras de alimentos para o mundo. Silvio Crestana, Paulo Cruvinel e Paulo Valim, liderados pelo físico Sergio Mascarenhas e apoiados por Eliseu Alves, presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária em 1984, foram responsáveis pela implantação da Embrapa Instrumentação, no município de São Carlos (SP).

De lá para cá, a unidade de apoio à pesquisa, criada inicialmente para suprir a manutenção de equipamentos de toda a estatal, cresceu em tamanho e principalmente em número de pessoas talentosas que fazem parte da equipe, composta por 30 pesquisadores doutores (vários com pós-doutorado) com formação multidisciplinar, analistas, técnicos e assistentes.

A data comemorativa foi lembrada na abertura do Simpósio Nacional de Instrumentação Agropecuária (Siagro), que termina no dia 20 de novembro. “Só fazemos o que fazemos porque nós temos pessoas ao nosso lado, que têm ideais e que acreditam que o País tem futuro. O futuro do Brasil precisa ser construído rápido”, afirmou Crestana, durante abertura do evento. Ele é um dos organizadores do encontro, promovido pela Embrapa Instrumentação.

Ainda na abertura do evento, o pesquisador recebeu uma homenagem surpresa em forma de texto emoldurado, escrito pelo colega Marcos David. Também fizeram parte do momento: Sergio Mascarenhas, o ex-presidente da estatal Eliseu Alves, além de Klaus Reichardt (professor aposentado da USP, parceiro da Embrapa Instrumentação desde a década de 80); Roberto Cesareo (professor da Universidade de Sassaria, na Itália, e parceiro da Embrapa Instrumentação desde os anos 80); e Donald Nielsen (pesquisador norte-americano, parceiro do mesmo órgão desde os primeiros trabalhos, que não pode comparecer,  mas foi representado pelo presidente da Sociedade Americana de Ciência do Solo, Jan Hopmans).

O texto de David aos fundadores da Embrapa Instrumentação conta: “Um dia, um tempo atrás, surgiu um sonho, um sonho de dia. Diferente dos sonhos da noite, os do dia têm muitas vezes propósitos e podem se concretizar ou não, em pequenos momentos: 30 segundos, 30 minutos, 30 horas, 30 dias ou, em maiores tempos, 30 meses ou 30 anos.  O sonho que agora contamos começou há 30 anos, aqui perto, na USP, e veio de um professor e três alunos, e atravessou a praça e parou ali perto. Um dos três tinha recém-completado 30. Sonhos não vêm com o vento, e sim com quem tem tento e parou logo aonde era uma rádio que levava noticias e conhecimento para toda a cidade, mas começou a levar ciência, a prima nobre do conhecimento, não só para a cidade, mas para uma atividade tão quanto importante, ilustre, a agricultura, e se criou um instrumento único para esta finalidade, a instrumentação. E olha só, este sonho se instalou no 1452, que noves fora dá 3.  Dá até enredo de escola de samba!”.

O texto de David ainda acrescenta: “O sonho foi crescendo e hoje, dos três iniciais, já são 30 pesquisadores. Uma das três moças do RH, que deve ter uns 30 anos, me contou que chega até 300 estudantes e quase-quase 90 funcionários. Olha o três de novo! Nesses 30 anos que agora a Instrumentação completa, com certeza, mais de 30 dias, de tempestades, raios, nebulosidades e secas já se passaram, dias que não se sabiam se chegariam aos 30. Mas chegaram com muitas mudanças e na esperança que outros múltiplos de três se completem com desafios e sucessos, talvez um pouco diferente daquele sonho lá trás, menor em algumas coisas, mas maior em outras. Olha só, aquele moço de 30 do começo da história, trabalha aqui há 30, com muita ação e boa intenção, e foi até presidente da instituição, e fez na instrumentação 60, com muita emoção. Sonhos são infinitos, e com a sua força de impulsão constituem o concreto do dia a dia”.

Ao celebrar as três décadas de existência, o Centro de Pesquisa retoma um marco em sua história, o Simpósio Nacional de Instrumentação Agropecuária (Siagro) que ocorreu na década de 90.

“Fomos motivados diante da necessidade de superar os desafios da agricultura no que diz respeito à competitividade e sustentabilidade, à existência de instituições, grupos e redes de pesquisa maduros e consolidados no País, assim como outros emergentes”, argumentou Crestana.

 

EMBRAPA INSTRUMENTAÇÃO

Durante o Siagro 2014, a Embrapa Instrumentação mostrou que, para o avanço da fronteira do conhecimento e a geração de resultados que tenham impacto na sociedade, com inovação e sustentabilidade econômica, social e ambiental, a unidade de pesquisa atua basicamente com as seguintes linhas de pesquisa:

  • Manejo e Conservação do Solo e da Água: metodologias e equipamentos para determinação das propriedades físicas e químicas do solo; estudos da estabilidade da matéria orgânica no solo; estudos de substâncias húmicas; fertilizantes e condicionadores do solo; metodologias para avaliação do desempenho do plantio direto;
  • Agricultura de Precisão: desenvolvimento e validação de instrumentos e de tecnologias de informação; caracterização, monitoramento e manejo da variabilidade espaço temporal em sistemas de culturas anuais; caracterização, manejo e monitoramento de atributos do solo e da planta em sistemas de produção de plantas perenes e semi-perenes;
  • Meio Ambiente: utilização de resíduos agroindustriais e urbanos; sistemas FACE (Free-air CO2 Enrichment); sequestro de C em sistemas plantio direto; impactos da atividade agrícola sobre o meio ambiente; modelos espaciais de uso do solo para estudo de cenários da expansão da cana-de-açúcar;
  • Agroenergia: produção de enzimas para etanol de segunda geração; instrumentação para avaliação da qualidade de sementes para produção de biodiesel; instrumentação para avaliação da qualidade do biodiesel; processos e fermentadores para produção de enzimas;
  • Pós-Colheita: hidroconservador para vegetais e frutas; Wiltmeter® – medidor da pressão celular de folhosas; máquina para auxílio à colheita de tomates; máquinas descascadoras de frutos de casca dura como castanha de caju, castanha do Brasil; esfera instrumentada – processos industriais; máquina para classificação de batatas;
  • Nanotecnologia: desenvolvimento de sensores e biossensores; filmes, revestimentos comestíveis e embalagens funcionais para alimentos; bionanocompósitos; nanofertilizantes, novos materiais e processos em nanotecnologia e suas aplicações no agronegócio; estudo dos aspectos de segurança em nanotecnologia.

O SIMPÓSIO

A partir da do Simpósio Nacional de Instrumentação Agropecuária pretende-se propiciar um Fórum Nacional para:

  • Reunir a inteligência brasileira em agricultura, ciência e inovação, representada pelas lideranças acadêmicas, empresariais, estudantis e governamentais assim como investidores, tomadores de decisão e demais profissionais do Brasil envolvidos com os temas do Siagro 2014;
  • Estimular, apresentar e discutir o estado da arte da ciência, tecnologia e inovação em instrumentação agropecuária no Brasil e mundo, especificamente nos temas do Siagro 2014, por meio de trabalhos científicos e possíveis provas de conceito envolvendo tecnologias e inovações em fase final de desenvolvimento;
  • Estimular a implementação de cursos e treinamentos que preparem profissionais, de nível técnico e superior, com novo perfil, aptos a lidarem com os temas do Siagro, mais especificamente no tocante às tecnologias convergentes e à ciência, engenharia e gestão de sistemas complexos; estimular, também, a formação de profissionais com visão empreendedora;
  • Levantar e, se possível, contribuir para priorizar demandas do setor privado e público, em instrumentação agropecuária, com vistas a estabelecer prioridades de pesquisa e inovação e,
  • Elaborar um documento final com propostas de iniciativas de colaboração público-pública e público-privada em instrumentação agropecuária, com o estabelecimento de compromissos entre os diversos atores presentes, com o objetivo de contribuir para alavancar a competitividade e a sustentabilidade da agricultura brasileira.

Por equipe SNA/SP

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