A safra de trigo 2017 já iniciou, sendo que em algumas regiões do Paraná, onde as lavouras já estão no estágio de final de perfilhamento e início de alongamento, já se observam condições ideais para a ocorrência da mancha amarela.
Na região de Arapongas, no norte do Paraná, o volume de chuvas foi superior a 230 mm no mês de maio, o dobro da média história para o período. Com um agravante: a instabilidade pode continuar. Segundo o agrometeorologista da Rural Clima, Marco Antônio dos Santos, o motivo de tanta chuva e umidade é o aquecimento das águas equatoriais do Oceano Pacifico, junto ao aquecimento das águas do Atlântico na região Sul do Brasil. Essa combinação proporcionou um aumento médio de mais de 50% no volume de chuvas, entre abril e maio.
“Este aquecimento está formando um corredor de umidade sobre a região Sul do país, fazendo com que as frentes frias consigam ganhar amplitude e, assim, chuvas quase que diárias são observadas sobre as áreas produtoras de trigo. Além disso, devido ao aumento dos níveis de umidade do ar, associado às temperaturas mais amenas durante as madrugadas e manhãs, está ocorrendo um aumento das horas de orvalho”, disse Marco.
O fitopatologista da Biotrigo Genética, Dr. Paulo Kuhnem, esteve na região de Arapongas (PR) na última semana, onde observou a presença de orvalho nas folhas até às 11 horas da manhã em algumas lavouras. “Foram mais de 18 horas de presença de molhamento foliar que , aliado a temperaturas próximas a 20°C ao longo do dia, tornam o ambiente favorável ao desenvolvimento do fungo causador da mancha amarela”, afirmou.
Mancha amarela
A mancha amarela, segundo o fitopatologista, é uma das doenças mais importantes na cultura do trigo e que vem apresentando dificuldades no controle químico, principalmente em lavouras com alta intensidade da doença.
“A mancha é causada por um fungo que pode sobreviver nos restos culturais do trigo e nas sementes. Ao infectar a folha do trigo, o fungo produz toxinas que necrosam o tecido foliar, reduzindo a área fotossintética da planta. Sua incidência é maior principalmente nas cultivares moderadamente suscetíveis e também nas lavouras manejadas sobre a monocultura do trigo”, explicou o especialista.
Como evitar
A melhor forma de prevenir é utilizar sementes sadias e rotação de culturas, ou seja, evitar semear trigo sobre trigo ano após ano. Segundo Kuhnem, o ideal é, depois do trigo, plantar outra espécie que não seja hospedeira do fungo na palhada. A aplicação correta de nitrogênio também pode ser uma das ferramentas para conter a ação da doença.
“Observamos que as lavouras com maior fertilidade de solo apresentavam menor intensidade de mancha foliar. As aplicações de nitrogênio reduziram a severidade da mancha amarela”, disse.
Como controlar a mancha
Neste cenário, a recomendação é redobrar os cuidados e fazer a aplicação de fungicidas para evitar que se alcance uma intensidade onde o produto tenha sua eficiência de controle reduzida, compromentendo, por consequência, o rendimento dos grãos.
De acordo com o fitopatologista, em situações climáticas em que o clima não tem permitido o agricultor a entrar na lavoura para realizar a aplicação, as cultivares com maior nível de resistência à mancha possibilitam flexibilizar o manejo de fungicidas. Atualmente, o TBIO Sossego é o material mais resistente à mancha amarela que existe no mercado. “A cultivar não é imune, mas o tamanho da lesão dele é muito pequena”, afirmou Kuhnem.
Fonte: Biotrigo