Com a queda na produção de trigo da Argentina, o país perdeu espaço para a Rússia no mercado brasileiro, seu principal comprador, informou a Bolsa de Comércio de Rosário. De janeiro a setembro, 55% das compras do Brasil vieram do país vizinho, 23% da Rússia e 15% do Uruguai.
No mesmo período de 2022, cerca de 85% das importações brasileiras de trigo eram do produto argentino, enquanto o cereal russo não aparecia nos dados de importação, segundo dados da ComexStat compilados pela BCR. A participação média da Argentina no nosso mercado costumava girar em torno de 80% por safra, mas o produto russo com preços mais baixo se tornou mais atraente, indicou a Bolsa.
Segundo as estimativas da Bolsa, a oferta total de trigo argentino para o ciclo 2022/23 deve ser de 14.4 milhões de toneladas, menor volume desde 2013/14. A estimativa é consequência da queda robusta de 46% na produção anual, informou. Além disso, o país compete com um produto russo mais barato. “O gigante euroasiático estaria produzindo 92 milhões de toneladas e teve uma venda rápida por parte dos agricultores. Isso resultou em pressão sobre os preços e criou um mercado FOB competitivo, fechando no início desta semana a US$ 230,00/tonelada para o trigo russo com 12,50% de proteína, enquanto o trigo argentino atingiu US$ 300,00/tonelada”, informou a Bolsa em nota.
A diferença de preços entre os dois produtos teria ficado mais acentuada depois do início da guerra entre Rússia e Ucrânia, segundo a Bolsa, chegando a quase 600%, para uma diferença de US$ 154,50/tonelada. Agora, a diferença se estabilizou em US$ 75,00/tonelada. Desde o início da série histórica até fevereiro de 2022, quando a guerra começou, a cotação FOB argentina tinha uma média de US$ 11,00/toneladas acima da cotação russa.