Autor: Antonio Alvarenga, presidente da Sociedade Nacional de Agricultura
Tudo indica que, após um longo período de intensas discussões, os impasses serão superados e a Câmara aprovará o texto do novo Código Florestal, trazendo um pouco mais de tranquilidade e segurança aos produtores rurais -verdadeiros heróis de nossa economia.
É certo que a minoria, barulhenta e articulada, ficará inconformada. Não existe hipótese de se alcançar unanimidade em torno de um tema tão complexo.
As discussões são válidas e, mesmo que não tragam consenso, proporcionam um resultado final mais equilibrado. O importante é que, dentro das regras democráticas, vencerá a proposta da maioria.
A despeito desses saudáveis debates, causa-nos estranheza a forma irresponsável como alguns assuntos do agronegócio e do meio ambiente são tratados no Brasil. Há muita desinformação, emotividade, interesses e, em alguns casos, má-fé.
Nas questões ambientais, os alarmistas de plantão fazem previsões catastróficas sem base científica. E os ingênuos divulgam inverdades, motivados por um ideal conservacionista, sem qualquer reflexão sobre as teses que defendem com paixão extremada.
Por outro lado, alguns classificam a agropecuária como algo inferior. Talvez desconheçam que o agronegócio brasileiro é um setor moderno, eficiente e competitivo. Além de produzir alimentos em quantidade, qualidade e preço para sua população, vem respondendo ao desafio de atender às necessidades de alimentação do mundo.
Os resultados de nossa balança comercial são inequívocos. Em 2011, o agronegócio exportou US$ 94 bilhões, gerando um superávit superior a US$ 77 bilhões. É difícil imaginar o que seria de nossa economia sem esse vigoroso desempenho.
No ano passado, exportamos US$ 25 bilhões do complexo soja e US$ 15 bilhões de carnes. Exportamos ainda US$ 15 bilhões em açúcar, US$ 9 bilhões de papel, celulose e madeira e US$ 8 bilhões de dólares em café.
Há também aqueles que procuram denegrir a imagem dos produtores rurais – que interiorizaram o desenvolvimento brasileiro – com a pecha de “desmatadores”. Esses desavisados certamente desconhecem as diferenças entre desmatamento predatório e terra cultivada.
Na verdade, a esmagadora maioria dos 5 milhões de produtores rurais brasileiros têm consciência da necessidade de preservação ambiental. Ninguém preza mais os recursos naturais do que os agricultores. Eles sabem que a deterioração de suas terras significa perda da capacidade produtiva e, consequentemente, de seu patrimônio.
O caso da reforma do Código Florestal é emblemático. O bom senso prevalecerá e o novo código manterá um saudável equilíbrio entre a preservação ambiental e a produção rural. Proporcionará a recuperação de áreas degradadas e incentivará a economia verde.
Agora, nosso desafio no agronegócio será buscar maior agregação de valor nas cadeias produtivas e lidar com o mercado externo de forma mais eficiente, no que tange à logística exportadora e ao marketing internacional. Precisamos produzir e exportar, cada vez mais, com maior nível de industrialização.
Somos uma nação que precisa crescer, gerar emprego e garantir boas condições de vida à sua população. As oportunidades são claras e devemos aproveitá-las. O Brasil pode e deve tornar-se o maior produtor de alimentos e biocombustíveis do mundo, respeitando o meio ambiente e sua biodiversidade.
Fonte: Folha de S.Paulo, 21 de abril de 2012