Apesar das altas registradas neste ano na exportação de produtos brasileiros para China e EUA, mesmo os setores beneficiados criticam a guerra comercial entre os dois países por aumentar as incertezas no mercado. Ainda que identifiquem oportunidades, representantes dos exportadores e do governo são unânimes em dizer que preferem o comércio livre e que a disputa pode prejudicar as vendas brasileiras no futuro.
“No saldo líquido, o aumento de tensão comercial é negativo para o Brasil. Compromete o sistema multilateral de comércio, afeta a previsibilidade e a segurança jurídica e pode levar à redução do crescimento do comércio e da economia mundiais. Pode ter uma oportunidade em um ou outro setor, mas são pontuais”, disse o secretário do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Abrão Neto.
A avaliação é de que, ao mesmo tempo em que é possível ganhar mercados na China e nos EUA, o Brasil também pode acabar perdendo espaço para concorrentes chineses e americanos em outros países.
“Não estamos otimistas em relação à guerra comercial. Há um excesso de produção hoje e muitos países com medidas protecionistas. Temos uma grande preocupação de que o Brasil se transforme no lixo do resto do mundo”, afirmou o presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo Lopes.
O temor é compartilhado com outros setores. “Seria uma ótima oportunidade, mas o Brasil tem condições para competir mesmo sem a guerra comercial”, disse o diretor geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais, Sérgio Mendes. Segundo Ricardo Santin, da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), mesmo com os ganhos em curto prazo, o setor não aprova a escalada protecionista.
Fonte: O Estado de S. Paulo