O Centro de Previsão Climática do NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional) dos Estados Unidos elevou para até 75% as chances de ocorrência de um El Niño nos próximos meses, seguindo pelo inverno no hemisfério norte e verão no hemisfério sul. Os reflexos desse fenômeno são sentidos em diversos países.
“A previsão oficial favorece a formação de um El Niño fraco e consistente com o recente fortalecimento das anomalias do vento a oeste e tendências positivas de temperatura no oceano superficial e subsuperficial”, informou o Centro em sua previsão mensal para o El Niño.
Ainda segundo o serviço de metereologia, é provável que o El Niño se forme nos próximos meses e perdure até o inverno no hemisfério norte em 2018/19 com chances 70% a 75%. “Em geral, as condições oceânicas e atmosféricas refletiram o ENSO-neutro, mas com as tendências recentes indicativas de um El Niño em desenvolvimento”, indicou o Centro do NOAA.
Nos próximos meses de 2018 e no início de 2019, o Brasil estará no ápice do desenvolvimento da safra de grãos, com suas culturas de soja, milho, arroz e feijão. Além disso, a safra de café em áreas do centro-sul também estará em desenvolvimento e a de cana-de-açúcar em colheita.
O El Niño é caracterizado pelo aquecimento das águas da superfície do Oceano Pacífico e a atmosfera reage. Segundo a Reuters internacional, os efeitos do El Niño tendem a ser sentidos no sudeste asiático, Austrália e América do Sul, locais em que pode ter um efeito considerável sobre as temperaturas e chuvas. Na América do Norte, os impactos e variáveis são mais complicadas, mas também com efeitos.
“À medida que o oceano aquece, os analistas do governo dos Estados Unidos e da Austrália estimam que agora há o triplo da chance normal de ocorrência do El Niño neste inverno, embora seja provável que seja um episódio relativamente fraco”, informou a agência de notícias.
No último dia 9, o Departamento de Meteorologia da Austrália também divulgou sua previsão para o fenômeno, com chances de ocorrência de 70% neste ano. De acordo com a Reuters internacional, a previsão ocorre justamente em um momento em que as condições secas prejudicaram plantações e pastagens na Austrália.
Em 2015, um grande evento de El Niño prejudicou as produções de cacau, chá e café em toda a Ásia e África, além de favorecer incêndios florestais em Singapura, e inaugurou o inverno mais quente já registrado nos Estados Unidos, sufocando a demanda de gás natural no país.
A última vez em que o El Niño ocorreu, a safra de soja do Brasil caiu e a segunda safra de milho foi um desastre, segundo análise da Reuters internacional. Com a iminente chance de nova ocorrência do fenômeno nos próximos meses, a agência de notícias indica o que o fenômeno pode significar para a safra de grãos no País.
• Mato Grosso não teve produtividades excepcionais em anos de El Niño. Não é claro que esses pontos sejam relacionados, já que houve apenas quatro fases quentes de El Niño desde a temporada 2005/06, mas há coincidências.
• Goiás segue a tendência de Mato Grosso. Juntos, os dois estados produzem quase 40% da safra de soja do Brasil.
• A produtividade da soja no Paraná tem sido mediana nos anos de El Niño, mas nunca foi ótima. Muitas das piores colheitas desse segundo maior estado produtor de soja do Brasil coincidiram com o fenômeno La Niña.
• Os padrões climáticos podem variar se o El Niño persistir até o começo do próximo ano ou ficar neutro. Fato é que os efeitos desse fenômeno no Brasil têm sido frequentemente desfavoráveis.
• Com o resfriamento das águas do Pacífico, depois do pico do El Niño, as chuvas no Centro-Oeste do Brasil tendem a ficar abaixo da média. O efeito é mais expressivo durante a safrinha de milho.
• O Mato Grosso, não de forma surpreendente, colheu uma das suas piores safrinhas que se tem conhecimento em 2016, no fim do El Niño. O estado também teve, talvez, a pior umidade do solo no período.
• O El Niño neste ano não deve ter a mesma força que há três anos. Modelos projetam, em média, anomalias de temperatura de no máximo menos 0,9°C em janeiro. No fim de 2015, as anomalias superavam os 2,5°C.
• Modelos não apontam queda acentuada nas temperaturas oceânicas a partir do começo de 2019. Essa notícia pode ser boa para o Brasil.
Fonte: Notícias Agrícolas