Taxas dos DIs futuros têm baixa com aprovação da reforma tributária e dados fracos dos EUA

As taxas dos contratos futuros de juros fecharam a sexta-feira em baixa em toda a curva a termo, com o mercado repercutindo a aprovação do texto da reforma tributária na Câmara e os dados fracos do mercado de trabalho norte-americano, que reduziram as expectativas de um aperto monetário maior nos EUA.

Na abertura, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) já recuavam no Brasil, por conta da aprovação na Câmara, em dois turnos, do texto da reforma tributária. Apesar de não ser vista pelo mercado como “ideal”, a reforma tributária foi considerada positiva para o crescimento no longo prazo e fator de impulso para os ativos brasileiros.

Apesar de ter ficado em segundo plano, a divulgação do Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI), pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), também foi no sentido de queda para os juros futuros, ao divulgar queda de 1,45% em junho, a quarta consecutiva.

A queda das taxas futuras, no entanto, foi amplificada a partir das 9h30, quando saíram os dados do mercado de trabalho dos EUA. O Departamento do Trabalho informou que o país abriu 209.000 vagas de emprego em junho, abaixo dos 225.000 empregos estimados por economistas ouvidos pela Reuters. Além disso, o número de maio foi revisado para baixo, de 339.000 para 306.000 vagas.

Os números reduziram a percepção de que o Federal Reserve será tão agressivo para segurar a inflação, em suas próximas ações de política monetária. Com isso, os rendimentos dos Treasuries perderam força, em especial os de curto prazo. Os efeitos dos dados de emprego também foram percebidos no Brasil.

“As taxas longas, até as 9h30, estavam caindo em torno de 5 bips. Agora (durante a tarde), estão caindo 17 bips”, indicou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho. “Então, o relatório de emprego nos EUA fez mais preço, embora a reforma tributária tenha ajudado na abertura.”

Em comentário enviado a clientes, o economista-chefe da Órama, Alexandre Espirito Santo, citou o efeito positivo da reforma sobre os ativos brasileiros.

“Para os mercados, acreditamos que é um driver positivo, com impactos favoráveis sobre os mercados de risco, dado que ontem (quinta-feira) mesmo pairavam dúvidas sobre o desfecho dessa pauta”, indicou.

Durante a tarde, a Câmara concluiu a votação de emendas à reforma tributária e o texto segue agora para o Senado.

Além disso, o Presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que o projeto que retoma o voto de desempate do governo nas decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) seria analisado pela Casa ainda nesta sexta-feira.

Este é mais um fator positivo para os ativos brasileiros, já que o projeto é considerado crucial para elevar a arrecadação do governo.

Já o projeto do novo arcabouço fiscal, que retornou à Câmara após aprovação no Senado, ficará para agosto, após o recesso parlamentar.

Neste cenário, as taxas futuras de juros se mantiveram em baixa no Brasil.

No fim da tarde o DI janeiro/2024 estava cotado a 12,785%, contra 12,844% do ajuste anterior, enquanto o DI janeiro/2025 estava cotado a 10,685%, contra 10,828% do ajuste anterior. Entre os vencimentos mais longos, o janeiro/2026 estava cotado a 10,06%, contra 10,234% do ajuste anterior e o janeiro/2027 estava cotado a 10,10%, contra 10,296% do ajuste anterior.

A queda das taxas na curva a termo, mais pronunciada na ponta longa, voltou a alterar a precificação para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central.

Perto do fechamento, a precificação era de 46% de chances de um corte de 0,50% da Selic em agosto e de 54% de probabilidade de um corte de 0,25%. Na quinta-feira, perto do fechamento, estes percentuais eram de 37% e 63%, respectivamente.

No exterior, no fim da tarde os rendimentos de curto prazo dos Treasuries seguiam em baixa.

Às 16h38 , a taxa do Treasury de 2 anos, que reflete as expectativas para a direção das taxas de juros de curto prazo, caía 6,40 pontos-base, para 4,9417%.

No mesmo horário, o rendimento do Treasury de 10 anos, referência global para decisões de investimento, subia 2,10 pontos-base, para 4,0616%.

Fonte: Reuters
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