Sul busca selo de área livre de peste suína

O Ministério da Agricultura estabeleceu o próximo dia 19 de setembro como prazo final para que os três Estados comprovem padrões técnicos como exames sorológicos em seus rebanhos e implantação de barreiras sanitárias fixas, além de documentações específicas.
Até 19 de setembro, os três Estados do Sul devem comprovar padrões técnicos como exames sorológicos em seus rebanhos e implantação de barreiras sanitárias fixas

 

Os três Estados da região Sul, líderes na produção de suínos no país, mobilizam-se para obter um certificado da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), que pode ampliar as vendas externas de carne suína brasileira, no horizonte de dois anos. O “selo” almejado pela região é um reconhecimento do status de área de livre da peste suína clássica, doença que na prática já foi erradicada na maioria do território brasileiro há 15 anos.

Pleiteado há cerca de dois anos por Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, responsáveis por 74% da produção nacional, esse documento interessa à indústria e aos produtores brasileiros, pois pode tranquilizar países importadores de carne suína e consolidar mercados como o Japão ou abrir outros como Coreia do Sul e até Estados Unidos.

O Ministério da Agricultura estabeleceu o próximo dia 19 de setembro como prazo final para que os três Estados comprovem padrões técnicos como exames sorológicos em seus rebanhos e implantação de barreiras sanitárias fixas, além de documentações específicas. Essas medidas são exigências da OIE para a obtenção do reconhecimento de área livre. O pedido do Brasil deve ser analisado na próxima reunião da OIE, em maio do ano que vem, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

“Após a próxima reunião da OIE, em maio do ano que vem, vários países vão passar a exigir esse certificado para importarem carne suína uns dos outros e por isso já estamos preparados”, diz ao Valor, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo. “Sem o certificado corremos risco até de perder mercados. Com ele, no mínimo vamos manter nossas exportações”, conclui.

Segundo a Faesc, Santa Catarina, maior produtor brasileiro de carne suína, abate uma média de 88 mil cabeças por mês e, no primeiro semestre deste ano, exportou cerca de 20 mil toneladas da carne suína. O desempenho nas vendas externas é pouco superior ao mesmo intervalo de 2013, diz Pedrozo. Hoje, grandes grupos empresariais como JBS, BRF e Aurora têm unidades no Estado.

O presidente da ABPA, Francisco Turra, explica que, devido à incidência recente da diarreia epidêmica suína (PED, na sigla em inglês) em grandes produtores como Estados Unidos e Canadá, grandes importadores como Rússia, países do Leste Europeu e Hong Kong passaram a comprar mais do Brasil. Ele avalia que o atestado da OIE é fundamental para segurar esses mercados.

“É importante o reconhecimento de área livre de peste suína no maior número de Estados possíveis, porque estamos abrindo constantemente novos mercados, mas num curto espaço de tempo os catarinenses e gaúchos vão conseguir, depois o Paraná”, diz Turra, que estima que o país deve exportar 600 mil toneladas de carne suína este ano, contra 517 mil toneladas embarcadas em 2013.

Dados da ABPA mostram que no acumulado do ano até julho, a receita com as exportações de carne suína alcançou US$ 838,24 milhões, alta de 10,82% sobre igual período do ano passado.

Segundo Turra, a ABPA vai oferecer orientação técnica aos Estados que solicitarem o mesmo reconhecimento da OIE e não obtiverem imediatamente. “É possível que no ano que vem e no máximo em dois podemos ter todo o país livre de peste suína clássica”, acrescenta.

Já o Paraná tem situação mais apertada, mas o secretário de Agricultura local, Norberto Ortigara, garante que o Estado cumprirá as exigências. O Mapa exigiu que o Estado instalasse mais 11 barreiras sanitárias fixas interestaduais com Santa Catarina e São Paulo, além das 23 já existentes. Mas, segundo ele, essas e outras demandas, como controlar índices de mortalidade de suínos e monitorar linhas de produção, vêm sendo atendidas para que produtores e indústria paranaenses possam retomar as exportações que já caíram 30% entre 2011 e o ano passado, chegando a 43 mil toneladas.

“Com esse certificado da OIE, imagino que em três ou quatro anos possamos duplicar nossas exportações, mas queremos aumentar vendas externas com voo consistente e não voo de galinha”, avalia Ortigara. “Quando você obtém atestados como esse, seja de isenção de febre aftosa, gripe aviária ou peste suína, por exemplo, os mercados ficam propensos a novos negócios”.

 

Fonte: Valor Econômico

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