Nesta sexta-feira (29), as cotações para o suíno vivo fecharam o dia com estabilidade, após uma semana lenta para o mercado. O setor que vinha trabalhando com pressão nos preços, teve leve recuperação nos últimos dias, mas o cenário ainda é de atenção em grande parte das praças de comercialização.
O analista da Safras & Mercado, Allan Maia, explica que com a demanda enfraquecida no mercado interno e também com os altos custos de produção, o mês de julho encerra negativo. “O milho não baixou de preço, apesar do avanço na colheita da segunda safra. Pelo contrário, o produtor vem segurando a oferta e os preços seguem subindo, trazendo um quadro de pressão ainda maior à cadeia da suinocultura”, disse.
O CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) também confirma o contexto negativo que o mercado vive. O cenário é de baixa na média de preços do mês para o suíno vivo, enquanto que as cotações de milho e farelo de soja estão nos maiores patamares desde 2009 e 2011, respectivamente.
“Assim, suinocultores vêm amargando prejuízos, sem expectativa de melhora no curto prazo. Segundo pesquisadores do CEPEA, parte das indústrias tem tentado driblar os altos custos, pressionando as cotações do suíno vivo ou focando em vendas para o mercado externo”, explicam os pesquisadores do Centro.
A expectativa é que a virada do mês possa reverter o cenário, segundo explica Maia. Com o período de recebimento de salários e também com o feriado de Dia dos Pais, o mercado pode ter certo fôlego para recuperar margens. Além disto, há uma regulação na oferta de animais.
Preços
Nesta semana, o mercado segue na tentativa de recuperar margens, embora poucas regiões tenham registrado acréscimo. O levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, aponta que em São Paulo foi a região com maior alta na semana – com valorização de 6,08%.
Na praça paulista, a bolsa de suínos definiu cotação entre R$ 68,00 a R$ 70,00/@ – o mesmo que R$ 3,63 a R$ 3,73/kg. Além dos preços melhores na semana, vendas acima do valor de referência foram registradas no estado. Em Monte Alegre do Sul (SP), foram comercializados 264 suínos a R$ 71,00/@.
No Rio Grande do Sul, a cotação subiu 0,58% na semana. A ACSURS (Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul) aponta que a média de preços pagos aos produtores independentes passou de R$ 3,45/kg para R$ 3,47/kg nesta semana. Enquanto a cotação aos integrados seguem na média de R$ 2,85/kg.
Por outro lado, a cotação estadual paga para a saca de 60 quilos de milho voltou a registrar alta, chegando a R$ 49,50. O preço médio do farelo de soja teve ligeiro recuo e fechou a pesquisa em R$ 1.365,00 pela tonelada.
Já em Minas Gerais, a bolsa de suínos do estado voltou a definir cotação estável para a semana, em R$ 4,00/kg. Em entrevista ao Notícias Agrícolas, o presidente da ASEMG (Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais), Antônio Ferraz, explicou que no estado produtores estão perdendo cerca de R$ 0,50 pelo quilo do animal vivo, devido aos altos custos de produção.
Apesar de a praça trabalhar com oferta ajustada, animais vindos de outros estados têm pressionado as cotações. “Estamos com o mercado bastante ajustado, se dependesse apenas do mercado interno o cenário seria outro”, explica.
Exportações
Por outro lado, os embarques seguem registrando alta na parcial do mês de julho e ajudam a escoar a produção e regular a disponibilidade de animais no cenário doméstico. Dados divulgados na segunda-feira pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) apontam que em 16 dias úteis foram exportados 41.700 toneladas, com média diária de 2.600 toneladas de carne suína in natura. Em receita, os embarques somam US$ 88.6 milhões.
Para o analista da Safras & Mercado, a tendência é de que o mês de agosto encerre com dados positivos, com volume em torno de 60.000 toneladas de carne suína in natura.
Fonte: Notícias Agrícolas