Substituição de importados será alento para setor têxtil

O setor têxtil e de vestuário chega ao fim de 2015 com queda nos indicadores de produção, consumo, importações e vendas. E as perspectivas para o próximo ano são de um consumo interno ainda fraco, muito similar ao deste ano. Para as indústrias do setor, o único alento reside no processo de substituição de importados pela produção local, à medida que o real segue desvalorizado em relação ao dólar, tornando o produto nacional mais competitivo em termos de preço.

Neste ano, a substituição de importados começou a ser feita de forma tímida, a partir do segundo semestre, com a forte desvalorização do real ante o dólar. “Com a apreciação do dólar, as empresas substituíram importados pela produção nacional. Mas, como as encomendas de coleções são feitas com até um ano de antecedência, esse efeito ficará mais evidente no próximo ano”, afirmou Edmundo Lima, diretor executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex).

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Para o executivo, o consumo interno ficará estável em 2016 e a importação menor pode estimular as indústrias de tecidos. “Quando houver a retomada da economia, essa substituição será mais desafiadora”, acrescentou.

O IEMI Inteligência de Mercado, consultoria especializada no mercado de bens de consumo, projeta para 2016 um crescimento na produção têxtil e de vestuário de 5,5%, para 6.09 bilhões de peças. O crescimento, segundo a consultoria, virá da substituição de produtos importados pelas redes varejistas.

“O consumo de vestuário caiu neste ano e continua fraco em 2016. Para as indústrias de tecidos haverá oportunidade de ampliar a produção por causa da substituição dos importados. Mas, para o varejo, ainda será um ano fraco”, disse Marcelo Prado, diretor do IEMI. A consultoria projeta para o próximo ano um consumo de artigos de vestuário praticamente estável em relação a 2015, somando 6.68 bilhões de unidades – o que dá um incremento de 0,5%.
Para as importações, a estimativa da consultoria é de uma queda de 29,3% no próximo ano, para 639 milhões de peças.

O varejo de vestuário, na visão do IEMI, terá um incremento de 0,8% em volume, chegando a 6.3 bilhões de peças. Em receita, o aumento nominal será de 8,5%, totalizando R$ 199.3 bilhões.

Para a produção têxtil, a consultoria projeta alta de 15,9% em receita em 2016, para R$ 116 bilhões. As importações, por sua vez, terão incremento de 0,4% em valor nominal, para R$ 8.4 bilhões. O consumo no País terá avanço de 14,6% em valor, totalizando R$ 123.8 bilhões.

Em 2015, estima o IEMI Inteligência de Mercado, a produção de vestuário encerra o ano em queda de 6% em volume, chegando a 5.78 bilhões de peças. Em valor nominal, a produção tem queda de 0,2%, para R$ 100.1 bilhões. Essa retração chega a aproximadamente 10%, descontando a inflação.

“O ano de 2015 foi difícil para as varejistas. Nem mesmo os mais pessimistas esperavam que a crise causasse uma queda tão forte na economia. Os grandes magazines agora revisam seus projetos de longo prazo. 2016 ainda será um ano desafiador e a crise política traz uma insegurança a mais para o consumidor”, disse Lima. O executivo considera que as redes ainda precisam fazer alguns ajustes em estoques e outras despesas para melhorar resultados.

O consumo de vestuário no país encerra 2015 com queda de 5,6% em volume, somando 6.64 bilhões de peças. O volume de vendas do varejo está estimado em 6.2 bilhões de peças, com queda de 4,2%, de acordo com estimativas do IEMI.

As importações neste ano recuam 3% em volume, para 889.7 milhões de peças. Por conta da queda no consumo em 2015, a participação de importados no mercado brasileiro subiu 0,4%, para 13,4%. Em 2016, com o consumo estável, a participação de importados cai para 9,4% do consumo total.

 

Fonte: Valor Econômico

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