O tempo seco e a ocorrência de geadas em São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná levaram a consultoria StoneX a reduzir nesta terça-feira suas estimativas para a moagem de cana e produção de açúcar do centro-sul em 2021/22, apontando ainda um déficit global da commodity.
A moagem agora está estimada em 541 milhões de toneladas para a safra 2021/22, contra 568 milhões de toneladas da estimativa anterior, em maio.
Se confirmado, o novo volume para o processamento da matéria-prima representará uma queda de 10,60% em relação ao ciclo de 2020/21, indicou a consultoria em nota assinada pelas analistas de inteligência de mercado da StoneX Marina Malzoni e Rafaela Souza.
“Vale ponderar que, dado que os impactos das ondas de frio que atingiram o centro-sul ainda estão sendo computados, novas revisões negativas nesses números não são descartadas, a depender da extensão das áreas canavieiras atingidas”, ressaltaram as especialistas.
A produção de açúcar do principal polo do País foi estimada em 34.6 milhões de toneladas, com queda de 10,10% em relação à safra anterior. Em maio, a estimativa foi de 35.7 milhões de toneladas.
Já a produção de etanol de cana passou a ser estimada em 24.9 bilhões de litros, abaixo dos 25.1 bilhões de litros estimados em maio. Quando comparada com a temporada passada, a queda é de 10,40%.
Mix
Quanto ao mix produtivo, a consultoria informou que a maior parte das usinas continua aumentando a produção de açúcar, de modo a cumprir os contratos de exportação previamente fechados.
“No entanto, uma parcela das unidades produtoras já tem direcionado maior volume de cana para a produção de etanol, em meio ao estreitamento da paridade de preços do álcool com o açúcar, sendo que, em algumas localidades, o biocombustível já vem se mostrando mais competitivo”, indicou a StoneX.
Assim, a inteligência de mercado da consultoria estima que o mix açucareiro se mantenha inalterado em relação ao ciclo 2020/21, em 46,10%, mas levemente abaixo dos 46,80% da estimativa anterior.
Déficit
A StoneX reverteu sua expectativa de superávit de 1.7 milhão de toneladas prevista para o açúcar em maio, referente à safra 2021/22, e passou a estimar um déficit de 1 milhão de toneladas.
“Esse cenário responde à dinâmica climática adversa no centro-sul do Brasil e maior diversificação do açúcar para o etanol na Índia, apesar das expectativas positivas para a retomada da produção na Ásia e Europa”, relatou a consultoria.
Perspectivas
Segundo a StoneX, as perspectivas para as monções na Ásia até o final de setembro se mostram positivas, com as chuvas sazonais tendendo a se situar próximas da média histórica. Na Índia, as condições climáticas, aliadas à expectativa de crescimento da área plantada com cana, indica um aumento na produção de açúcar.
Entretanto, as expectativas se mostram mais otimistas para a ampliação da capacidade de produção de etanol do país, de modo a alcançar a taxa de mistura de 10% do biocombustível na gasolina (E10).
Por isso, a consultoria considerou que “três milhões de toneladas de açúcar sejam direcionadas para a produção de etanol em 2021/22 (outubro/setembro), contra as 2.5 milhões de toneladas estimadas na publicação de maio de 2021”.
Fonte: Reuters
Equipe SNA