A falta de armazéns para estocar milho começa a preocupar produtores de Mato Grosso. Segundo dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA-MT), até o momento, 47,52% dos grãos, de uma área total de 3.2 milhões de hectares semeados, foram colhidos. O risco é que o problema aumente em proporção com a colheita.
Em Sorriso e Nova Mutum, na região Norte, o milho já está a céu aberto. No Oeste, o avanço da colheita deve refletir na armazenagem.
“Por aqui colhemos cerca de 40% e ainda não temos problemas, mas, com o decorrer da colheita, essa situação tende a ser preocupante. Não temos milho a céu aberto, mas um caminhão, por exemplo, tem ficado um dia inteiro na fila para descarregar no armazém da trading, e, com isso todo processo de colheita vai ficando lento”, alerta Altemar Kroling, produtor e delegado coordenador da Aprosoja em Diamantino.
Já o produtor de Nova Mutum, Claudecir Cenedese, reconhece que há produtores que assinaram contratos com tradings para que o grão seja recolhido a partir de agosto. Ainda assim, tem tentado negociações amigáveis. “Alguns não se atentaram aos contratos, que são a partir de 15 de agosto, por exemplo. As empresas, por outro lado, alegam que os problemas são nossos portos, hoje ocupados para o escoamento de soja, de forma que neste momento é possível apenas escoar para o mercado interno. Mas estamos conversando, ligando para corretoras, fazendo uma pressão no sentido de tentar solucionar de uma maneira amistosa estes entraves”, disse.
FATORES
Para o produtor e delegado coordenador da Aprosoja em Sorriso, Rodrigo Pozzobon, alguns fatores influenciaram e continuam influenciando o problema do armazenamento do milho em Mato Grosso.
“A greve dos caminhoneiros, em maio deste ano, atrapalhou os embarques de soja, e como, reflexo, atrapalharam também os de milho, sendo que ainda há soja estocada aqui em Sorriso. Além disso, apesar de termos aumentado à produtividade das lavouras, o crescimento da capacidade de armazenagem não acompanhou esse crescimento na mesma proporção, apesar de existirem soluções paliativas, como os silos bag,” disse Pozzobon.
O vice-presidente Leste da Aprosoja, Endrigo Dalcin, destaca um problema crítico, que precisa de atenção e solução: a necessidade de conclusão das obras de escoamento dos portos do Arco Norte.
“É importante que seja dado prioridade à conclusão das obras de escoamento da produção pelos chamados portos do Arco Norte, como as obras da BR-163, como forma de viabilizar o escoamento desta produção que Mato Grosso tem gerado e aumentando o superávit da balança comercial brasileira. Se o milho de Mato Grosso perde qualidade e deixa de ser exportado, o produtor perde renda e o Brasil também perde, pois deixa de garantir parte dos dólares que a agricultura brasileira vem proporcionando ao país nos últimos anos.”
Fonte: Só Notícias/Agronotícias