Solo adubado compensa recuo em vendas

Produtores brasileiros de grãos deverão reduzir levemente o uso de fertilizantes na safra nova, em meio a uma alta nos preços e a um calendário apertado para as compras, mas o potencial de produtividade das lavouras será garantido por bons estoques de nutrientes no solo, mostram dados da consultoria Agroconsult.

A consultoria estima que as vendas de fertilizantes fecharão o ano 2% abaixo do volume recorde de 2014. “O problema é calendário. Apesar das dificuldades, não havia intenção de redução de tecnologia, mas a execução desse plano (de aquisições) foi tardia”, disse o sócio da Agroconsult Cleber Vieira, especialista do setor de fertilizantes.

As vendas e as entregas de fertilizantes foram lentas no primeiro semestre, com produtores rurais retraídos por um aperto nos financiamentos e preços mais altos, principalmente de produtos importados influenciados pela alta do dólar, como é o caso das matérias-primas dos adubos.

O preço dos fertilizantes em real subiu 40% em média em 2015 na comparação com 2014, estimou a Agroconsult.

Até o final de julho o volume entregue pelas indústria aos agricultores estava 7,7% abaixo do mesmo período de 2014, de acordo com dados do setor.

Segundo Vieira, as vendas de fertilizantes estão aquecidas neste momento que antecede o plantio da safra 2015/16 de soja e milho –culturas que recebem os maiores volumes de fertilizantes–, mas não haverá tempo para recuperar todo o atraso.

“Não dá para entregar adubo em novembro e dezembro, porque o plantio já ocorreu”, destacou o analista.

Ainda assim, o menor uso de fertilizantes não deve ser um limitador para as produtividades das lavouras.

A Agroconsult coletou amostras de solo em plantações de soja e milho durante a safra 2014/15, e 70% dessas amostram apresentaram teores médios ou altos dos principais nutrientes.

“O teor da maioria das amostras mostrou que é possível o produtor reduzir a adubação média (em 2015/16) sem reduzir a produtividade”, destacou Vieira.

A Agroconsult deverá divulgar nas próximas semanas uma estimativa atualizada de produção da safra 2015/16.
Nesta sexta-feira, o USDA reafirmou sua projeção de que o Brasil colherá um recorde de 97 milhões de toneladas de soja em 2015/16.

Próximo ano

Após um 2015 de menor uso de fertilizantes, a tendência é de reaquecimento do mercado em 2016, inclusive para que os estoques de nutrientes do solo sejam repostos, projetou o Vieira.

“O produtor talvez não tenha a mesma possibilidade de manter uma adubação média”, disse o analista, referindo-se à preparação para a safra 2016/17, que ocorrerá ao longo do próximo ano.

Outro fator que deve elevar as vendas de fertilizantes no próximo ano é o plantio de uma grande segunda safra de milho, no primeiro semestre, disse ele, preferindo não fazer uma projeção percentual para a alta.

 

 

Fonte: Reuters

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