Segundo dados divulgados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os preços da soja voltaram a reagir nos últimos dias por conta da valorização do dólar. Com isso, a média em Paranaguá subiu mais de 6% entre os meses de fevereiro e março, mas a margens aos agricultores seguem apertadas.
O pesquisador do Cepea, Lucilio Alves, destaca que nesta temporada as comercializações foram mais lentas do que nas safras anteriores e as altas nos preços contribuem para que as novas negociações sejam feitas com valores maiores. “As cotações de ontem já voltam para os patamares observados em agosto e setembro de 2016. Além disso, a safra da Argentina também está interferindo nas referências”, disse Alves.
Outro fator que favorece as altas nos preços é a briga entre a China e os Estados Unidos, tendo em vista que as demandas internacionais acabam migrando para o Brasil e elevando o prêmio de exportação. “Lembrando que no primeiro trimestre de 2018 já foram exportados 13 milhões de toneladas de soja em grãos, o que significa um cenário bastante positivo”, afirmou o pesquisador.
No entanto, as altas nas cotações nem sempre refletem tão rapidamente no lucro a todos os produtores. Isso porque os custos com os transportes em determinadas regiões acabam pesando no bolso do agricultor. “Observamos que temos uma elevação dos custos ano a ano, sendo que nesta safra os custos estão maiores do que o inicio da temporada anterior, e uma redução das margens”, disse Alves.
Diante desse cenário, o pesquisador salienta que é preciso analisar os números de ofertas e as demandas para então avaliar que impacto isso poderá ter no mercado. “Será que o número de oferta não pode vir superior do que está sendo observado até agora e pode reduzir a sustentação dos preços? Por outro lado, a oferta Argentina pode ser ainda menor que prevista e trazer um cenário positivo para os preços”.
Ainda segundo o pesquisador, o ano eleitoral pode acentuar a volatilidade no câmbio, e assim também impactar nas cotações da soja no Brasil. “O produtor deve aproveitar as ondas de preços favoráveis como os observados no primeiro semestre deste ano”.
Fonte: Notícias Agrícolas