Soja tem dia tenso e de alta volatilidade em Chicago para fechar em baixa de mais de 20 centavos

Os contratos futuros da soja fecharam em baixa de mais de 2% na CBOT, mas longe das mínimas. Os principais vencimentos registraram quedas de 19,50 a 20,50 centavos, com o julho/18 cotado a US$ 8,89 (mínima de US$ 8,41 ½), o agosto/18 a US$ 8,94 ¼ (mínima de US$ 8,47 ½) e o novembro/18 a US$ 9,11 (mínima de US$ 8,64 ½) o bushel.

Os contratos futuros do farelo de soja fecharam em baixa na CBOT, longe das mínimas. Os principais vencimentos registraram quedas de US$ 1,00 a US$ 2,10, com o julho/18 cotado a US$ 334,50 (mínima de US$ 320,30) e o dezembro/18 a US$ 340,30 (mínima de US$ 326,50) a tonelada curta.

O dia foi bastante tenso e intenso para o mercado futuro da soja, tanto na CBOT, aonde os principais vencimentos registraram fortes quedas, quanto no mercado interno, depois do anúncio de Donald Trump de que as taxas sobre os produtos importados chineses poderiam chegar a US$ 400 bilhões.

O volume já anunciado e oficializado pelo presidente norte-americano é de US$ 50 bilhões e a possibilidade de mais tarifação promoveu uma intensa aversão ao risco no mercado financeiro global, uma queda generalizada das commodities, com as agrícolas liderando as baixas, e levou os contratos futuros da oleaginosa a registrarem as suas mínimas de dois anos na CBOT.

“Os grãos continuam em uma fase de liquidação, registrando novas mínimas não somente na soja, mas também no milho. Além das negociações comerciais confusas e tensas entre China e Estados Unidos, a falta de condições climáticas adversas para a nova safra norte-americana também tem ajudado a manter essa pressão severa sobre os grãos em um mercado que está sobrevendido neste momento”, disse Jason Roose, analista da U.S. Commodities.

“Hoje o dia foi de muita aversão ao risco acompanhando essa questão, que parece estar longe do fim, da disputa entre China e Estados Unidos”, afirmou o analista Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities. O mercado irá esperar por uma melhor definição dessas novas negociações e ameaças para definir seus impactos reais sobre as cotações.

Mercado interno

O mercado de soja no Brasil, que já vinha travado pelos compradores, em função das indefinições sobre frete, tende a ser ainda mais prejudicado agora que os preços da oleaginosa na CBOT estão em queda acentuada, desestimulando os vendedores, segundo especialistas ouvidos pela Reuters.

As cotações da oleaginosa renovaram mínimas nesta terça-feira em meio à crescente tensão comercial entre Estados Unidos e China, que trabalham com retaliações sobre diversos bens de ambos os países. Mais cedo, os preços chegaram a atingir o menor patamar desde 2008 para o primeiro vencimento (julho/18) em Chicago.

“Estamos em um mês de junho com pouca comercialização. Os preços tiveram uma queda bem expressiva, saíram de US$ 10,50/bushel em maio para abaixo de US$ 9,00 agora (…) O produtor vai segurar para aguardar uma nova oportunidade de venda”, disse o analista Adriano Gomes, da consultoria AgRural.

Segundo ele, produtores tiraram proveito da alta do dólar e conseguiram comercializar um bom volume de soja antes dos protestos dos caminhoneiros e posteriores reflexos, incluindo a tabela de fretes mínimos que afugentou compradores para negócios de curto prazo. Nesse cenário, disse Gomes, o sojicultor acaba preferindo mesmo aguardar um melhor momento para vender seu produto.

Estima-se no mercado que até 30% da safra recorde deste ano, de quase 120 milhões de toneladas, ainda não tenha sido comercializada. “O produtor se retirou. Ninguém tem de vir a mercado desesperadamente vender”, disse a corretora Moema Damo Bombardieri, CEO da Moema Corretora de Grãos, em Santo Rosa (RS).

Para ela, o mercado de soja “pode travar até mais”, pois participantes passam a olhar a partir de agora para a safra dos Estados Unidos, em fase final de plantio, que deve vir em bom volume, pressionando ainda mais os preços na Bolsa de Chicago. Na mesma linha, a Chicago Corretora de Cereais, em Primavera do Leste (MT) afirmou que, com essa queda das cotações, vai ficar “inviável” para o produtor vender.

Desde 21 de maio, quando os protestos de caminhoneiros começaram, até agora, os preços domésticos da soja cederam 3%, para cerca de R$ 83,00/saca, segundo monitoramento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, refletindo tanto as incertezas internas quanto a queda em Chicago e a perspectiva de ampla oferta.

Os especialistas ponderaram que uma melhora nos prêmios da soja brasileira, resultado direto da disputa entre EUA e China, pode ajudar a destravar algumas vendas, já que a tendência é Pequim se voltar ao produto nacional. Nesta terça-feira, o prêmio da soja em Paranaguá (PR) para em embarque em setembro, sobre a cotação em Chicago, atingiu a US$ 1,70/bushel, segundo o Cepea.

“Alguns negócios começaram a sair para embarque em setembro em diante. Para junho, julho, não vai ter comprador (…) Mas lá para frente, com essa briga mais acentuada, os negócios que seriam da China comprando dos EUA devem ser da China comprando do Brasil”, afirmou o analista Paulo Molinari, da Safras & Mercado. Segundo ele, que já recebeu relatos de negócios nesta semana, o prêmio médio da soja brasileira costuma ser de US$ 0,60/bushel.

Milho: com foco na China e na safra americana, mercado recua pelo quinto pregão consecutivo na CBOT

Os contratos futuros do milho fecharam em baixa na CBOT, mas longe das mínimas. Os principais vencimentos registraram quedas de 1,75 a 2,25 centavos, com o julho/18 cotado a US$ 3,53 ¾ (mínima de US$ 3,38 ¾) e o dezembro/18 a US$ 3,75 ½ (mínima de US$ 3,60) o bushel.

Os contratos futuros do trigo fecharam em baixa na CBOT, mas longe das mínimas. Os principais vencimentos registraram quedas de 12 a 12,25 centavos, com o julho/18 cotado a US$ 4,77 ¾ (mínima de US$ 4,67 ½) e o setembro/18 a US$ 4,89 ½ (mínima de US$ 4,80) o bushel.

“A incerteza do comércio com a China e as previsões meteorológicas de bom tempo para a safra norte-americana continuam pressionando os preços dos grãos em Chicago”, disse Kluis em uma nota aos clientes, reportada pelo site internacional Agriculture.com.

Mercado interno

Segundo levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, a saca recuou 5,26% em Rio do Sul (SC), e foi cotada a R$ 36,00. Na região de Campinas (SP), a queda foi de 2,46%, com a saca cotada a R$ 39,60. Em Assis (SP), a saca caiu 2,08% e foi cotada a R$ 33,00. No Paraná, Londrina registrou queda de 1,67%, com a saca cotada a R$ 29,50.

No mercado brasileiro, os negócios seguem travados face ao impasse do tabelamento do frete. Diante esse quadro, a preocupação dos produtores é com a estocagem desse milho, uma vez que, em muitas regiões, os armazéns estão ocupados com a soja, que ainda precisa ser negociada ou somente escoada.

Até o último dia 11 de junho, a colheita do cereal estava completa em 2,3% da área plantada nesta safra, segundo dados da Céleres Consultoria. A perspectiva é que o avanço dos trabalhos nos campos agrave esse cenário logístico. Já a moeda norte-americana fechou cotada a R$ 3,7443 para venda, em alta de 0,11%.

 

Fontes: Reuters, Notícias Agrícolas e SNA

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