Soja: Ritmo de negócios antecipados da safra 2023/24 é o mais lento em 10 anos no Brasil

Um levantamento feito pela Brandalizze Consulting aponta que o ritmo dos negócios antecipados da safra 2023/24 de soja é o mais lento dos últimos dez anos. O Brasil vendeu apenas cerca de 15% de sua nova safra, com tímidas operações até mesmo de trocas por insumos. “Os insumos, como fertilizantes e alguns defensivos, recuaram muito mais do que a soja e parte dos produtores já negociou, mas ainda há muito a ser negociado. A área da safra vai aumentar e serão necessários mais insumos e parte deles pode ser negociado nestes próximos dias para o produtor não perder a boa relação de troca”, acredita o consultor Vlamir Brandalizze.

Segundo o especialista, em contato com os produtores, o sentimento é este de que mais negócios poderiam ser realizados nos próximos dias. No entanto, explica ainda que seria necessário “um pequeno movimento de alta em Chicago, mesmo que momentâneo, para estimular os negócios”.

Em Mato Grosso, maior estado produtor de soja do País, as vendas da safra 2023/24 avançaram nas últimas semanas e, até o final de junho, já haviam atingido a 16,74% da produção, registrando um aumento de 4,65% em relação ao mês anterior, segundo os números divulgados pelo IMEA (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária).

Se o ritmo está lento para as vendas, está lento também para as compras. Segundo o analista de fertilizantes da Agrinvest Commodities, Jeferson Souza, as aquisições não só deste tipo de insumo estão atrasadas, como também dos defensivos. Ainda assim, afirma que não acredita que os sojicultores terão prejuízos no ano que vem, apesar de margens menores e bem mais ajustadas do que as dos últimos anos.

Uma comparação feita pelo pesquisador Mauro Osaki, do CEPEA, sobre o ritmo de negociação dos fertilizantes entre Sorriso/MT e Cascavel/PR mostra que em ambos, as compras estão atrasadas em relação à safra anterior e à média dos últimos anos, com base nos dados levantados no Projeto Campo Futuro. “O poder de compra do produtor diminuiu demais com a queda do preço da soja, que é a principal moeda dele”, disse. E comparando os primeiros cinco meses de 2022 com o mesmo período deste ano, é possível registrar um recuo maior do preço da soja do que a queda registrada nos custos de produção.

Gráfico: Projeto Campo Futuro

A composição dos insumos que fecham o Custo Operacional Efetivo (COE) da soja, no intervalo de comparação, caíram 11,40%, contra 18,70% de queda no preço da soja, na média.

Gráfico: Projeto Campo Futuro

As quedas registradas nos preços dos fertilizantes que chegam a mais de 37% na comparação anual são, mesmo que em partes, anuladas por altas de até 25,5% nos preços das sementes, por exemplo, segundo Osaki.

Gráfico: Projeto Campo Futuro

Desta forma, o estudo apresentado pelo pesquisador do CEPEA indica ainda que o número de sacas de soja estimado para cobrir o COE ou até mesmo o custo total da sara 2023/24 indicam que “a produtividade média que o produtor tem colhido nos últimos anos está muito próxima do custo operacional efetivo. Isso mostra que a margem do produtor está muito estreita. E isso assumindo que teremos uma boa colheita para safra 2023/24”. Mais apertadas ainda podem ser as margens dos produtores que arrendam áreas, uma vez que esta tem sido uma parte dos custos que também está subindo.

Gráfico: Projeto Campo Futuro

Mauro Osaki disse ainda que se trata, “somente”, de uma primeira estimativa para as margens e custos da safra 2023/24, mas já suficiente para garantir ao sojicultor um cenário mais detalhado para que possa fazer seu planejamento, buscando os melhores momentos para não só aquisição de seus insumos, mas também para avançar com sua comercialização. Mais do que isso, alerta para o futuro da capacidade de investimento do produtor brasileiro, bem como a necessidade de garantir bons níveis de produtividade para ajudar na garantia de sua competitividade.

Fonte: Notícias Agrícolas
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