Soja: Queda do dólar favorece altas em Chicago, mas pressiona preços em até 4% no Brasil

Na sessão desta quarta-feira (29), os contratos futuros da soja na CBOT fecharam em alta de 3,50 a 4 centavos nos principais vencimentos, em um dia de recuperação. Porém, segundo o consultor Vlamir Brandalizze, o movimento foi motivado, mais uma vez, pelo humor ligeiramente melhor do mercado financeiro, e não representa uma mudança de direção das cotações.

O contrato maio/16, referência para a safra brasileira, fechou o dia cotado a US$ 8,61½ o bushel, enquanto o julho/16 fechou cotado a US$ 8,67¾.

Já no Brasil, com uma nova queda do dólar, os preços recuaram de forma generalizada. No interior do País, as baixas variaram entre de 0,68% a 4,07% nas principais praças de comercialização. Em Tangará da Serra, Campo Novo do Parecis e Sorriso, a saca perdeu o patamar dos R$ 60,00 e fechou o dia cotada a R$ 59,00.

Nos portos, os preços oscilam entre R$ 75,50 – para a saca do produto disponível e futuro em Paranaguá – e R$ 77,50 no terminal de Rio Grande para a saca do produto a ser entregue em junho deste ano e a R$ 76,50 no disponível, também no porto gaúcho.

Com cotações menores em Chicago – mesmo com as altas registradas – o impacto de um recuo do dólar, ainda segundo analistas, ganhou ainda mais força. A moeda norte-americana fechou em baixa de 1,35%, cotada a R$ 3,8877 para venda, na menor cotação de fechamento deste ano e desde 29 de dezembro.

Bolsa de Chicago

Se por um lado o dólar pesou sobre as cotações da soja no Brasil, por outro, favoreceu o mercado na Bolsa de Chicago, já que o comportamento da divisa acabou tornando a commodity negociada na bolsa americana mais atraente.

Segundo o analista de grãos sênior da consultoria internacional Price Futures, Jack Scoville, esse ainda é um comportamento técnico do mercado, depois que as cotações se aproximaram de seu nível de suporte de US$ 8,50 e estimulou um reajuste de posições.

“Os especuladores continuam operando ainda bastante vendidos nesses mercados. Estamos todos esperando por novidades sobre o plantio ou sobre a área nos Estados Unidos, mas parece que a maioria dos produtores deve voltar às suas rotações normais de cultura”, disse o analista ao portal G1.

Além disso, Scoville disse que os volumes de negócios estão ainda baixos, com poucas notícias chegando também na CBOT.

Safra brasileira

A consultoria Informa Economics elevou nesta quarta-feira sua estimativa para a produçãode soja do Brasil em 2015/16, disseram fontes do mercado.

A Informa estimou a safra de soja em 101.3 milhões de toneladas contra as 100.5 milhões toneladas estimadas em um relatório anterior.

Milho: Em meio ao cenário de oferta ajustada e demanda firme, cotações seguem sustentadas no mercado interno 

Apesar da queda do dólar, o preço futuro da saca de milho no Porto de Paranaguá permaneceu estável a R$ 34,50. No terminal de Rio Grande, não houve referência para a saca do grão hoje. Em Campo Novo do Parecis e Tangará da Serra, em Mato Grosso, os preços recuaram 3,23% e retomaram o patamar de R$ 30,00 a saca.

Em contrapartida, em Cascavel, Londrina e Ubiratã, todas no Paraná, a saca registrou leve alta, de 1,52%, cotada a R$ 33,50. Nas demais praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas o dia foi de estabilidade, cenário que tem se mantido apesar do avanço da colheita do grão da safra de verão.

Ainda assim, em algumas regiões do Sudeste e Sul, as recentes chuvas dificultaram a retirada do milho do campo, o que limitou a oferta no mercado interno. E o mercado doméstico segue enxuto, cenário decorrente das exportações fortes registradas a partir do segundo semestre de 2015. E a demanda interna e externa seguem firmes, segundo dados divulgados pelo CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) essa semana.

Safra brasileira

A consultoria Informa Economics elevou nesta quarta-feira sua estimativa para a produção de milho do Brasil em 2015/16, disseram fontes do mercado.

A Informa estimou a produção total de milho no Brasil nesta temporada em 82.5 milhões de toneladas contra as 81.6 milhões de toneladas estimadas anteriormente.

BM&F Bovespa

Na BM&F Bovespa, os contratos futuros do milho mantiveram o tom positivo registrado ao longo do dia e fecharam o pregão desta quarta-feira (2) em alta. Os principais vencimentos exibiram valorizações entre 0,43% e 1,97%. O vencimento março/16 fechou cotado a R$ 44,70 a saca, enquanto o setembro/16, referência para a safrinha brasileira, fechou a R$ 37,30 a saca.

Bolsa de Chicago

Os contratos futuros do milho negociados na CBOT tiveram mais um dia de volatilidade, mas encerraram o pregão, próximos da estabilidade. Os principais vencimentos registraram ganhos entre 0,50 e 0,75 centavos. O contrato maio/16 fechou cotado a US$ 3,56¼ o bushel, enquanto o julho/16 fechou a US$ 3,60¾ o bushel.

Segundo os analistas, as preocupações vindas do mercado financeiro, entre elas a economia da China, tem contribuído a ausência dos fundos desses ativos mais arriscados, como as commodities de forma geral, especialmente as agrícolas. Com isso, há 6 meses, os preços do cereal em Chicago oscilam em um intervalo entre  US$ 3,50 e US$ 3,80 o bushel.

Segundo Steve Cachia, esse comportamento é agravado pela falta de perspectivas de uma mudança significativa nos fundamentos das principais commodities agrícolas. “Os preços vêm “andando de lado”, com um viés baixista, já há alguns meses e esse cenário não deve sofrer alterações muito fortes, caso não haja novidades nos fundamentos, porque isso mantém os especuladores fora desses mercados”, disse.

Em entrevista ao site Agriculture.com, o analista de mercado Price Futures Group, Jack Scoville, disse que “as vendas nesses níveis por parte dos produtores são difíceis encontrar. Incluindo os sul-americanos. Estamos todos esperando por notícias sobre plantações e a distribuição da área plantada”.

Do lado fundamental, existem algumas preocupações com o tempo para a próxima safra norte-americana, porém, ainda é um pouco cedo. “Com isso, ficamos com os fundamentos desse momento. Temos grandes estoques de milho no mercado interno e no exterior e tem havido pouca ou nenhuma notícia nova. Diante desse quadro, acreditamos que os preços podem manter sob alguma pressão no curto prazo, a menos que ocorra algum problema com a safra da América do Sul, o que poderia obrigar os compradores a preencher algumas necessidades imediatas nos EUA”, disse o estrategista chefe de mercado, em entrevista ao site internacional Agweb, Ted Seifried.

Fonte: Notícias Agrícolas

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