Soja: próximos 20 dias serão decisivos para a safra americana e para os preços

Os números do USDA que indicaram 59% das lavouras de soja em boas ou excelentes condições nos EUA surpreenderam o mercado e provocaram uma forte reação das cotações. Somente no pregão de terça-feira (1), os principais vencimentos caíram mais de 30 centavos.

Entretanto, as informações que vêm dos campos norte-americanos em áreas que ainda sofrem com adversidades climáticas trazem uma opinião comum: as safras continuam se deteriorando. As informações são do portal internacional Farm Futures. As áreas onde as piores condições são encontradas este nas Planícies ao norte.

E como ressalta a consultoria internacional CHS Hedging, “os 59% de lavouras de soja em boas ou excelentes condições é o segundo percentual mais baixo em dez anos para a classificação na semana em questão, ficando atrás apenas do ‘desastre’ de 2012”. Dessa forma, a apreensão dos produtores ainda existe, uma vez que ainda a todo o mês de agosto com a necessidade da manutenção de boas condições climáticas no Corn Belt para que a estimativa do USDA seja alcançada.

No próximo dia 10 de agosto, o USDA divulgará o seu boletim mensal de oferta e demanda e as expectativas do mercado são de que a estimativa de produtividade tanto para a soja, quanto para o milho, sejam menores do que as divulgadas em julho, de 48 bushels por acre para a soja e 170,7 bushel por acre por para o milho.

Números da consultoria INTL FCStone, por exemplo, já mostram uma estimativa para o milho de 162,1 bushels por acre e de 47,7 bushels por acre para soja. Assim, estimam a safra do milhol em 345.2 milhões de toneladas, contra 362,1 milhões de toneladas estimadas pelo USDA. Para a soja, a empresa estima uma colheita de 115.3 milhões de toneladas, enquanto a estimativa do USDA é de 115.9 milhões de toneladas. No ano passado, quando a safra esteve perto de ser perfeita, foram colhidas 117.2 milhões de toneladas de soja e 384.8 milhões de toneladas de milho.

Entre os 18 principais estados produtores, dez deles indicaram uma melhora das lavouras até o último domingo (31), enquanto seis voltaram a indicar uma piora. Dois deles mantiveram seus percentuais inalterados. Detalhando, a melhora continua a ser observada na porção leste do cinturão produtivo e a pior parte ainda são as áreas mais ao oeste e norte do Corn Belt. As Dakotas, Ohio, Indiana e Kansas ainda são os estados que mais preocupam.

A irregularidade da safra 2017/18 é bastante evidente. “Há variações extremas nas condições de lavouras nas lavouras de quase todos os agricultores”, relatou um produtor do noroeste de Ohio ao Farm Futures. “Tenho bons campos de milho e alguma coisa boa de soja, mas muitos campos também bem ruins e sem nenhum sinal de melhora. Eles foram plantados mais tarde e sofreram com as chuvas fortes da última semana”, disse.

Já de Illinois, um produtor afirmou que “o milho está em enchimento de grãos, mas noto espaços vazios na ponta das orelhas. As chuvas tardias não ajudarão”.

Segundo o engenheiro agrônomo e PhD em agricultura, Michael Cordonnier, “o tempo mais seco na região oeste do Corn Belt ajudou a rebaixar a classificação da soja nessas áreas. Já Illinois e Nebraska, dois estados-chave na produção de soja dos EUA, receberam chuvas bastante importantes na semana passada, o que melhorou a condição geral da safra nesses locais”.

Ao mesmo tempo, “ironicamente, o tempo quente e seco em Indiana e Ohio contribuiu para que fosse amenizado o excesso de umidade, permitindo uma melhora das lavouras nesses estados”, disse Cordonnier.

E apesar da melhora anunciada pelo USDA e das chuvas dos últimos dias, ainda de acordo com analistas internacionais, esses percentuais não refletem, necessariamente, se o potencial destas plantas também aumenta de semana em semana. O que significaria dizer que o potencial produtivo da safra americana não está assegurado e no caso da oleaginosa, tampouco concluído.

O agrônomo participou de um tour nos últimos dias pelo Meio-Oeste americano e pôde confirmar a irregularidade da nova safra. Foram visitados campos em Iowa, Minnesota, Dakotas do Sul e do Norte.

“Em todos os estados, a soja está baixa e tem sido mais impactada do que o milho. Nas áreas mais secas, a oleaginosa está com problemas consideráveis, uma vez que conta com raízes curtas, ‘presas’ nas camadas mais superficiais do solo, enquanto as do milho conseguem capturar umidade do subsolo, estando mais profundas”, disse Cordonnier.

E o profissional volta a dizer que “todo o oeste do Corn Belt é uma ‘decepção’ e há pouco tempo para uma recuperação”.

O mês de agosto tem a necessidade de um cenário climático favorável para que ocorra uma conclusão dentro do esperado para a safra 2017/18. Segundo o diretor da Labhoro Corretora, Ginaldo Sousa, “a soja ainda depende do clima nos próximos 15 a 20 dias”. A expectativa de produtividade da empresa para a oleaginosa é de 47 bushels por acre.

“Neste momento muitas áreas secas das Dakotas, norte de Iowa e Nebraska estão recebendo chuvas, o que melhora sensivelmente as condições das plantas”, disse Sousa.

A safra atual tem sido, segundo relatos de produtores americanos, “particularmente desafiadora já que muitos têm lutado contra as adversidades climáticas desde o início da primavera no país”. Assim, para os agricultores, mais importantes do que as classificações das lavouras são as chuvas.

Previsão do Tempo

 

E os novos mapas climáticos mostram que nos próximos dias, a área produtora dos Estados Unidos favorecida da soja deverá ser mais favorecida, principalmente no Centro-Sul.

“Os totais mais significativos são previstos a partir do dia 6 de agosto, quando correntes de ar irão fluir diretamente sobre o norte das planícies até o leste do Cinturão Agrícola, sustentando temperaturas mais amenas e oferecendo precipitações mais volumosas”, informa a consultoria internacional AgResource Brasil (ARC Brasil).

O boletim informa ainda que a regularidade maior das chuvas deverá acontecer no sul das Planícies, com bons volumes sendo esperados para o Texas, Oklahoma e partes da Louisiana e do Arkansas. “Em Iowa e Illinois as mudanças ainda são poucas, no entanto o calor excessivo e a forte estiagem parece não ser um problema para meados de agosto, nestas regiões. Estudos mostram que ondas de calor poderão retornar no final de agosto, entretanto ainda incerto”, informa a ARC Brasil.

Nesta quarta-feira, algumas tempestades estão se movendo pelo oeste do Corn Belt, trazendo temperaturas mais amenas, principalmente, para as Dakotas, segundo informações do NOAA.

E para os próximos 7 dias, os mapas ainda mostram volumes bastante elevados para algumas partes do Meio-Oeste, com algumas regiões recebendo mais de 50 mm.

Nos próximos 8 a 14 dias, de 9 a 15 de agosto, os mapas do NOAA seguem indicando temperaturas abaixo da média para o período, e chuvas acima, o que também poderia favorecer o desenvolvimento das plantas em algumas áreas.

 

Fonte: Notícias Agrícolas

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