Soja: Produtores de Mato Grosso buscam nova prorrogação do plantio para 31 de janeiro

Voltou a chover em algumas áreas de Mato Grosso na madrugada desta quarta-feira (30), áreas que vêm sendo castigadas pelo tempo extremamente seco. Os volumes, no entanto, variam de 2 a 8 mm em municípios como Sorriso, Vera, Canarana e Ipiranga do Norte, de forma muito localizadas e, portanto, insuficientes para amenizar a situação local ou trazer algum alívio.

As informações partem de produtores mato-grossenses que têm dificuldade, nesse momento, até mesmo para decidir suas próximas ações. Em alguns casos, muitos irão fazer o replantio de suas lavouras de soja pela terceira vez; em outros, a opção está sendo o plantio de milho. A única certeza que eles têm agora são das inúmeras áreas onde as perdas já são irreversíveis.

“Voltou a chover por aqui, mas onde já se perdeu, perdeu. Não tem mais jeito. Em algumas áreas, dá pra colher de 3 a 5 sacas por hectare, o que também não compensa, pois esse é o custo de uma colheita. E ainda há áreas que não receberam nem mesmo o primeiro plantio, esse é o meu caso”, lamentou o produtor rural Gilberto Peruzi, de Sorriso, com áreas em Ipiranga do Norte e Vera.

Para Peruzi, a prorrogação emergencial do plantio no estado para 15 de janeiro é insuficiente e é necessário que o período permitido se estenda até o próximo dia 31. Afinal, as últimas previsões climáticas ainda mostram chuvas irregulares e, por isso, não é possível concluir a semeadura em um tempo tão ajustado.

“Em uma das minhas áreas tenho ainda dois mil hectares para serem plantados e, com essas condições de chuvas, não consigo plantar tudo até o dia 15. Vai ser preciso escalonar esse plantio e não dá tempo”, explica o produtor. “Estamos com previsões de chuvas ainda irregulares e com a possibilidade de elas se normalizarem só da segunda semana de janeiro para frente”, disse.

Assim, os técnicos agrícolas e especialistas continuam nos campos, levantando os prejuízos e contabilizando as perdas causadas pela seca para que sejam gerados laudos e material suficiente para, entre outros objetivos, justificar a necessidade de um período maior desse período de semeadura.

Na próxima segunda-feira, 4 de janeiro, um novo pedido de nova prorrogação para o plantio da soja deverá ser protocolado em Cuiabá, Mato Grosso, pelos sindicatos e entidades de classe. A expectativa é grande, uma vez que não só essa nova safra de soja é prejudicada pelas atuais condições de clima, como a nova safrinha de milho também já exige atenção.

“Por conta desse atraso no plantio da soja, minha área de milho safrinha será reduzida em 30%”, disse Peruzi.

Outro assunto veio às discussões nesse período em que se observa a conturbada evolução da nova safra brasileira de soja: o vazio sanitário. O vazio, que em Mato Grosso está estipulado para valer de 5 de maio a 15 de setembro, tem como principal objetivo combater a ferrugem asiática. No entanto, o clima excessivamente quente no estado vem inibindo o aparecimento da doença e gerando questionamentos sobre se seria mesmo necessário nesse ano.

“Esperamos mudanças também no vazio sanitário aqui de Mato Grosso. Com esse clima quente, não tem ferrugem. Então, para que o vazio?”, questiona o produtor Gilberto Peruzi, que relata que sobre isso entidades, especialistas e produtores também estão em discussão para definir se as mudanças virão e quais serão.

Em sua coluna na Folha de S. Paulo nesta quarta-feira (30), o jornalista Mauro Zafalon destacou, entre outros pontos, as incertezas que rondam os dias dos produtores de soja de Mato Grosso. “O produtor Elso Vicente Pozzobon, vice-presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso), diz que ‘tudo está atrapalhado. Com tanta incerteza sobre o clima, não há como nem pensar em um planejamento'”.

Sobre Sorriso, que é a cidade que mais produz soja no mundo, Zafalon descreveu o momento como a “tempestade perfeita, uma tempestade sem chuva”.

 

Fonte: Notícias Agrícolas

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp