Assim como em Chicago, os preços da soja no Brasil também registraram um dia de estabilidade em quase todas as principais regiões produtoras do País. A exceção ficou por conta das praças do Sul, onde as cotações recuaram 0,80% no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, com a saca cotada de R$ 58,00 a R$ 69,00.
Já nos portos, os preços perderam força, principalmente em Paranaguá. Neste terminal, a saca da soja disponível foi cotada a R$ 70,00, em queda de 1,41% e a da safra nova a R$ 71,00, em queda de 2,74%. Em São Francisco do Sul/SC, queda de 0,43% para R$ 70,00. No porto de Rio Grande, estabilidade nos R$ 69,50 e R$ 72,30 para disponível e safra nova, respectivamente.
Os preços ainda refletem parte de sua regionalização, bem como a movimentação das cotações na Bolsa de Chicago e um dólar ainda fraco. A moeda americana fechou em baixa de 0,29%, cotada a R$ 3,1461 para venda. Nos últimos quatro pregões, como informa a Reuters, a perda acumulada da divisa é de 1,47%.
Esses preços mais baixos, porém, mantêm a demanda ainda muito aquecida pela soja brasileira, além da norte-americana, o que ajuda a segurar parte da força dos preços.
“Felizmente, a demanda continua muito forte, tanto lá, quanto aqui. As exportações brasileiras estão muito fortes, batendo recordes. Basta olharmos para setembro, com mais de 4 milhões de toneladas em um período em que já estamos na descendente. O ritmo é muito bom”, disse Camilo Motter, analista da Granoeste Corretora de Cereais.
No acumulado da temporada brasileira, o volume exportado da oleaginosa passa de 60.3 milhões de toneladas, contra pouco mais de 49 milhões de toneladas no mesmo período do ano anterior.
CBOT
Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros da soja fecharam em baixa de 1,25 a 2 centavos nos vencimentos mais negociados, com o novembro/17 cotado a US$ 9,55 ¼ e o maio/18, referência para a safra do Brasil, a US$ 9,84 ½ o bushel.
Segundo Motter, o mercado busca direcionamento neste momento. Se por um lado a boa oferta vinda dos Estados Unidos, resultado do avanço da colheita norte-americana, pesa sobre as cotações, bem como o início do plantio no Brasil, na outra ponta há essa boa movimentação da demanda dando algum suporte aos preços.
“Isso resulta em menores estoques que se contrapõem às notícias baixistas”, disse o executivo. Além disso, disse que “a questão climática sai definitivamente dos Estados Unidos e se transfere para Brasil e Argentina. Todas as previsões indicam que o Brasil dificilmente irá atingir novas produtividades recorde, se os números não ficarem muito próximos do ano passado, serão menores”.
O que também mantém o mercado mais morno neste momento é uma maior acomodação sendo observada também no mercado financeiro e por parte dos fundos, segundo Camilo Motter.
De olho na safra dos EUA, milho tem nova queda na CBOT e atinge a menor cotação em uma semana
Na Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos futuros do milho recuaram pelo segundo dia consecutivo. Os principais vencimentos ampliaram as perdas durante a sessão e fecharam em queda de 1,75 a 2,00 centavos, com o dezembro/17 cotado a US$ 3,49 ½ e o março/18 a US$ 3,62 ¼ o bushel.
Segundo informações da Reuters, as cotações atingiram os menores patamares em uma semana. “Os preços são pressionados pelo andamento da colheita nos Estados Unidos”, destacou a agência de notícias.
Além disso, há rumores no mercado de que o USDA pode revisar para cima a estimativa da produtividade das lavouras de milho no seu próximo relatório de oferta e demanda. O boletim será divulgado no dia 12 de outubro. Em setembro, a estimativa foi de 179,82 sacas por hectare.
“Os relatos dos campos estão mostrando um melhor rendimento para as lavouras. Potencial acima do esperado” indicou a Agritel sobre a colheita de milho e soja, em entrevista a Reuters.
Outro fator que também tem sido observado pelo mercado é o congestionamento de barcaças no rio Mississippi, principal canal de exportação para as culturas. “Além dos atrasos no transporte, o custo para transportar as colheitas do Meio-Oeste para os terminais de exportação na Costa do Golfo aumentou para valores quase recordes”, destacou o Agrimoney.com.
Paralelamente, o mercado também acompanha as informações sobre as chuvas no Brasil. Após um período mais seco, as chuvas retornaram às principais regiões produtoras essa semana. A perspectiva é que os trabalhos nos campos ganhem ritmo nos próximos dias, segundo o consultor Vlamir Brandalizze.
Mercado brasileiro
Segundo levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, em Cascavel (PR), a saca subiu 2,44%, cotada a R$ 21,00. Ainda no Paraná, em Pato Branco, a alta foi de 1,85%, com a saca cotada a R$ 22,00.
Em Luís Eduardo Magalhães (BA), a alta foi de 1,79% e a saca finalizou o dia cotada a R$ 28,50. Ainda segundo analistas, o fluxo de vendas melhorou na última semana de setembro, após a firmeza registrada nos preços ao longo do mês.
Enquanto isso, as exportações brasileiras permanecem aquecidas. Em setembro, o volume embarcado chegou a 5.91 milhões de toneladas, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior). Para essa temporada, a estimativa é que sejam exportadas 29 milhões de toneladas.
“Para atingir este volume o País deverá embarcar, em média, 4.55 milhões de toneladas por mês entre setembro e dezembro. A expectativa é de que os embarques continuem aquecidos nos próximos meses, mas é importante lembrar que com a colheita do milho nos Estados Unidos (2017/2018) em andamento e aumento da disponibilidade do cereal, se espera um aumento dos embarques norte-americanos e maior concorrência para o Brasil no mercado internacional nos próximos meses”, informou a Scot Consultoria.
Porto de Paranaguá
A saca do milho recuou 3,45% nesta terça-feira no Porto de Paranaguá e terminou o dia cotada a R$ 28,00. Além da queda de Chicago, o recuo no dólar também contribuiu para esse cenário.