Soja: custos sobem e margens devem seguir positivas

Além do La Niña, o produtor de soja também terá de lidar na nova safra com uma escalada nos custos de produção. Puxado pelos fertilizantes, que subiram, em média, 50%, o gasto com a lavoura apertou a margem dos agricultores. Ela tende a ser menor, mas ainda assim, os produtores caminham para ter o 16º ano consecutivo de lucro com a cultura.

O levantamento é da Datagro, que estima que os custos limitarão os ganhos dos produtores neste ciclo, a despeito dos bons preços internacionais das commodities agrícolas. Como exemplo, o coordenador de grãos da consultoria, Flávio França Junior, aponta aumentos de cerca de 50% dos custos no Rio Grande do Sul e em Mato Grosso, estados que lideraram a produção nacional em 2020/21.

Apesar disso, os cálculos iniciais do consultor – conservadores, segundo ele, apontam para uma lucratividade bruta ainda expressiva. No caso do Rio Grande do Sul, a margem média estimada é de 42% para 2022 (ano de colheita do grão). Em 2021, ela foi de 70%. “Mas este ano foi muito fora da curva. Em 2020, por exemplo, o estado teve rentabilidade de 29%, em função da quebra de safra”, disse França Júnior.

Para Mato Grosso, a parcial mostra uma margem média de 28% para ano que vem. Em 2021 e 2020, ela ficou em 60% e 46%, respectivamente. “No fim das contas, vemos mais uma acomodação, mas há outras formas de aumentar essa margem, como a melhora do preço ou produtividade. O custo não tem muita saída”, afirmou o consultor.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) também projeta aperto na lucratividade. Em seus cálculos iniciais para 2021/22, a estatal prevê margens mais otimistas, de 55,30%, para os mato-grossenses, mas o número também é menor que o do ciclo passado.

Seja como for, o ponto principal é ter uma boa estratégia para os custos, especialmente para itens mais caros. “Esse impacto [de custo] depende do momento de compra”, disse o pesquisador Mauro Osaki, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

“Temos produtores que adquiriram fertilizantes desta safra no quarto trimestre de 2020, quando compraram muito bem. Já produtores que deixaram para o fim do primeiro semestre de 2021 compraram fertilizantes mais caros.”

Osaki indicou ainda que boa parte dos produtores vendeu de forma bastante antecipada a safra 2020/21, o que não permitiu que eles aproveitassem totalmente a escalada de preços na bolsa de Chicago, ainda que tenham conseguido um bom preço médio. Se a tática de vendas for certeira, o dinheiro no bolso pode ser até maior.

“Embora os custos tenham crescido, se a produtividade for boa e os preços se mantiveram nos atuais patamares, a tendência é que, proporcionalmente, a margem seja melhor”, concluiu o pesquisador.

 

Fonte: Valor

Equipe SNA

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