Os negócios com a soja no Brasil continuam se desenvolvendo em um ritmo ainda bastante lento. Segundo o consultor Carlos Cogo, da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica, esse é um movimento natural do produtor brasileiro diante do atual momento do câmbio. Somente de dezembro a janeiro, o dólar cedeu mais de 7% e, em relação ao pico dos R$ 4,00, mais de 19%. Nesta quarta-feira, a moeda americana fechou o dia em queda de 0,22%, cotada a R$ 3,1916 para venda.
Assim, e com os preços voltando a recuar neste pregão em Chicago, a cotação da saca da soja no mercado disponível em Paranaguá foi de R$ 75,00, enquanto em Rio Grande cedeu 0,39% para R$ 76,20. Já no mercado futuro, a referência no terminal paranaense foi R$ 74,50 e, no gaúcho, R$ 77,50, com quedas de 0,67% e 0,39%, respectivamente.
Na contramão dos portos, porém, os preços da saca da soja no interior do Brasil registraram valorizações em boa parte das praças de comercialização pesquisadas pelo Notícias Agrícolas, com os ganhos mais expressivos sendo registrados no Paraná. Em Ponta Grossa a saca retornou aos R$ 74,00. As altas ficaram, apesar do dólar e Chicago, entre 0,46% e 2,78%.
Mercado Internacional
Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros encerraram os negócios em baixa de 2 a 2,25 centavos nos principais vencimentos. O março/17 fechou cotado a US$ 10,11 ½ e o maio/17, que é referência para a safra do Brasil, a US$ 10,20 ½ o bushel.
Analistas afirmam que esse recuo, que chegou, durante a parte da tarde a ultrapassar os 11 centavos, faz parte do ajuste antes da divulgação do relatório do USDA, e que gera especulações e realizações de lucros, especialmente após os ganhos da sessão anterior.
A atenção é grande também sobre as novas estimativas do USDA para a safra da América do Sul, que vem sofrendo com algumas adversidades climáticas em pontos importantes do Brasil e, principalmente, da Argentina, aonde as perdas já chegam a 5 milhões de toneladas e podem ser ainda maiores.
Ajudando a acentuar a queda, o recuo dos contratos do farelo de soja, ajudaram a pressionar as cotações do grão. A baixa, segundo analistas internacionais, foi estimulada ainda pelo aumento anunciado pela China nas tarifas antidumping para ingrediente de ração animal dos EUA.
Ainda segue influenciando Chicago a condição de clima na América do Sul. Enquanto a colheita se desenvolve no Brasil com estimativas de uma safra recorde. Algumas consultorias estimando até 105 milhões de toneladas, os relatos de importantes regiões produtoras do País indicam algumas perdas. A situação mais grave está sendo sentida no Matopiba.
Na Argentina, as perdas já chegam a 5 milhões de toneladas na safra 2016/17, segundo o consultor Pablo Adreani, da argentina AgriPAC. Os prejuízos, porém, podem aumentar ainda mais, caso as chuvas não deem uma trégua na zona núcleo de produção, que já recebeu 400 mm de chuvas nos últimos 30 dias, o que representa de 40% a 50% da média para todo o ano.
Adreani afirma que a realidade argentina, no entanto, ainda não foi contabilizada por Chicago, uma vez que o mercado internacional vê no aumento da safra brasileira, embora ainda não consolidado, uma compensação para as perdas de seu país. O consultor acredita que uma visão mais clara do cenário local pode chegar a partir de 20 de janeiro.
Fonte: Notícias Agrícolas