As receitas com as exportações dos produtos básicos acumulam alta de 26% de janeiro a julho, em relação a igual período anterior. Esse aumento ocorre devido ao bom ritmo dos três principias produtos do setor: soja, minério de ferro e petróleo. Juntos somaram US$ 41.2 bilhões nos sete primeiros meses deste ano, 48% mais do que no mesmo período de 2016.
Tomando como base apenas os produtos do agronegócio, a alta é de 9% no período. A soja em grãos lidera as exportações neste ano, somando US$ 19.2 bilhões. Considerado todo o complexo soja (grãos, farelo e óleo), as receitas são de US$ 22.9 bilhões, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
As exportações de soja, passado o período de maior ritmo, o que ocorre no primeiro semestre de cada ano, começam a recuar. No mês passado, o volume caiu para 6.96 milhões de toneladas, contra 9.18 milhões de toneladas em junho.
As exportações de carnes, apesar de todos os problemas ocorridos no setor no primeiro semestre deste ano, têm saldo positivo. Um dos motivos é a elevação dos preços no mercado internacional. A venda externa de carne de frango “in natura”, a de maior peso no setor, rendeu US$ 3.7 bilhões até julho, com aumento de 7,4%. As receitas com as carnes bovina e suína aumentaram 3,2% e 25,9%, respectivamente, no acumulado do ano.
Esperava-se preço externo em alta por um período maior, mas a recomposição dos estoques mundiais está com ritmo melhor. Com isso, os preços praticados em Nova York estão 21% inferiores aos de um ano atrás. Já as receitas das exportações de julho ficaram abaixo das de junho e das do mesmo período do ano passado.
Milho e fumo
A Balança Comercial do agronegócio terá uma participação menor da soja neste segundo semestre, mas milho e fumo em folhas deverão compensar parte deste recuo da oleaginosa.
É provável que o milho atinja recorde no volume vendido neste ano. Algumas estimativas indicam 30 milhões de toneladas. O volume financeiro, no entanto, devido ao recuo nos preços do produto, deverá ser inferior ao de 2016. As receitas com fumo em folhas, em queda nos primeiros meses do ano, devido à quebra de safra em 2016, começam a reagir. Nos dois últimos meses, o volume médio mensal superou 200 mil toneladas.
Crédito
O setor agrícola não vê com bons olhos a possibilidade de o governo cobrar Imposto de Renda sobre as operações de LCA (Letra de Crédito do Agronegócio). Criado com o intuito de dar mais recursos para financiar o setor agrícola, as LCAs têm grande importância na complementação do sistema de crédito rural, disse Ivan Wedekin, diretor da Wedekin Consultores.
“O cobertor do crédito ficou curto, e o apoio veio das LCAs”, disse Wedekin. Na safra 2015/16, as LCAs representaram 8,1% de todo o crédito do sistema. Segundo o diretor, na safra 2016/17, esse volume atingiu R$ 18.2 bilhões, 11,4% do total de crédito.
Wedekin diz que as LCAs vieram cobrir parte da redução de crédito vindo das exigibilidades dos depósitos à vista dos bancos e da poupança.
Por Mauro Zafalon
Fonte: Folha de S.Paulo