Soja: mercado fecha em queda na CBOT com guerra comercial e projeção de boa safra nos EUA

Os contratos futuros da soja na CBOT voltaram a fechar em baixa. Os principais vencimentos registraram quedas de 4 a 4,50 centavos, com o setembro/18 cotado a US$ 8,87 e o novembro/18 a US$ 8,97 ½ o bushel.

Os contratos futuros do farelo de soja na CBOT também voltaram a fechar em baixa. Os principais vencimentos registraram quedas de US$ 3,40 a US$ 3,50, com o setembro/18 cotado a US$ 331,00 e o dezembro/18 a US$ 332,60 a tonelada curta.

O movimento de realização de lucros continuou e o mercado voltou a sentir a pressão, mais uma vez, do desenvolvimento da  guerra comercial China x Estados Unidos. Dessa forma, com exceção do janeiro, os principais vencimentos voltaram fechar abaixo dos US$ 9,00 o bushel.

Além das tarifas americanas começarem a valer sobre o volume de US$ 200 bilhões em importações chinesas, o governo dos EUA informou ainda que poderá elevá-las de 10% para 25% e a pressão desse fato, que desde maio pesa sobre as cotações da oleaginosa na CBOT, se renovou. E isso aconteceu mesmo depois de rumores, ainda nesta semana de que China e EUA voltariam a se reunir para retomar as discussões sobre as taxações.

Além disso, essa nova ameaça de Washington driou espaço ainda para que o mercado entenda que mais retaliações poderão vir por parte da China, como a que taxa a soja americana pelos chineses em 25% e que já provocou sérios danos nas exportações norte-americanas.

No boletim semanal de vendas para exportação nesta quinta-feira (2/8), o USDA divulgou cancelamentos de 436.000 toneladas da safra 2017/18, de destinos desconhecidos (316.200 toneladas) e da China (120,000 toneladas) que foram compensados pelas vendas para a Alemanha (143.300 toneladas) e para outros países.

A compra da Alemanha confirma que países da União Europeia têm, de fato, respondido por volumes maiores de soja exportada pelos americanos.

No acumulado deste ano comercial, as vendas dos EUA já somam 58.133.200 toneladas, contra pouco mais de 60.6 milhões de toneladas do ano passado nesse mesmo período, e frente à estimativa total do USDA de 56.750.000 toneladas.

Da safra 2018/19, os EUA venderam 543.284 toneladas (+47,8% em relação ao mesmo período no ano passado), com o maior volume sendo adquirido por destinos desconhecidos e o total ficou dentro das estimativas do mercado, que variavam de 300.000 a 700.000 toneladas.

Foram vendidas ainda 136,306 toneladas de farelo e 15,947 toneladas de óleo.

O mercado segue acompanhando as condições climáticas nos EUA e o desenvolvimento das lavouras, que entram no seu mês-chave para definição de produtividade. Embora a seca comece a preocupar em algumas regiões, as projeções ainda mostram uma safra com bom e importante potencial chegando dos EUA.

Nesta quinta-feira, a INTL FCStone divulgou a sua pesquisa de resultados de produtividade e produção e os números para a soja vieram bem acima das últimas estimativa do USDA. A consultoria internacional estima um rendimento de 57,2 sacas por hectare e uma colheita de 124.48 milhões de toneladas. Os últimos números do USDA foram de 54,35 sacas por hectare e uma safra de 117.3 milhões de toneladas.

Assim, segundo o consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, apesar dos bons números, a nova safra americana passa a ser um dos fundamentos mais importantes desse momento e pode, por conta de algumas adversidades climáticas que viria a enfrentar e da boa demanda trazer algum suporte para os preços em Chicago.

“O cenário para a safra americana continua preocupante, principalmente pela chegada de uma massa de ar quente de alta pressão no Centro do país. Essa massa de ar deve se expandir no começo da próxima semana, elevando as temperaturas e reduzindo a regularidade das chuvas. O Cinturão Agrícola norte-americano está entre as áreas com o maior potencial de efeito prejudicial”, mostram informações apuradas pela AgResource Mercosul (ARC).

Sobre as chuvas, estas também deverão ser mais escassas nos próximos dias. “As precipitações médias também serão reduzidas na próxima semana, com os totais pluviométricos mais expressivos concentrados no lado Leste dos EUA. O atual cenário é regular, com níveis de umidade do solo adequados. No entanto, se tão padrão climático árido se confirmar para a segunda semana de agosto, preocupações mais graves começarão a surgir”, afirmam os especialistas da consultoria internacional.

Milho: na CBOT, mercado volta a fechar em alta com correção técnica e apoiado pela alta do trigo e pelas vendas semanais

Os contratos futuros do milho na CBOT fecharam em alta. Os principais vencimentos registraram ganhos de 1,75 a 2 centavos, com o setembro/18 cotado a US$ 3,66 ¾ e o dezembro/18 a US$ 3,81 ¼ o bushel.

Os contratos futuros do trigo na CBOT fecharam em alta pela quarta sessão consecutiva, atingindo as maiores cotações desde 14 de junho. Os principais vencimentos registraram ganhos de 2,25 a 6 centavos, com o setembro/18 cotado a US$ 5,60 ½ e o dezembro/18 a US$ 5,82 ¾ o bushel.

“O mercado do milho encontrou suporte em algumas compras técnicas depois da queda de ontem”, informou a Reuters.

Outro fato que também impulsionou os preços da commodity nesta quinta-feira foi o relatório de vendas semanais do USDA.

Da safra 2017/18 foram vendidas 292.022 toneladas, abaixo das expectativas do mercado, que variavam entre 300.000 a 600.000 toneladas. As vendas safra 2018/19 totalizaram 986.125 toneladas, que ficaram acima das expectativas do mercado que variavam de 400.000 a 800.000 toneladas.

Os ganhos do trigo também ajudam o mercado de milho. “Os futuros de trigo dos EUA subiram pela quarta sessão consecutiva, registrando uma alta esta semana para quase 6%, com temores que o tempo quente e seco em vários grandes exportadores vão reduzir a produção global, o que empurrou os preços para patamares mais altos”, informou a Reuters.

As vendas semanais do trigo totalizaram 382.452 toneladas

Além disso, o clima no Meio-Oeste americano permanece no radar do mercado. Isso porque, as previsões voltaram a indicar temperaturas acima da média e poucas chuvas em alguns estados.

Mercado doméstico

Segundo levantamento da equipe do Notícias Agrícolas, em São Gabriel do Oeste (MS), a saca subiu 7,69% e foi cotada a R$ 28,00. Na região de Assis (SP), a alta foi de 4,76%, com a saca cotada a R$ 33,00.

Já no Porto de Paranaguá, a saca no mercado futuro, para entrega em setembro/18, subiu 2,56% e foi cotada a R$ 40,00. Em Tangará da Serra (MT), a saca caiu 2,22% e foi cotada a R$ 22,00.

Apesar da colheita da segunda safra em andamento, os preços do cereal firmaram no mercado interno a partir de meados de julho, com as recentes revisões para baixo da produtividade da segunda safra. No mais, a ponta vendedora se mostrou mais retraída com relação a oferta, à espera de preços melhores, informou a Scot Consultoria.

A consultoria ainda pondera que a expectativa é de mercado firme diante da menor da oferta do lado vendedor, contudo o avanço da colheita possa limitar os ganhos.

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