Soja fechou em baixa com movimento de realização de lucros

Nas últimas cinco sessões o novembro acumula uma alta de 1,72% e o janeiro de 1,56% – Foto de Kelly Sikkema na Unsplash

Os contratos futuros da soja na CBOT fecharam em baixa após quatro sessões consecutivas de alta. Os principais vencimentos registraram quedas de 11,50 a 13,25 centavos, com o novembro cotado a US$ 13,02¼ (- 1,01%) e o janeiro/24 a US$ 13,20¼ (- 0,86%) o bushel. O novembro na máxima do dia (US$ 13,18½), registrou a maio cotação desde 21 de setembro. Nas últimas cinco sessões o novembro acumula uma alta de 1,72% e o janeiro de 1,56%.

Os contratos futuros do farelo de soja na CBOT fecharam em baixa, exceto o dezembro que fechou em alta de US$ 0,90, após quatro sessões consecutivas de alta. Os principais vencimentos registraram quedas de US$ 1,60 a US$ 3,20, com dezembro cotado a US$ 423,90 (+ 0,21%) e o janeiro/24 a US$ 412,60 (- 0,39%) a tonelada curta. O dezembro na máxima do dia (US$ 425,70), registrou a maior cotação desde 22 de julho. Nas últimas cinco sessões o dezembro acumula uma alta de 8,69% e o janeiro/24 de 6,92%.

O óleo de soja fechou em alta, após três sessões consecutivas de baixa, com o dezembro registrando um ganho de 0,53%. Nas últimas cinco sessões o dezembro acumula uma queda de 1,82%.

Após quatro sessões consecutivas de alta, a soja fechou em baixa.

Segundo Daniele Siqueira, analista da AgRural, a queda da soja foi resultado de um movimento de realização de lucros, uma vez que o vencimento novembro, na máxima do dia registrou a maior cotação em mais de um mês.

Segundo o analista, a alta recente foi impulsionada pelo movimento de compra, especialmente do farelo, e também por um certo desconforto em relação aos problemas enfrentados pelos produtores no plantio do Brasil, e ainda pelo otimismo com a melhora do ritmo das exportações dos EUA, destacou a analista.

O plantio da safra brasileira de soja 2023/24, que registra um atraso em relação à safra 2022/23 tem adicionado um prêmio de risco aos contratos futuros, cenário que deve pode voltar a refletir em preços mais altos para a oleaginosa.

O atraso no plantio não chega a ameaçar o tamanho da safra. O problema, neste momento, são as temperaturas muito altas previstas para os próximos dias. Caso o calor recorde se confirme e as chuvas continuem irregulares, a situação pode se complicar em alguns Estados, especialmente em Mato Grosso.

Por fim, a analista lembra que o fim de outubro e início de novembro geralmente é marcado por um período de recuperação dos preços da soja em Chicago, após o mercado absorver o impacto da entrada da primeira metade da colheita da safra americana.

A combinação de um eventual agravamento dos problemas no plantio no Brasil com registros de exportação e embarques maiores nos EUA, especialmente para a China, poderia dar suporte, no campo dos fundamentos, a essa tendência sazonal. Mas nada garante que isso vai acontecer, indicou a analista da AgRural.

MT

As altas temperaturas registradas em Mato Grosso nos últimos dias estão prejudicando o plantio de soja no estado, que está autorizado desde o dia 16 de setembro a efetuá-lo.

Alguns produtores já relatam que vão precisar replantar, pois o calor comprometeu o desenvolvimento inicial das lavouras.

Segundo o Aproclima, projeto de monitoramento climático da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), algumas regiões têm registrado temperaturas acima dos 44 graus, como alguns municípios da Região Sul.

Por outro lado, parte dos sojicultores tem atrasado o plantio para evitar prejuízos.

“Os produtores vivem um momento de muita apreensão. De um lado, temos o atraso no plantio em relação aos outros anos e com o agravante de altas temperaturas, que coloca em xeque os plantios já efetuados, uma vez que a temperatura alta pode comprometer o desenvolvimento e até fazer com que se percam lavouras”, disse o Presidente da Aprosoja-MT, Fernando Cadore.

Ainda segundo Cadore, as lavouras poderão ter uma redução na produtividade em razão do calor, além de o atraso comprometer o plantio do milho de segunda safra, semeado logo após a colheita da oleaginosa.

“Isso gera um atraso no desenvolvimento da soja e, em consequência, o próximo plantio do milho, que já se encontra com os custos elevados. Isso tem desestimulado o produtor, pois em muitas regiões o custo torna o milho inviável, então, preocupa muito mais”, disse o Presidente da entidade.

Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), o plantio da soja está mais de 6% atrasado em relação ao mesmo período do ano anterior.

Até a última sexta-feira (13), o plantio havia atingido 35,09% da área estimada contra 41,35% na safra anterior. A nova atualização do plantio será divulgada ainda hoje.

Segundo o IMEA, a região mais atrasada em relação à safra anterior é a Sudeste, na qual o plantio atingiu 23,90% até a última sexta. Na mesma data do ano anterior, o plantio já havia atingido 45,24% da área, o que representa um atraso de 21,33%.

Milho fecha em baixa em movimento de correção

Os contratos futuros do milho na CBOT fecharam em baixa, após duas sessões consecutivas de alta. Os principais vencimentos registraram quedas de 8 a 9,50 centavos, com o dezembro cotado a US$ 4,95½ (- 1,88%) e o março/24 a US$ 5,09 (- 1,55%) o bushel. O dezembro na máxima do dia (US$ 5,09½), registrou a maior cotação desde 2 de agosto. Nas últimas cinco sessões o dezembro acumula uma alta de 0,46% e o março de 0,10%.

Os contratos futuros do trigo na CBOT fecharam em baixa, após duas sessões consecutivas de alta. Os principais vencimentos registraram quedas de 6,25 a 8 centavos, com o dezembro cotado a US$ 5,86 (- 1,35%) e o março/24 a US$ 6,13½ (- 1,01%) o bushel. O dezembro na máxima do dia (US$ 6,04½), registrou a maior cotação desde 15 de setembro. Nas últimas cinco sessões o dezembro acumula uma alta de 1,08% e o março de 1,20%.

As recentes altas do milho e do trigo no mercado motivaram um movimento de realização de lucros na bolsa de Chicago.

Assim como aconteceu com a soja, o vencimento dezembro registrou a maior cotação desde o início de agosto.

Segundo Daniele Siqueira, da AgRural, o milho passou a cair depois de registrar essa máxima, reforçando a percepção de que a queda de hoje foi um movimento de correção técnica e de realização de lucros.

Ela lembra que a situação de oferta e demanda de milho nos EUA é muito tranquila e contém movimentos expressivos de alta em Chicago.

No entanto, fez uma ressalva que o mercado pode encontrar suporte, caso as dificuldades no plantio da soja do Brasil reforcem o temor de que a janela do plantio da nossa safrinha de milho 2024 possa ficar muito curta, com possível impacto sobre a produção”.

O trigo também fechou em baixa. Contudo, apesar do recuo nesta sexta-feira, o conflito entre Israel e o grupo armado Hamas ainda é um ponto de atenção no mercado do trigo. As nações envolvidas na guerra respondem por uma demanda de 27 milhões de toneladas, segundo a Consultoria Granar.

O agravamento dos combates poderá levar os países a procurarem reforçar as suas reservas alimentares estratégicas, indicou a Consultoria, em relatório.

As condições climáticas adversas na Argentina e na Austrália também contribuíram para o movimento de alta.

A Bolsa do Comércio de Rosário informou em boletim que a situação é complexa para os produtores de trigo da Zona Central da Argentina.

“Estima-se que cerca de 650.000 hectares de trigo estejam em condições de razoáveis​​a ruins e a queda da produtividade potencial chega a 50%”, indicou a entidade.

Ucrânia

Até o momento, a Ucrânia colheu 57.6 milhões de toneladas de grãos e sementes oleaginosas da nova safra de 2023, informou o Ministério da Agricultura nesta sexta-feira.

O Ministério informou em um comunicado que 39.2 milhões de toneladas de grãos e 18.4 milhões de toneladas de sementes oleaginosas foram colhidas. A colheita termina no final deste ano, dependendo do clima.

Os volumes incluem 22.4 milhões de toneladas de trigo, 5.9 milhões de toneladas de cevada, 9.3 milhões de toneladas de milho e volumes menores de outros cereais.

O Ministério também informou que os agricultores colheram 4 milhões de toneladas de colza e mais de 10.2 milhões de toneladas de sementes de girassol.

O Ministério não forneceu dados comparativos para o ano anterior.

A Ucrânia é um importante produtor e exportador agrícola global e espera uma colheita abundante este ano devido ao bom tempo.

O sindicato das tradings ucranianas, UGA estimou no mês passado que a colheita combinada de grãos e sementes oleaginosas de 2023 poderia totalizar 80.5 milhões de toneladas.

Argentina

O plantio de milho da safra 2023/24 na Argentina atingiu 19,90% da área estimada de 7.3 milhões de hectares, avanço de 0,60% em relação à semana anterior, informou a Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA) nesta quinta-feira, em relatório semanal. Na comparação com a safra anterior, os trabalhos estão 2,90% adiantados.

Faltando uma semana para o fim da janela ideal de plantio de milho precoce, produtores começaram a optar pelo plantio do milho tardio, informou a BCBA. Segundo o relatório, geadas na semana passada afetaram os núcleos Norte e Sul, que dependerão de chuvas nos próximos dias para sua recuperação.

Quanto ao trigo, a BCBA informou que o percentual das lavouras em boas ou excelentes condições diminuiu de 13% para 11% na semana. O percentual das em condições normais caiu de 45% para 42%. Outras 47% estavam em condições regulares ou ruins, de 42% na semana anterior.

Trigo – Brasil

O mercado brasileiro de trigo segue registrando poucos negócios. Os produtores, além de focados nos trabalhos de colheita, se colocam na defensiva à espera de uma definição da safra, em meio as condições climáticas adversas. Além disso, a expectativa em relação a intervenção do Governo Federal para a garantia dos preços mínimos faz com que os vendedores se retraiam ainda mais.

Os temores de que os efeitos do fenômeno El Niño trariam danos à produção de trigo no Brasil estão se consolidando. No Paraná, onde as estimativas iniciais indicavam uma produção próxima das 4.4 milhões de toneladas. Contudo, os novos números da Safras & Mercado indicam 3.7 milhões de toneladas. No Rio Grande do Sul, números preliminares estimavam 5.4 milhões de toneladas e as projeções atuais indicam cerca de 4.785 milhões de toneladas.

Segundo o analista da Safras & Mercado, Elcio Bento, com a colheita ainda em andamento, esses números ainda devem sofrer novos ajustes. Se confirmados, comparada com o mesmo período do ano passado, a produção paranaense registraria um aumento de 100.000 toneladas enquanto a gaúcha recuaria 1.225 milhão de toneladas.

A safra brasileira de trigo deve totalizar 10.355 milhões de toneladas em 2023. A estimativa da Safras & Mercado foi reajustada para baixo devido ao excesso de umidade e às altas temperaturas no inverno. Anteriormente, eram estimadas 11.540 milhões de toneladas. No ano passado, o Brasil produziu 11.417 milhões de toneladas.

Paraná – Segundo o Departamento de Economia Rural (DERAL) da Secretaria de Agricultura do Paraná, até 17 de outubro, a colheita atingia 80% da área no estado. Na semana anterior, atingia 73%. A maioria das lavouras está em boas condições. O DERAL ainda estima a safra paranaense em 4.155 milhões de toneladas.

Rio Grande do Sul – Já no Rio Grande do Sul, a colheita de trigo atingia 19% da área até 19 de outubro. Na semana anterior, os trabalhos atingiam 11%. No mesmo período do ano passado, atingia 5%. A média dos últimos cinco anos é de 18%.

Segundo a Emater/RS, os resultados obtidos nas áreas já colhidas indicam a redução na produtividade em relação ao estimado inicialmente. Além disso, aumenta a preocupação com a qualidade, especialmente em relação à eventual presença de micotoxina, derivada da alta umidade no período final do ciclo da cultura e da elevada incidência de giberela.

Por Equipe SNA
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