Soja fechou em alta com o mercado focado na colheita nos EUA e no plantio do Brasil

O óleo de soja fechou em alta pela terceira sessão consecutiva – Imagem de wirestock no Freepik

Os contratos futuros da soja na CBOT fecharam em alta. Os principais vencimentos registraram ganhos de 5,75 a 6 centavos, com o novembro cotado a US$ 12,86¼ (+ 0,47%) e o janeiro/24 a US$ 13,05¾ (+ 0,44%) o bushel. Nas últimas cinco sessões o novembro acumula uma alta de 1,74% e o janeiro de 1,81%.

Os contratos futuros do farelo de soja na CBOT fecharam em alta. Os principais vencimentos registraram quedas de US$ 0,10 a US$ 0,20, com dezembro cotado a US$ 390,20 (+ 0,05%) e o janeiro/24 a US$ 385,90 (estável) a tonelada curta. Nas últimas cinco sessões o dezembro acumula uma alta de 4,16% e o janeiro/24 de 3,32%.

O óleo de soja fechou em alta pela terceira sessão consecutiva, com o dezembro registrando um ganho de 2,80%. Nas últimas cinco sessões o dezembro acumula uma alta de 3,65%.

Segundo o Diretor-Geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa, o mercado continua dividido entre os cenários financeiro, geopolítico e fundamental, focado em cada nova notícia que surge, buscando entender como impactam os mercados. “A guerra entre o Hamas e Israel continua sendo o foco principal do momento, com os traders atentos aos acontecimentos e notícias atuais. A colheita segue firme no Meio-Oeste americano e, como sempre, é motivo de pressão sobre os preços na CBOT para as commodities. A China por sua vez aparece como grande comprador mundial de trigo, o que certamente também vai buscar a origem americana”, disse Sousa.

Mais do que isso, atenções também sobre o plantio brasileiro, que segue atrasado em função da falta de chuvas em algumas regiões e do excesso em outras. Dados divulgados pela Pátria Agronegócios na última sexta-feira (13) mostram que o plantio da safra 2023/24 havia atingido 17,35% até sexta-feira (13), ainda atrás do mesmo período do ano passado, quando o plantio havia atingido 22,60%. A média dos últimos cinco anos é de 16,79%.

“As condições climáticas na América do Sul continuam irregulares, com poucas chuvas nas áreas produtoras durante o final de semana. Segundo o modelo GFS, o clima sul-americano continua irregular, trazendo poucas chuvas durante o final de semana para as áreas produtoras do Brasil, Argentina e Paraguai. Ainda segundo o GFS, as previsões para os próximos 10 dias, indicam clima úmido no Sul do Brasil, com chuvas no RS, SC e Sul do PR, com tempo predominantemente seco para o resto do País”, disse o Diretor da Labhoro.

A demanda pela soja americana aumentou e serviu como suporte para os preços na bolsa de Chicago nesta segunda-feira (16/10). Segundo informações do USDA, os embarques de soja do país aumentaram 42,90% na semana encerrada em 12 de outubro, para pouco mais de 2 milhões de toneladas. Esse volume superou também as 1.9 milhão exportadas na mesma semana do ano passado.

“O bom ritmo dos embarques americanos favoreceu o movimento de alta hoje. Além disso, o mercado ainda tenta ‘digerir’ as últimas estimativas do USDA, que trouxeram um balanço de oferta mais apertado”, indicou João Pedro Lopes, analista da StoneX.
Ele acrescenta, no entanto, que a alta da soja é limitada neste momento, uma vez que o baixo nível do Rio Mississipi pode prejudicar o ritmo das exportações americanas no curto prazo.

“Existe uma dúvida quanto à demanda para exportação apesar dos bons volumes reportados nesta segunda-feira. O nível do Rio Mississipi deve seguir baixo até o fim deste mês, aumentando os preços dos fretes de grãos dos EUA em um momento em que o Brasil tem ampla oferta de soja e milho com preços competitivos”, indicou o analista.

USDA – Vendas

Exportadores reportaram ao USDA a venda de 183.000 toneladas de farelo de soja do ano comercial 2023/24 para as Filipinas.

Plantio Brasil

O plantio da safra 2023/24 de soja atingiu 17% da área estimada na quinta-feira (12), contra 10% uma semana antes e 24% no mesmo período do ano passado, segundo levantamento da AgRural.

Ao longo da semana, os trabalhos perderam fôlego em diversos estados devido as dificuldades climáticas, especialmente as causadas por altas temperaturas e irregularidade das chuvas, combinação que pode levar ao replantio de algumas áreas em Mato Grosso.

Mercado Interno

Os preços da soja em grão caíram no mercado brasileiro na semana passada. Segundo pesquisadores do CEPEA, a pressão foi resultado da desvalorização do dólar e da intensificação da colheita de soja nos Estados Unidos. Esse contexto atraiu importadores para o Hemisfério Norte e resultou em uma menor demanda pela oleaginosa brasileira.

Quanto ao farelo, os preços ficaram praticamente estáveis na semana passada, tendo em vista que grande parte dos consumidores domésticos realizou contratos de longo prazo e não tem necessidade de novas aquisições no mercado spot nacional. Pesquisadores do CEPEA destacam que ao contrário do grão e do farelo, os preços do óleo de soja subiram no mercado brasileiro, impulsionados pela firme demanda, sobretudo por parte de indústrias de biodiesel no Brasil.

Milho fechou em baixa com demanda fraca, apesar de nova venda para o México

Os contratos futuros do milho na CBOT fecharam novamente em baixa. Os principais vencimentos registraram quedas de 3,25 a 3,50 centavos, com o dezembro cotado a US$ 4,90 (- 0,66%) e o março/24 a US$ 5,05 (- 0,69%) o bushel. Nas últimas cinco sessões o dezembro acumula uma alta de 0,36% e o março de 0,25%.

Os contratos futuros do trigo na CBOT fecharam em baixa, após duas sessões consecutivas de alta. Os principais vencimentos registraram quedas de 1,75 a 2,50 centavos, com o dezembro cotado a US$ 5,77¼ (- 0,43%) e o março/24 a US$ 6,04½ (- 0,29%) o bushel. O dezembro na máxima do dia (US$ 5,88½), registrou a maior cotação desde 27 de setembro. Nas últimas cinco sessões o dezembro acumula uma alta de 0,79% e o março de 0,17%.

Ao contrário da soja, a demanda pelo milho americano Unidos segue abaixo do ideal, fato que continua a pesar sobre as cotações do cereal na bolsa de Chicago.

As exportações de milho dos Estados Unidos totalizaram 434.400 toneladas no período de sete dias encerrado em 12 de outubro, informou nesta segunda-feira (16), o USDA.

O volume exportado representou uma forte queda de 46% em relação ao da semana anterior, e também ficou abaixo das 460.000 toneladas vendidas no mesmo período de 2022.

João Pedro Lopes, analista da StoneX, lembra que diferente da soja, o cenário de oferta mundial para o milho está mais confortável, favorecendo o movimento de queda nos preços futuros.
Ainda segundo ele, apenas uma piora considerável das condições das lavouras na América do Sul poderia provocar alguma reação nos preços em Chicago.

“Devido à falta de chuvas, o plantio de milho na Argentina está em atraso se comparado com a média dos últimos anos. Apesar disso, a perspectiva para a produção ainda é favorável, e, caso a colheita seja muito menor que o esperado, pode ser que os preços tenham fôlego para subir em Chicago”, indicou Lopes.

O trigo reverteu o movimento inicial de alta e fechou em baixa, a despeito do aumento da demanda pelo cereal dos Estados Unidos.

O trigo estava em alta desde a manhã desta segunda-feira com a informação de uma compra improvável dos EUA. A China adquiriu 181.000 toneladas de trigo de inverno vermelho soft para entrega em 2023/2024, informou o USDA em um relatório na sexta-feira (13). Outras 220.000 toneladas foram negociadas para 2024/25.

Os americanos também exportaram mais trigo na última semana. As vendas externas aumentaram 15,90% no período de sete dias encerrado em 12 de outubro, para 354.700 toneladas. No mesmo período do ano passado, as exportações totalizaram 244.500 toneladas.

USDA – Vendas

Exportadores reportaram ao USDA a venda de 200.000 toneladas de milho do ano comercial 2023/24 para o México.

Ucrânia

Os ataques da Rússia à infraestrutura agrícola e aos navios da Ucrânia desde julho destruíram quase 300.000 toneladas de cereais, informou a Reuters, citando o governo ucraniano. Desde que a Rússia abandonou a Iniciativa de Cereais do Mar Negro, em julho, as suas forças militares atingiram seis navios civis e 150 instalações portuárias e de cereais durante 17 ataques, destruindo colheitas destinadas à exportação, informou o Vice-Primeiro-Ministro Oleksandr Kubrakov em um comunicado.

“Esta é a tentativa da Rússia de aprofundar a crise alimentar nos países que dependem dos produtos ucranianos”, informou Kubrakov. Os danos nos portos ucranianos reduziram o potencial de exportação de grãos do país em 40%, indicou Kubrakov.

A Rússia invadiu a Ucrânia em 22 de fevereiro de 2022 e durante os primeiros cinco meses do conflito estabeleceu um bloqueio para impedir a Ucrânia de exportar grãos para o Mar Negro. Além disso, concordou em suspender o bloqueio em julho de 2022, quando assinou um acordo mediado pelas Nações Unidas e pelo governo turco permitindo a retomada das exportações de grãos.

O país abandonou o acordo em julho passado, informando que a sua exigência de levantamento das sanções às suas exportações de cereais e fertilizantes não tinha sido cumprida. Depois de restabelecer o bloqueio, a Rússia começou a bombardear os ativos cerealíferos ucranianos nos portos do Mar Negro e ao longo do rio Danúbio.

Segundo o Ministério de Política Agrária e Alimentação, até 3 de outubro, a Ucrânia havia exportado 6.82 milhões de toneladas de grãos até o momento na temporada 2023-24 de julho a junho, uma queda de 24% em relação as 8.99 milhões de toneladas no mesmo período do ano anterior, quando o acordo de grãos do Mar Negro estava em vigor.
Estima-se que a Ucrânia colha 79 milhões de toneladas de cereais e oleaginosas em 2023, com excedentes exportáveis totais em 2023-24 de cerca de 50 milhões de toneladas.

Exportações Brasil

Em duas semanas do mês de outubro, o Brasil já exportou 3.989.484 toneladas de milho não moído (exceto milho doce), segundo o mais recente relatório da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulgado hoje. Esse volume representa 58,79% do que o total exportado em outubro de 2022 (6.785.069 toneladas).

Com isso, a média diária de embarques nestes 9 primeiros dias úteis foi de 443.276 toneladas, o que na comparação ao mesmo período do ano passado, representa um aumento de 24,10% em relação as 357.108 toneladas do décimo mês de 2022.

O consultor da Terra Agronegócios, Ênio Fernandes, destaca que o Brasil está se aproveitando para ocupar espaços deixados por um cenário de fragilidade nos Estados Unidos no mercado internacional, amplificando as exportações.
Fernandes aponta o dólar com um dos fatores atraentes para as exportações, assim como os prêmios brasileiros, que hoje estão a US$ 1,00 acima das cotações de Chicago. Até setembro, já foram embarcadas quase 28 milhões de toneladas de milho e mais de 9 milhões de toneladas estão programadas nos line-ups de outubro.

Segundo o consultor, as exportações estão ajudando a nivelar o mercado interno, já que os produtores conseguem ofertas maiores pelo grão e fazem os consumidores nacionais buscarem mais compras antes que todo o volume seja exportado.

Em termos financeiros, o Brasil já arrecadou um total de US$ 924.779 milhões no período, contra US$ 1.908 bilhão em todo o mês de outubro do ano passado.

Plantio Brasil

O plantio da safra de verão 2023/24 do milho verão no Centro-Sul do Brasil atingiu 41% até quinta-feira (12), contra 37% na semana anterior e 46% no mesmo período do ano passado, segundo dados da AgRural.

No Sul, onde o plantio já está bem avançado, a alta umidade e a cigarrinha seguem no foco dos produtores. Nos estados do Centro-Sul de calendário mais tardio, a prioridade dada à soja limita o avanço inicial do plantio do milho, como é tradicional nesta época do ano.

Mercado Interno

Os preços do milho seguem em alta no mercado brasileiro. Segundo pesquisadores do CEPEA, o impulso vem sobretudo da retração de vendedores, que se mostram capitalizados e sem necessidade de liberar espaços nos armazéns. Além disso, a demanda internacional está aquecida, e uma parte dos compradores domésticos também demostra interesse em recompor os estoques. Diante disso, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas – SP) voltou a operar acima dos R$ 60,00/saca de kg, patamar nominal que não registrado desde maio deste ano.

Por Equipe SNA
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