Soja fecha em baixa pressionada pelas melhores condições climáticas e o avanço do plantio no Brasil

Nas últimas cinco sessões o janeiro/24 acumula uma queda de 0,43% e o março de 0,24% – Foto de Steven Brown na Unsplash

Os contratos futuros da soja na CBOT fecharam novamente em baixa. Os principais vencimentos registraram quedas de 16,75 a 17,75 centavos, com o janeiro/24 cotado a US$ 13,25 (- 1,32%) e o março/24 cotado a US$ 13,45½ (- 1,23%) o bushel.  Nas últimas cinco sessões o janeiro/24 acumula uma queda de 0,43% e o março de 0,24%.

Os contratos futuros do farelo de soja na CBOT fecharam em baixa pela quarta sessão consecutiva. Os principais vencimentos registraram quedas de US$ 9,60 a US$ 11,30, com o janeiro cotado a US$ 412,70 (- 2,67%) e o março/24 cotado a US$ 404,60 (- 2,32%) a tonelada curta. O janeiro/24 na mínima do dia (US$ 412,10), registrou a menor cotação desde 31 de outubro. Nas últimas cinco sessões o janeiro/24 acumula uma queda de 4,93% e o março/24 uma queda de 4,01%.

O óleo de soja fechou em baixa pela terceira sessão consecutiva, com o janeiro/24 registrando uma queda de 1,55%. Nas últimas cinco sessões o janeiro/24 acumula uma alta de 2,31%.

A soja fechou em baixa pressionada pelas previsões do tempo para o Brasil e o avanço do plantio no Brasil. Segundo analistas e consultores, o mercado precisa de informações novas para definir a direção que as cotações deverão tomar. As perdas no Brasil já foram precificadas, embora ainda seja difícil de mensurá-las, bem como o clima irregular na América do Sul e a finalização da colheita americana.

Segundo Ismael Menezes, sócio da MD Commodities, os mapas apontam para chuvas regulares em grande parte do Brasil neste mês. Esse cenário, se confirmado, pode estancar as perdas estimadas para a safra de soja em 2023/24. Segundo estimativa da MD, a safra deve ser de 154.9 milhões de toneladas.

As atenções também estão voltadas para a demanda e a competitividade dos principais países fornecedores.

Com relação à safra americana, Eduardo Vanin, analista da Agrinvest Commodities disse que os vídeos das lavouras de soja em péssimo estado já não estão mais impactando o mercado como no início. Muitos reclamam do USDA, mas o acompanhamento da safra no NASS tem um papel de uniformizar a informação quanto às condições das lavouras.

USDA – Vendas   

Exportadores reportaram ao USDA a venda de 330.000 toneladas de soja do ano comercial 2023/24, sendo 132.000 toneladas para a China e 198.000 toneladas para Destinos desconhecidos.

Argentina 

O plantio de soja da safra 2023/24 na Argentina atingiu 43,80% da área estimada de 17.3 milhões de hectares. Trata-se de um avanço de 9% em relação à semana passada, informou, ontem (30), a Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA), em relatório semanal. Na comparação com o mesmo período da safra 2022/23, há avanço de 15%. Segundo a BCBA, chuvas frequentes contribuíram para o avanço dos trabalhos de campo. O plantio da soja da primeira safra está praticamente concluído, enquanto o da oleaginosa de segunda safra atingiu 130.000 hectares.

Plantio – Brasil 

Segundo a Pátria Agronegócios, o plantio da soja brasileira nesta semana atingiu 83,33% da área contra 93,43% em 2022 e 92,55% da média dos últimos 5 anos.

Nesta semana os trabalhos de campo voltaram a ganhar ritmo. Chuvas dispersas colaboraram para a tentativa de conclusão do plantio nacional. Os extremos do Brasil (Sul, Norte e Nordeste) são as regiões que ainda possuem os maiores percentuais de áreas não plantadas. As previsões climáticas trazem a manutenção das boas chuvas nos próximos 5-7 dias.

Safra 2023/24 – Brasil 

A safra 2023/24 brasileira de soja foi estimada nesta sexta-feira em um recorde de 161.9 milhões de toneladas, queda de 3.1 milhões de toneladas na comparação com a estimativa do mês anterior, devido a problemas de seca e elevadas temperaturas no Centro-Norte do País, segundo levantamentos da consultoria StoneX.

“O mês de novembro ainda registrou muita irregularidade das chuvas, volumes abaixo do normal e temperaturas elevadas em várias regiões produtoras, com exceção do Sul”, indicou a especialista de inteligência de mercado do grupo, Ana Luiza Lodi, em nota.

Apesar da redução da estimativa, o Brasil ainda pode colher uma safra superior à do ano passado, se o clima colaborar, com crescimento garantido por um aumento na área plantada, informou a consultoria. A StoneX estimou a colheita de soja de 2022/23 em 157.7 milhões de toneladas.

Segundo a analista, o potencial produtivo de alguns Estados foi ajustado para baixo, com destaque para os do Centro-Oeste.

Em Mato Grosso, além da redução do rendimento estimado, houve um pequeno corte da área plantada, uma vez que as condições climáticas levaram a atrasos “significativos” no plantio, segundo relatório.

A queda da produção levou a uma redução dos estoques finais esperados para o ciclo 2023/24 no Brasil.

Com isso, a estimativa das exportações de soja do Brasil em 2024 passou de 104 milhões para 103 milhões de toneladas de soja, versus 99 milhões de toneladas neste ano.

“Destaca-se que as exportações são a variável de demanda mais afetada no caso de redução da disponibilidade de soja. Com isso, o tamanho da produção vai definir o potencial de embarques do País no próximo ano, após um 2023 com volumes recordes embarcados.”

Milho fecha novamente em alta dando sequência ao movimento de correção

Os contratos futuros do milho na CBOT fecharam em alta pela terceira sessão consecutiva. Os principais vencimentos registraram ganhos de 1,75 a 2 centavos, com o março/24 cotado a US$ 4,84¾ (+ 0,41%) e o maio/24 a US$ 4,96¾ (+ 0,35%) o bushel. Nas últimas cinco sessões o março/24 acumula uma alta de 0,47% e o maio/24 de 0,46%.

Os contratos futuros do trigo na CBOT fecharam em alta pela quarta sessão consecutiva. Os principais vencimentos registraram ganhos de 4,25 a 4,75 centavos, com o março/24 cotado a US$ 6,02¾ (+ 0,79%) e o maio/24 a US$ 6,17 (+ 0,69%) o bushel. O março na máxima do dia (US$ 6,10) registrou a maior cotação desde 9 de novembro. Nas últimas cinco sessões o março/24 acumula uma alta de 4,42% e o maio/24 de 4,31%.

O milho fechou novamente em alta, dando sequência ao movimento de correção. A tendência, no entanto, ainda aponta para preços em queda.

“O mercado do milho em Chicago está mais focado no curto prazo, e esse curto prazo ainda é de excesso de oferta, com a finalização da colheita dos EUA, bons volumes ainda sendo exportados pelo Brasil e melhora do cenário das exportações da Ucrânia”, disse Daniele Siqueira, analista da AgRural.

Ela acrescenta que somente um aumento da demanda pode reverter o quadro de queda para as cotações. Na quinta-feira (30/11), os preços subiram com o aumento das vendas líquidas americanas.

“No momento, somente um aumento significativo na demanda pelo milho dos EUA, como grandes compras da China por lá, por exemplo, poderia dar mais fôlego às cotações. Não é a minha aposta”, indicou Daniele.

O trigo fechou nesta sexta-feira sustentando um movimento de alta que já dura quatro sessões.

São poucos os fundamentos que influenciam a alta dos contratos futuros. Além do aumento da demanda nesta semana, existem preocupações com relação à safra de trigo na Austrália.

Segundo a TF Consultoria Agroeconômica, o Leste da Austrália foi atingido por chuvas, que prejudicaram as áreas ainda não colhidas. “Algumas estimativas indicam que de 500.000 a 1 milhão de toneladas provavelmente serão classificadas como qualidade da ração”, indicou a consultoria em relatório.

Argentina 

Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA), o plantio do milho atingiu 32,30% da área estimada de 7.1 milhões de hectares, progredindo sobretudo no Centro e no Sul da região agrícola. O avanço foi de 6,10% na semana, mas segue 3,90% atrasado em relação à média dos últimos cinco anos e 7,30% adiantada na comparação anual. “Chuvas ocorridas nos últimos dias atrasam os trabalhos de campo, mas certamente melhorarão as condições das lavouras, principalmente aquelas que estão em fase reprodutiva”, informou a BCBA.

O percentual das lavouras de milho em boas ou excelentes condições diminuiu de 29% para 26% na semana. O percentual das em condições normais aumentou de 67% para 72%. Já o das em condições regulares/ruins diminuiu de 4% para 2%.

A colheita de trigo no país atingiu 36,40% da área plantada na última semana, avanço de 10% em relação à semana anterior, totalizando 4.45 milhões de toneladas colhidas. A colheita do cereal está 13,40% adiantada em relação a da safra passada. Até agora, o rendimento médio nacional é de 2.160 quilos por hectare. “Se este nível for mantido dos rendimentos, podemos ver uma recuperação nas estimativas de produção”, indicou a BCBA, que atualmente prevê uma colheita de 14.7 milhões de toneladas.

Exportações Brasil 

No mês de novembro, o Brasil exportou 7.405.902 toneladas de milho não moído (exceto milho doce), segundo com o mais recente relatório da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Esse volume representa um aumento de 25,7% em relação ao total exportado em novembro de 2022 (5.889.630 toneladas).

Este volume superou as últimas estimativas divulgadas pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC), que previu embarques de 7.35 milhões de toneladas para este mês.

Safra 2023/24 – Brasil 

Pelo quarto mês consecutivo, a StoneX reduziu a sua estimativa de produção da primeira safra 2023/24 de milho do país, que passou de 26.8 milhões para 26.45 milhões de toneladas.

“Muito vem sendo discutido sobre a migração do milho para outras culturas na safra de verão, em especial no Norte/Nordeste, e essa percepção tem ganhado cada vez mais força”, indicou o analista do grupo João Pedro Lopes.

A StoneX também reduziu o volume da safra de inverno 2023/24 de milho para 97.3 milhões de toneladas, queda de 1,60% em comparação com o relatório de novembro, devido ao atraso do plantio da soja, que impactará o plantio de milho.

Considerando os números de todas as safras de milho, a produção brasileira está estimada em 126.02 milhões de toneladas, cerca de 2 milhões de toneladas a menos que o estimado no mês passado. Na temporada passada, o País produziu um recorde de 139.2 milhões de toneladas de milho.

Por Equipe SNA
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