Soja fecha em alta se recuperando da queda de sexta-feira, com o mercado focado no clima da América do Sul e na demanda

Nas últimas cinco sessões o janeiro/24 acumula uma alta de 2,28% e o março de 2,02% – Imagem de Julio César García por Pixabay

Os contratos futuros da soja na CBOT fecharam em alta. Os principais vencimentos registraram ganhos de 30 a 30,25 centavos, com o janeiro/24 cotado a US$ 13,36 (+ 2,45%) e o março/24 cotado a US$ 13,53¼ (+ 2,29%) o bushel. O janeiro na máxima do dia (US$ 13,38½) registrou a maior cotação desde 1º de dezembro. Nas últimas cinco sessões o janeiro/24 acumula uma alta de 2,28% e o março de 2,02%.

Os contratos futuros do farelo de soja na CBOT fecharam em alta, após três sessões consecutivas de baixa. Os principais vencimentos registraram ganhos de US$ 8,50 a US$ 8,80, com o janeiro cotado a US$ 413,20 (+ 2,10%) e o março/24 cotado a US$ 404,60 (+ 2,22%) a tonelada curta. Nas últimas cinco sessões o janeiro/24 acumula uma alta de 1,20% e o março/24 uma queda de 1,33%.

O óleo de soja fechou em alta, com o janeiro/24 registrando um ganho de 1,81%. Nas últimas cinco sessões o janeiro/24 acumula uma queda de 0,25%.

Passada a semana da divulgação dos relatórios da Conab e do USDA, o foco principal voltou a ser o clima na América do Sul e a demanda. “O final de semana foi de tempo predominantemente seco no Brasil, com chuvas no Paraguai e parte da Argentina na sexta feira. A soja brasileira está declinando em termos de produtividade, com o Centro-Oeste necessitando de chuvas em algumas regiões que foram mais afetadas pela seca”, disse o Diretor-Geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa.

Para os próximos dez dias, segundo os modelos americano e europeu, as chuvas deverão ficar abaixo da média. “Isso se confirmando principalmente no centro oeste, começa complicar e a safra deve declinar. A estimativa da Labhoro para a safra brasileira de soja é de 157 milhões de toneladas, abaixo das 161 milhões de toneladas divulgada pelo USDA em seu relatório. E o mercado pode seguir reagindo em função das projeções climáticas mostradas pelos modelos”, disse Sousa.

A semana também se inicia com Javier Milei empossado como o novo Presidente da Argentina, o que também exige atenção, e com a China ainda presente no mercado, buscando garantir a recomposição de seus estoques e os atuais preços.

“Parece que Milei não vai desvalorizar muito o câmbio oficial como esperado. As vendas da soja e do milho deve seguir lentas” indicaram os analistas da Agrinvest Commodities.

USDA – Vendas

Exportadores reportaram ao USDA a venda de 132.000 toneladas de soja do ano comercial 2023/24 para Destinos desconhecidos.

USDA – Exportações EUA

Os volumes de soja e de milho inspecionados nos portos dos Estados Unidos recuaram na semana encerrada em 7 de dezembro, enquanto os de trigo aumentaram.

O volume de soja inspecionado para exportação nos portos norte-americanos diminuiu 16,10% na semana, para 984.410 toneladas. Já o volume de milho foi de 711.733 toneladas, queda de 39,50% em relação ao da semana anterior. O volume inspecionado de trigo, por sua vez, aumentou 49,90%, para 281.697 toneladas.

O relatório mostra os volumes de grãos inspecionados para exportação no acumulado do ano-safra iniciado no dia 1º de junho de 2023 para o trigo e em 1º de setembro de 2023 para o milho e a soja.

Exportações de grãos na semana encerrada em 7 de dezembro de 2023 (em toneladas)

Grão 07/12/2023 30/11/2023 08/12/2022
Trigo 281.697 187.955 219.358
Milho 711.733 1.176.452 517.417
Soja 984.410 1.173.257 1.878.449

Exportações de grãos dos EUA acumuladas no ano comercial

Grão Atual ano-safra Ano-safra anterior
Trigo 8.605.992 11.136.492
Milho 9.179.830 7.168.150
Soja 19.741.363 23.547.948

China

A safra de soja este ano totalizou 20.84 milhões de toneladas, um aumento de 2,80% em relação à safra anterior, informou o Escritório Nacional de Estatísticas. A área plantada aumentou 2,20% para 10.5 milhões de hectares.

Plantio – Brasil

O plantio da safra 2023/24 de soja atingiu na quinta-feira a 91% da área estimada para o Brasil, com um avanço semanal de 6% sobre os 85% apurados no último dia 30. Ainda havia atraso na comparação com os 95% do mesmo período do ano passado, segundo levantamento da AgRural.

Embora a maior preocupação continue focada no plantio de Mato Grosso, onde as chuvas que ainda estão abaixo do normal e as temperaturas muito altas seguem pesando sobre a produtividade, a região Norte/Nordeste do País também preocupa, já que as precipitações esparsas e o calor dificultam o avanço do plantio e prejudicam o desenvolvimento inicial das lavouras.

Comercialização – Brasil 1

A comercialização da safra 2022/23 de soja do Brasil atingiu 92,70% da produção estimada até 8 de dezembro, segundo relatório da Safras & Mercado. No relatório anterior, com dados de 3 de novembro, o percentual era de 89,50%.

No mesmo período do ano passado, a negociação atingia 92,60%. A média de cinco anos para o período é de 95,90%. Levando-se em conta uma safra estimada de 157.83 milhões de toneladas, o total de soja já negociado é de 146.23 milhões de toneladas.

Com relação à safra 2023/24, considerando uma produção de 158.23 milhões de toneladas, a comercialização antecipada, segundo a Safras & Mercado, atingiu 27%, totalizando 42.67 milhões de toneladas.
No mesmo período do ano passado, a comercialização antecipada atingia 23,60% e a média para o período é de 37%.

Comercialização – Brasil 2

A comercialização da soja da safra 2022/23 atingiu 91,40% da produção estimada até 1º de dezembro, abaixo dos 93,3% registrados no mesmo período do ano passado, dos 99,30% do recorde da safra 2019/20 e da média dos últimos cinco anos de 95,9%. O levantamento é da consultoria Datagro Grãos e foi divulgado hoje.

Segundo a pesquisa, o avanço mensal foi de 3,30%, superior aos 2,80% registrados no mês anterior, dos 1,90% no mesmo período do ano passado e da média histórica de 1,50%. “O ritmo um pouco melhor dos negócios ficou dentro de nossa expectativa, pois refletiu a valorização dos preços em novembro, e também por alguma necessidade de obtenção de recursos para a compra dos insumos da safra de inverno”, indicou o economista e líder de conteúdo da Datagro, Flávio Roberto de França Junior.

Considerando a atual estimativa de produção de 157.23 milhões de toneladas, os produtores brasileiros já negociaram, até a data indicada, 143.78 milhões de toneladas. No mesmo período do ano passado, o volume negociado estava relativamente maior em termos percentuais, mas menor em termos absolutos, totalizando 121,83 milhões de toneladas.

Em relação à negociação antecipada da safra 2023/24, em fase de plantio, o levantamento indica que 26,70% da produção estimada já foi vendida, aumento mensal de 2,90%, acima dos 2,10% no mesmo período do ano passado, mas abaixo dos 3,10% da média plurianual. O percentual está acima dos 21,20% vendidos em 2022, mas abaixo dos 56,30% do recorde da safra 2020/21 e dos 35,30% da média plurianual.

A atual estimativa da consultoria para o volume da safra 2023/24 foi revisada de 163.72 milhões para 156.6 milhões de toneladas em virtude das irregularidades das condições climáticas, 0,40% inferior à safra 2022/23. A área está estimada em 45.4 milhões de hectares, contra 44.7 milhões de hectares da safra anterior.

Mercado Interno

Os preços da soja estão em queda no mercado brasileiro neste começo de dezembro. Segundo pesquisadores do CEPEA, além das quedas no mercado internacional e do dólar, que afastaram compradores do mercado spot nacional, a pressão vem também da melhora nas condições climáticas em grande parte das regiões produtoras de soja no País.

Pesquisadores do CEPEA indicam que as recentes chuvas ocorridas no Cerrado brasileiro trouxeram um alívio para os produtores, que passaram a intensificar o plantio da safra 2023/24. No Sul do Brasil, a predominância de um período com menor volume de chuvas proporcionou um avanço significativo nas atividades de campo. Ressalte-se que, mesmo com a intensificação das atividades na semana passada, o plantio da oleaginosa no Brasil segue atrasado em relação ao da safra anterior.

Milho fecha novamente em baixa com o mercado focado na demanda

Os contratos futuros do milho na CBOT fecharam novamente em baixa. Os principais vencimentos registraram quedas de 3,50 a 4 centavos, com o março/24 cotado a US$ 4,81½ (- 0,82%) e o maio/24 a US$ 4,94 (- 0,70%) o bushel. O março na mínima do dia (US$ 4,79¾) registrou a menor cotação desde 1º de dezembro. Nas últimas cinco sessões o março/24 acumula uma queda de 0,82% e o maio/24 de 0,60%.

Os contratos futuros do trigo na CBOT fecharam novamente em baixa. Os principais vencimentos registraram quedas de 21,25 a 22,25 centavos, com o março/24 cotado a US$ 6,09½ (- 3,52%) e o maio/24 a US$ 6,19¼ (- 3,32%) o bushel. O março na mínima do dia (US$ 6,07¼) registrou a menor cotação desde 4 de dezembro. Nas últimas cinco sessões o março/24 acumula uma queda de 1,77% e o maio/24 de 2,33%.

China

A China produziu uma safra recorde de milho este ano, com um aumento de 4% em relação a do ano anterior, informou o Escritório Nacional de Estatísticas nesta segunda-feira, com um aumento na área plantada mais do que compensando os danos causados pelos tufões no verão.

A produção deste ano de 288.84 milhões de toneladas, veio em linha com as estimativas divulgadas anteriormente pelo Ministério da Agricultura chinês e se soma às safras abundantes de milho de outros grandes produtores globais, que pesaram sobre os preços globais.

A produção de milho na China, o segundo maior produtor mundial, aumentou na medida em que Pequim manteve os subsídios para os agricultores que plantam grãos básicos, em um esforço para a segurança alimentar.
A área plantada de milho aumentou 2,70%, ou 1.15 milhão de hectares, em relação ao ano anterior, para 44.2 milhões de hectares (109 milhões de acres), a maior área plantada com o grão desde pelo menos 2015.

O governo tem recuperado constantemente terras não cultivadas em províncias como Xinjiang, Mongólia Interior e Heilongjiang para o plantio de grãos básicos, disse Ma Wenfeng, analista sênior da consultoria agrícola Beijing Orient Agribusiness Consultancy, com sede em Pequim.

Isso, combinado com grandes importações, deixou o mercado com excesso de oferta, com os preços em tendência de baixa, disse Ma. A grande safra e os preços domésticos mais baixos serão uma bênção, no entanto, para os criadores de gado chineses que alimentam com milho o maior rebanho de suínos do mundo, mas que têm perdido dinheiro.
Nos últimos três meses, o vencimento mais negociado contrato futuro de milho na Bolsa de Mercadorias de Dalian, o janeiro/24, caiu para 2.490 yuans (US$ 346,91) a tonelada, oscilando perto da sua menor cotação em seis meses.

A produção de trigo, em grande parte colhida no verão, totalizou 136.6 milhões de toneladas.
“A produção nacional de grãos registrou um novo recorde, estabelecendo uma base sólida para promover de forma abrangente a revitalização rural (…) e contribuindo positivamente para estabilizar o mercado global de grãos e manter a segurança alimentar mundial”, disse Wang Guirong, Diretor da Divisão Rural do Escritório Nacional de Estatísticas.

Plantio – Brasil

Levantamento da AgRural mostra que o plantio da safra de verão 2023/24 atingiu na quinta-feira a 95% da área estimada para o Centro-Sul do Brasil, contra 91% na semana prévia e 96% um ano atrás. A esta altura, apenas as últimas áreas de Minas Gerais e Goiás ainda estão por plantar na região, à espera de precipitações mais regulares. No Sul, que planta antes, a alta incidência de doenças devido às chuvas acima da média preocupa os produtores.

Comercialização – Brasil

Levantamento da Datagro Grãos, divulgado hoje, mostra que a comercialização do milho da safra de verão 2022/23 no Centro-Sul do Brasil avançou 3,40% até o dia 1º de dezembro, acima da média histórica para o período de 2,80%. Com isso, as vendas totalizaram 88,50% da produção estimada, em comparação com os 88,60% no mesmo período de 2022 e dos 93,50% na média dos últimos 5 anos. Com a estimativa da safra de 20.2 milhões de toneladas, os produtores já venderam 17.9 milhões de toneladas.

O economista e líder de conteúdo da Datagro Grãos, Flávio Roberto de França Junior, indicou em comunicado que “a alta dos preços internos; a firme demanda; a finalização da colheita de inverno e as deficiências da estrutura de armazenagem na Região Central do País, levaram os produtores a avançarem nas vendas do milho”.

A comercialização da safra de inverno 2023 da região, estimada em 98.4 milhões de toneladas, atingiu 70,30%, em relação aos 65,80% do levantamento anterior, 74,50% no mesmo período do ano passado e da média plurianual de 84,80%.

Mercado Interno

A oferta de milho vem diminuindo no mercado spot nacional. Pesquisadores do CEPEA indicam que esse cenário se deve a preocupações com os impactos das condições climáticas adversas sobre a produção da safra 2023/24, ao bom ritmo das exportações brasileiras e também à proximidade do período do final de ano, quando parte das empresas e transportadoras entra em recesso. De fato, estimativas oficiais já indicam uma menor produção para 2023/24 e maior demanda para consumo doméstico.

Diante disso, produtores consultados pelo CEPEA já reduziram o interesse de vendas no mercado spot e também para entrega futura, ao passo que consumidores domésticos seguem ativos, contexto que mantém os preços do cereal em alta. No começo de dezembro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas – SP) voltou a operar nos patamares de abril deste ano.

Por Equipe SNA
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