Soja fecha em alta, impulsionada pela forte alta do trigo e do milho

Os contratos futuros da soja na CBOT fecharam em alta. Os principais vencimentos registraram ganhos de 22,25 a 24,25 centavos, com o setembro/23 cotado a US$ 14,53¼ (+ 1,70%) e o novembro/23 a US$ 14,24½ (+ 1,62%) o bushel. O setembro e o novembro nas máximas do dia (US$ 14,67½ e US$ 14,35), registraram novas máximas contratuais.

Os contratos futuros do farelo de soja na CBOT fecharam em alta. Os principais vencimentos registraram ganhos de US$ 3,10 a US$ 4,50, com o setembro cotado a US$ 430,40 (+ 0,96%) e o dezembro a US$ 411,60 (+ 0,76%), a tonelada curta.

O óleo de soja fechou em alta pela quarta sessão consecutiva, com o dezembro registrando na máxima do dia (65,58), a maior cotação desde 30 de novembro de 2022 e um ganho de 3,09%.

A soja acompanhou a nova disparada dos grãos, liderada pelo trigo, com os principais vencimentos fechando no limite de alta na CBOT, seguido pelo milho, que fechou em alta de mais de 5,50% nos vencimentos mais negociados. O óleo de soja fechou em alta de mais de 2,50%, impulsionado pelo petróleo.

Os mercados de energia também estão dando suporte ao setor de commodities hoje, já que os preços do petróleo WTI romperam a média móvel de 200 dias, sendo negociados acima de US$ 77,00 o barril. Nesta semana, os mercados seguem atentos à decisão do Fed sobre o aumento das taxas de juros, com a estimava de um aumento de 0,25%.

As tensões se escalando entre Rússia e Ucrânia continuaram a servir de combustível para as altas dos grãos em Chicago e nas demais bolsas internacionais.

“A Rússia continua com seu plano de ataques as instalações portuárias da Ucrânia, limitando as exportações de grãos do país e com isso reduzindo a oferta para os países importadores, o que pode ajudar a colocar um prêmio sobre CBOT. Os fundos, ao mesmo tempo, aumentaram as suas posições em aberto em Chicago”, disse o Diretor-Geral do grupo Labhoro, Ginaldo Sousa.

O executivo explica ainda que o clima no final de semana foi de tempo seco no Meio-Oeste americano, o que continua fragilizando a safra 2023/24 dos Estados Unidos e dando ainda mais espaço para os ganhos dos grãos na CBOT.

“O final de semana foi de chuvas bem abaixo das expectativas e com temperaturas mais elevadas do que as registradas nos últimos tempos. O lado Oeste do Corn Belt tem recebido menos chuvas, com temperaturas mais elevadas, enquanto o lado Leste, tem recebido chuvas e temperaturas mais brandas. O mês de julho tem sido melhor em termos de índices pluviométricos do que foram junho e maio, mas mesmo assim, as chuvas não foram suficientemente para repor o déficit hídrico de muitas áreas do Corn Belt”, disse.

E ele ainda complementa dizendo que as previsões para “os próximos 10 dias mostram que os modelos estão em sintonia, quando apontam previsões de chuvas abaixo do normal e temperaturas em elevação”.

Não só nos EUA é que o clima preocupa, mas as altas temperaturas registradas no mundo a fora, com o El Niño já em andamento, o que contribui para as altas.

“O clima no resto do planeta mantém irregularidades devido ao fenômeno El Nino. A China tem recebido chuvas abaixo do normal em grandes áreas produtoras. Já a Europa, cuja seca tem assolado alguns países e também devido as altas temperaturas, tem previsão de chuvas nesta semana”, disse Sousa.

Dados divulgados na sexta-feira pela CFTC, mostraram que os fundos ainda mantinham uma posição vendida líquida de 54.000 contratos do trigo e de 47.000 contratos do milho, enquanto mantinham uma posição comprada liquida de 96.000 contratos de soja. As posições vendidas deverão continuar a ser liquidadas, na medida em que as tensões aumentem no Mar Negro.

USDA – Vendas

Exportadores reportaram ao USDA a venda de 121.000 toneladas de soja da safra 2023/24 para a China.

USDA – Exportações EUA

O USDA divulgou o seu relatório de embarques semanais com volumes dentro das expectativas para soja.

Na semana encerrada em 20 de julho, os EUA embarcaram 283. 378 toneladas de soja, enquanto as estimativas do mercado variavam entre 100.000 e 300.000 toneladas. Em todo ano comercial, as exportações totalizam 50.176.800 toneladas, 5% menos do no que no mesmo período do ano passado.

Argentina

O Ministério da Economia da Argentina confirmou, nesta segunda-feira (24), uma nova rodada de ‘dólar agro’, buscando estimular as exportações por parte do setor, que sofre com a severa desvalorização da moeda local, e para garantir a geração de mais divisas para cumprir seus compromissos financeiros com o FMI (Fundo Monetário Internacional). A taxa será de 340 pesos para um dólar americano.

O comunicado oficial foi divulgado na noite deste domingo (23) e foi publicado no Diário Oficial nesta segunda-feira, informando detalhes da nova medida. Todavia, segundo o portal local Infocampo, ainda não foi informada a decisão do Ministério da Agricultura argentino que incorpora o milho a este novo câmbio específico.

O governo espera arrecadar pelo menos US$ 2 bilhões com essa rodada adicional do ‘dólar agro’, porém, a estratégia já tem deixado o setor descontente mais uma vez. A própria cadeia de produção do milho já teceu duras críticas ao mecanismo.

Exportações Brasil – soja

As exportações de soja em grão do Brasil em julho (15 dias úteis), totalizaram 7.956 milhões de toneladas, com média diária de 530.401 toneladas, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Em comparação com julho de 2022, houve um aumento de 48,40% no volume.

A Conab também fez estimativas para as exportações de soja. Segundo a entidade, no acumulado do ano, o Brasil deve exportar 95.64 milhões de toneladas, aumento de 21,50% em relação à safra anterior.

Quanto ao esmagamento, a entidade estima que deva totalizar 52.82 milhões de toneladas. O aumento na produção de biodiesel eleva a estimativa anterior de 52.29 milhões de toneladas.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a safra 2022/23 de soja no Brasil seja de 154.566 milhões de toneladas.

A área plantada com soja é de 44.062 milhões de hectares, aumento de 6,20% em relação a da safra anterior.

Quanto à produtividade média da oleaginosa, a entidade indica 3.508 kg por hectare (58,4 sacas), aumento de 15,90% em relação a de 2021/22.

Mercado Interno

Os preços no mercado interno registraram os maiores níveis nominais desde abril deste ano na última semana, informou o CEPEA. “As indústrias brasileiras estiveram mais ativas nas aquisições da soja em grão na semana. Esse cenário elevou a disputa entre compradores domésticos e externos da oleaginosa”, indicaram os pesquisadores, em relatório.

De 13 a 20 de julho, o indicador ESALQ/BM&FBovespa Paranaguá registrou uma alta de 3,20%, para R$ 149,47/saca de 60 kg na quinta-feira, 20, a maior cotação nominal desde 10 de abril deste ano (R$ 150,71/saca). O indicador CEPEA/ESALQ Paraná subiu 2,70% na mesma base de comparação, para R$ 139,73/saca no dia 20, também a maior cotação nominal desde 13 de abril deste ano (R$ 140,00/saca). Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços da soja subiram 2,80% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e também no de lotes (negociações entre empresas).

Ainda segundo o CEPEA, as negociações para exportação foram limitadas pela baixa quantidade de volumes disponíveis para embarques entre julho e agosto. “Observa-se maior liquidez nos contratos para entrega em setembro deste ano”, indicaram os pesquisadores. Além disso, os prêmios de exportação para embarque setembro estão mais atraentes para os vendedores do que os para embarque agosto. Segundo dados compilados pelo CEPEA, no Porto de Paranaguá (PR), a indicação do comprador para o prêmio de exportação do grão com embarque agosto era de menos US$ 0,80/bushel, enquanto vendedor falava em menos US$ 0,60/bushel. Já o prêmio indicado pelo comprador para o embarque em setembro era de mais US$ 0,10/bushel, enquanto a ideia de vendedor estava em mais US$ 0,20/bushel.

Os preços do farelo de soja também subiram nesta semana, segundo os pesquisadores. “Além das influências da alta da matéria-prima e da valorização externa do derivado, a demanda pelo produto brasileiro segue aquecida, tanto por parte de compradores domésticos quanto de externos”, informou o CEPEA. Na média das regiões monitoradas pelo Cepea, as cotações do farelo de soja registraram alta de 2,20% entre os dias 13 e 20 de julho.

As cotações do óleo de soja caíram, influenciadas pela retração de grande parte dos compradores. Segundo o CEPEA, embora haja necessidade de adquirir novos volumes do produto a médio prazo, o maior processamento para suprir a demanda por farelo deve elevar a oferta de óleo de soja. Com isso, o preço do óleo de soja bruto e degomado na região de São Paulo (com 12% de ICMS incluso) recuou 1,30% entre os dias 13 e 20 de julho.

Com base nos preços da soja, do farelo e do óleo de soja negociados em São Paulo, o CEPEA indicou um aumento de 12,18% na margem de esmagamento no período. “O farelo de soja registrou participação de 68,80% na margem de lucro das indústrias, a maior desde fevereiro de 2021”, indicaram os pesquisadores.

Milho fecha em forte alta impulsionado pelos bombardeios russos aos portos da Ucrânia

Os contratos futuros do milho na CBOT fecharam em alta, após duas sessões consecutivas de baixa. Os principais vencimentos registraram ganhos de 32 a 33,50 centavos, com o setembro cotado a US$ 5,60½ (+ 6,36%) e o dezembro/23 a US$ 5,68¼ (+ 5,97%) o bushel. O setembro na máxima do dia (US$ 5,64½) e o dezembro na máxima do dia (US$ 5,72¼), registraram as maiores cotações desde 27 de junho. O setembro acumula uma alta de 12,02% e o dezembro de 12,10% nas últimas cinco sessões.

Os contratos futuros do trigo na CBOT fecharam em alta. Os principais vencimentos registraram ganhos de 57,50 a 60 centavos, com o setembro cotado a US$ 7,57½ (+ 8,60%) e o dezembro/23 a US$ 7,77½ (+ 8,32%) o bushel. O setembro na máxima do dia (US$ 7,57½) e o dezembro na máxima do dia (US$ 7,77½), registraram as maiores cotações desde 26 de junho. O setembro acumula uma alta de 15,87% e o dezembro de 15,44% nas últimas cinco sessões.

USDA – Exportações EUA

O USDA divulgou o seu relatório de embarques semanais com volumes dentro das expectativas para o milho e acima das para o trigo.

De milho, os embarques semanais foram de 309.981 toneladas, enquanto as estimativas do mercado variavam entre 250.000 e 600.000 toneladas. Com esse volume, o total do cereal americano já exportado no ano comercial é de 34.232.224 toneladas, 33% a menos do que no ano passado, neste mesmo período.

Os EUA ainda embarcaram 358.796 toneladas de trigo, acima das estimativas do mercado, que variavam entre 150.000 e 350.000 toneladas. Os EUA já exportaram no ano comercial 2.152.702 toneladas, volume que é 17% menor na comparação anual.

Rússia – Ucrânia

A Rússia atacou um dos portos fluviais do Rio Danúbio na Ucrânia, aumentando os riscos enfrentados pela última grande rota de exportação de grãos de Kiev e pelo comércio global de alimentos.

Um ataque de drone durante a noite arruinou um hangar de grãos em um porto do Danúbio, informou o comando militar operacional do Sul da Ucrânia no Facebook. Ele não informou qual porto foi atingido ou deu mais detalhes sobre os danos.

É a mais recente de uma série de medidas da Rússia para impedir as exportações ucranianas, que historicamente deram uma importante contribuição para o abastecimento global de alimentos. O colapso do acordo de grãos do Mar Negro na semana passada, que permitiu à Ucrânia embarcar por mar, e os subsequentes ataques da Rússia ao porto de Odesa estimularam as expectativas de que a Ucrânia terá que dobrar suas rotas alternativas, a mais óbvia sendo o Rio Danúbio.

O volume de safras transportadas pelo Rio Danúbio totalizou 2.2 milhões de toneladas em maio, um aumento de quase 900.000 toneladas em relação ao final do ano passado. Esses embarques até ultrapassaram as exportações pelo corredor do Mar Negro em maio, devido a inspeções que retardaram a partida de cargueiros.

A Rússia também lançou uma nova barragem de mísseis contra Odesa no fim de semana, a maior em uma série de ataques quase diários na cidade portuária do Mar Negro depois que Moscou desistiu do acordo de grãos.

A Ucrânia tem os principais portos de Reni e Izmail no Danúbio, na fronteira com a Romênia. As tradings locais, incluindo Nibulon e Kernel, estavam expandindo a capacidade lá em resposta ao bloqueio marítimo da Rússia. Nenhuma das duas respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

“Esses portos são a maior esperança para a Ucrânia exportar seus grãos e oleaginosas” disse o analista do Rabobank, Carlos Mera. “Acreditamos que a Ucrânia poderia exportar até 2.5 milhões de toneladas de grãos e oleaginosas por mês através desses portos. Isso seria suficiente para exportar a maior parte de seu excedente exportável. Mas, no momento, não está claro quanto dano foi causado e se a Rússia realizará ataques frequentes no futuro”.

A Rússia está tentando “tornar difícil” para a Ucrânia exportar grãos através do Danúbio, disse o Ministro da Agricultura ucraniano, Mykola Solskyi, à Bloomberg TV em uma entrevista na semana passada.

Colheita Brasil

A colheita da safrinha de milho 2023 atingiu 47% da área plantada no Centro-Sul do Brasil até quinta-feira (20). Apesar do bom avanço sobre os 36% da semana anterior, os trabalhos continuaram atrasados em comparação com os 62% do mesmo período do ano passado, segundo levantamento da AgRural.

O ritmo dos trabalhos foi puxado novamente por Mato Grosso e Goiás, onde o tempo mais seco favorece a perda de umidade dos grãos e a entrada das máquinas em campo. Em outros Estados do Centro-Sul, como no Paraná e Mato Grosso do Sul, a colheita ainda não deslanchou por causa da combinação de plantio tardio e alta umidade dos grãos causada por chuva e/ou temperaturas baixas em julho.

No fim de junho, a AgRural elevou a sua estimativa de produção de milho na safrinha 2023 do Brasil de 97.9 milhões para 102.9 milhões de toneladas. Com isso, a produção total da temporada 2022/23 (primeira, segunda e terceira safra somadas) é estimada agora em 132.3 milhões de toneladas.

Exportações Brasil – milho

As três primeiras semanas de julho já registraram embarque de 2.668.606 toneladas de milho segundo o relatório semanal da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Isso representa 64% do volume total exportado em julho de 2022 (4.119.091 toneladas).

Segundo Ronaldo Fernandes, analista da Royal Rural, já começam a surgir dúvidas sobre a real capacidade do Brasil exportar todo o volume de milho que estava previsto pelo mercado neste ciclo 2023.

“O mês julho deveria ser o maior fornecedor para exportação, mas temos line-ups que só viram caindo. De 7 milhões para 6.7 milhões e agora para 6.5 milhões de toneladas, os line-ups de agosto estão paralisados perto das 5 milhões de toneladas. O nosso volume está abaixo das 50 milhões de toneladas, mas próximos das 46 milhões ou 47 milhões de toneladas, só que agora, com esse volume de julho atrasado tem colocado o receio de que o Brasil não exporte tudo isso, sobretudo pela competição que vamos enfrentar agora com os Estados Unidos”, indicou.

Mercado Interno

As negociações de milho seguem em ritmo lento no Brasil, visto que compradores estão à espera de novas quedas dos preços com o avanço da colheita, segundo informações do CEPEA. Vale lembrar que, agora, todos os estados produtores da segunda safra de milho já iniciaram a colheita. O estado de São Paulo era o único que ainda não havia iniciado as atividades. No mercado externo, o fim do acordo de exportação de grãos pelo Mar Negro e os ataques que ocorreram na cidade portuária de Odessa, na Ucrânia, devem restringir ainda mais os embarques naquele território.

Por Equipe SNA
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