Soja fecha em alta dando sequência ao movimento de correção

China aumentou em 45% as importações de soja do Brasil em agosto em relação ao ano anterior – Imagem de wirestock no Freepik

Os contratos futuros da soja na CBOT fecharam novamente em alta. Os principais vencimentos registraram ganhos 4,50 centavos, com o novembro cotado a US$ 13,20 (+ 0,34%) e o janeiro/24 a US$ 13,36¼ (+ 0,34%) o bushel. Nas últimas cinco sessões o novembro e o janeiro registram uma queda de 2,20%.

Os contratos futuros do farelo de soja na CBOT fecharam novamente em alta. Os principais vencimentos registraram ganhos de US$ 5,70 a US$ 5,90, com o dezembro cotado a US$ 395,10 (+ 1,52%) e o janeiro/24 a US$ 391,60 (+ 1,48%), a tonelada curta. Nas últimas cinco sessões o dezembro registra uma alta de 0,08% o janeiro registra uma queda de 0,15%.

O óleo de soja fechou em baixa pela terceira sessão consecutiva, com o dezembro registrando uma queda de 1,66%. O dezembro na mínima do dia (59,22) registrou a menor cotação desde 12 de setembro. Nas últimas cinco sessões o dezembro registra uma queda de 3,94%.

Além de acompanhar o avanço da colheita nos EUA e do plantio no Brasil, o mercado ficou focado na decisão de política monetária do Federal Reserve, que anunciou nesta quarta-feira (20) que vai manter a taxa de juros dos Estados Unidos na faixa de 5,25% e 5,50% ao ano, numa nova pausa após ter promovido um aumento na reunião anterior.

A decisão veio em linha com o esperado pelo mercado: segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group, analistas viam 99% de chance de uma pausa nos aumentos dos juros americanos na reunião do FOMC (Comitê de Política Monetária do Fed) desta quarta-feira.

Agora, os traders buscam indicações no comunicado e nas declarações do Presidente do Fed, Jerome Powell, sobre as próximas decisões sobre juros da autoridade monetária americana. Ainda há dúvidas sobre a necessidade de novos aumentos neste ano para controlar a inflação, o que vem gerando temores no mercado.

USDA – Vendas

Exportadores reportaram ao USDA a venda de 120.000 toneladas de soja do ano comercial 2023/24 para a Destinos desconhecidos.

Importações – China

A China aumentou em 45% as importações de soja do Brasil em agosto em relação ao ano anterior. O aumento tem relação com a safra recorde registrada este ano.

Os dados da Administração Geral de Alfândega (GACC) divulgados nesta quarta-feira (20) mostram que os chineses importaram 9.09 milhões de toneladas de soja do Brasil no mês passado, sendo quase todo o volume das 9.36 milhões de toneladas do produto que chegou à China em agosto.

O total das importações do Brasil no período de janeiro a agosto é de 47.99 milhões de toneladas, um aumento de 17,30% em comparação com o mesmo período do ano passado.

No entanto, a participação de mercado do Brasil na China permaneceu a mesma, embora os compradores chineses tenham aumentado as compras do maior fornecedor mundial devido aos preços atraentes da safra recorde de soja brasileira deste ano.

As importações de soja dos Estados Unidos em agosto, o segundo maior fornecedor da China, caíram 58% em comparação com o mesmo mês do ano anterior, para 120.073 toneladas.

Estimativa Conab

A Conab estima que o Brasil deva produzir 162.4 milhões de toneladas de soja na safra 2023/24. Se confirmada, será um novo recorde e um aumento de 5,10% em comparação com a safra 2022/23, estimada em 154.6 milhões de toneladas.

Os técnicos da Conab projetam um aumento de 2,80% de área plantada de soja, de 44.07 milhões para 45.29 milhões de hectares. O maior crescimento deve ocorrer na região do Matopiba (confluência entre Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins), onde os sojicultores devem plantar 6,50% a mais no ciclo 2023/24. “A maior parte do aumento da área para a safra 2023/24 se origina de áreas de pastos degradados ou área de pouso”, informou a Conab, em relatório.

A produtividade deve ser 2,20% maior, chegando a 3.58 toneladas por hectare, com perspectiva de recuperação no Rio Grande do Sul, que na temporada passada, registrou o terceiro ano de seca severa.

No relatório, a Conab indica que a expectativa é de que a demanda internacional por soja vai se manter firme e que o uso para a produção de biocombustíveis continuará crescendo. Esses fatores tendem a estimular o produtor a plantar uma área maior.

A Conab estimou que as exportações de soja devem totalizar 101.45 milhões de toneladas, um aumento de 4,65% em relação as 96.9 milhões de toneladas estimadas para este ano. O processamento no País deve aumentar 3,89%, para 54.86 milhões de toneladas. A projeção está associada à perspectiva de aumento na mistura de biodiesel no diesel e na exportação de óleo de soja.

Mercado Interno

O preço da soja acumula baixa em diversas praças de negociação do Brasil. A desvalorização do grão em Chicago e queda do dólar são apontados como fatores que têm ajudado a pressionar as cotações internas, com o plantio da safra brasileira no início e a colheita das lavouras norte-americanas em andamento.

O indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), com base no corredor de exportação de Paranaguá, tem desvalorização de 4,82% na parcial deste mês, até a terça-feira (19/9), quando fechou a R$ 144,20 a saca de 60 quilos. A referência baseada no Estado do Paraná tem queda de 4,07% no período, com a saca valendo, em média, R$ 136,12.

Na terça-feira (19/9), a Conab estimou uma nova safra recorde para o Brasil de 162.4 milhões de toneladas. O plantio da safra nova está no início, com a expectativa de aumento de área e de produtividade, com a recuperação dos rendimentos em regiões atingidas por problemas climáticos severos, como o Rio Grande do Sul.

Indicadores da Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), com base no mercado físico disponível, reforçam o cenário de desvalorização da oleaginosa no País. Em Luís Eduardo Magalhães (BA), a saca vale R$ 126,00, acumulando uma queda de 8,03% no período de 30 dias encerrado na terça-feira (19/9). Na praça da Rio Verde (GO), a queda da saca de soja em 30 dias é de 4,69%, com o produto cotado a R$ 122,00.

No Paraná, a soja é negociada a R$ 131,00 a saca em Cascavel (- 5,76% em 30 dias), a R$ 136,00 em Ponta Grossa (- 2,16%); e a R$ 132,00 em Maringá (PR).

Em Mato Grosso, Campo Novo do Parecis tem soja negociada a R$ 116,00 (- 1,69%); e a R$ 114,00 em Canarana (- 3,39%). No Estado, as exceções são as regiões de Sorriso e Lucas do Rio Verde, onde a soja é negociada a R$ 123,00 a saca (+ 4,24% em 30 dias); e na área de Campo Verde e Primavera do Leste, com a saca valendo R$ 131,00 (+ 11,02%).

Nos terminais portuários, os indicadores da BBM apontam queda de 2,01% em São Francisco do Sul (SC) em 30 dias, com a saca valendo R$ 146,00. Em São Paulo (preço CIF/Porto de Santos), queda de 1,03% no período, com a saca valendo R$ 144,50, em média.

Segundo o SIM Consult, os prêmios nos portos brasileiros seguem positivos para a safra velha, com um ágio de US$ 0,60 sobre o vencimento novembro na Bolsa de Chicago. Já os prêmios de safra nova, sobre os vencimentos março e maio de 2024 em Chicago, estão negativos em US$ 1,10 (março) e U$ 0,95 (maio).

Milho fecha em alta dando sequência ao movimento de correção

Os contratos futuros do milho na CBOT fecharam novamente em alta. Os principais vencimentos registraram ganhos de 6 a 6,25 centavos, com o dezembro cotado a US$ 4,82¼ (+ 1,26%) e o março/24 a US$ 4,96¾ (+ 1,27%) o bushel. Nas últimas cinco sessões o março registra uma alta de 0,10%.

Os contratos futuros do trigo na CBOT fecharam em alta, após duas sessões consecutivas de baixa. Os principais vencimentos registraram ganhos de 4,50 a 4,75 centavos, com o dezembro cotado a US$ 5,88¾ (+ 0,81%) e o março/24 a US$ 6,14¾ (+ 0,74%) o bushel. Nas últimas cinco sessões o dezembro registra uma queda de 1,42% e o março de 1,40%.

Etanol EUA

A produção média de etanol nos Estados Unidos foi de 980.000 barris/dia na semana encerrada na sexta-feira passada (15). O volume ficou 5,68% abaixo do da semana anterior de 1.039 milhão de barris/dia. Os estoques do biocombustível aumentaram 2,40% para 21.7 milhões de barris. Os números foram divulgados hoje pela Administração de Informação de Energia do país (EIA).

Para a produção, as estimativas dos analistas consultados pela Dow Jones Newswires variavam entre 1.010 milhão e 1.028 milhão de barris/dia. Quanto aos estoques, as estimativas variavam entre 21.05 milhões e 23.1 milhões de barris.

Os números de produção de etanol nos Estados Unidos são um indicador da demanda interna por milho. No país, o biocombustível é produzido principalmente com o grão e a indústria local consome mais de um terço da safra doméstica do cereal.

Ucrânia

A consultoria agrícola APK-Inform aumentou na quarta-feira a sua estimativa da safra de grãos de 2023 da Ucrânia para 54.2 milhões de toneladas versus estimativa anterior de 53.1 milhões de toneladas, graças ao clima favorável.

A consultoria informou em um comunicado que a safra de 2023 é composta de 21.5 milhões de toneladas de trigo, 25.6 milhões de toneladas de milho e 5.7 milhões de toneladas de cevada.

Ela informou que a Ucrânia tem o potencial de exportar 34.2 milhões de toneladas de grãos na temporada de julho a junho de 2023/24 (versus 32.3 milhões de toneladas estimadas anteriormente), incluindo 12.5 milhões de toneladas de trigo e 19 milhões de toneladas de milho.

Estimativa Conab

Segundo a Conab, a produção de milho no Brasil deve cair 9,10% em comparação com safra 2022/23, considerando a soma das três safras. A Conab estimou uma produção total de 119.8 milhões de toneladas no ciclo 2023/24. Segundo a estatal, a área de plantio deverá ser 4,80% menor no novo ciclo, caindo para 21.2 milhões de hectares. A produtividade também deve cair 9,10% para 5.651 quilos/hectare.

No relatório, a Conab destacou que os preços atuais do cereal e os projetados não “têm uma rentabilidade atraente para a cultura, o que deverá refletir em redução de área de milho no Brasil na safra 2023/24, com destaque para a primeira safra (- 5,40%) e para a segunda safra do grão (- 4,80%)”.

Com menor disponibilidade, o Brasil também deve exportar menos. Segundo a estatal, as vendas externas devem cair quase 27%, para 38 milhões de toneladas em 2023/24. Por outro lado, a demanda interna pelo cereal deve aumentar 6,40%, podendo atingir 84.6 milhões de toneladas, com o aumento na demanda por carnes.

Por Equipe SNA
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