As cotações da soja registraram ontem (1/8) um dia de queda no mercado físico brasileiro, mesmo com a alta do dólar (0,11%) e com queda da Bolsa de Chicago (1,88%). Segundo os índices do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o preço de exportação caiu 1,04% nos portos, enquanto o do mercado interno subiu 0,53%.
Segundo o analista Luiz Fernando Pacheco, da T&F Consultoria Agroeconômica, os preços da soja começam o mês em queda, tanto nos portos quanto no interior, pela pressão da moeda norte-americana e pela queda na CBOT, permanecendo os prêmios inalterados. A pesquisa diária feita pelo Cepea registrou que a média de preços nos portos caiu para R$ 88,60/saca, enquanto nas praças do interior o preço caiu para R$ 82,70/saca.
Em Paranaguá, a saca registrou queda de 0,55% no mercado disponível, cotada a R$ 91,00, e de 1,22% no mercado futuro, para embarque fevereiro, cotada a R$ 81,00. Em Rio Grande, no mercado disponível, a saca caiu 0,79%, cotada a R$ 87,80, e 0,45% no mercado futuro para embarque em agosto/18, cotada a R$ 88,60. Nos últimos 15 dias, a tendência do mercado é andar de lado.
No dia de hoje, o mercado está bem parado. A queda de Chicago, prêmio e câmbio com alta fraca fizeram os preços terem forte baixa. Produtores procurando preços só para conhecimento, não para fechar lotes. Empresas que ontem indicavam compras, hoje saíram por instabilidade do mercado, tanto de fretes, como de prêmios.
“O mercado ficou sem muitas opções para fechamentos mais curtos, tendo apenas opções para venda em fábricas para outubro”, afirmou Pacheco.
O especialista da T&F destaca ainda que os volumes de soja importada do Brasil para a União Europeia caíram 28,6% nas cinco primeiras semanas do ano comercial 2018/19. Foram vendidas 514.000 toneladas, com os brasileiros atendendo compradores chineses em virtude da aplicação de uma tarifa chinesa à soja norte-americana.
Milho em alta com crise do frete
As condições da oferta brasileira de milho estão favorecendo a alta dos preços, que subiram fortemente pelo segundo dia consecutivo no mercado físico de Campinas. O Indicador Cepea fechou em alta de 0,88%, a R$ 38,78/saca. Para a BM&F, o Indicador Cepea registrou alta de 0,28%, para R$ 39,45 – nível ainda inferior aos verificados durante o mês de junho passado.
Segundo a T&F Consultoria Agroeconômica, começa a se confirmar a perspectiva de aperto ou forte redução dos estoques dos consumidores de milho, gerada pela greve dos caminhoneiros e que não foram repostos inteiramente pela dificuldade criada com o tabelamento dos fretes.
“Agora estão em níveis insuportáveis, obrigando os compradores a retomar as compras, em que pese que as pedidas dos vendedores do Mato Grosso, com a opção de vender para as indústrias de etanol, são maiores do que as esperadas”, disse Pacheco.
Esta situação está sendo agravada pelo atraso das colheitas, tanto no Paraná, quanto em Minas e Goiás, e no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Da mesma forma, a exportação continua ativa, ainda que em volumes um pouco menores do que há 30 dias, mas ainda interessada. “Os volumes diminuíram de 2.5 milhões de toneladas programadas na semana passada para algo ao redor de 1.86 milhões de tonelada”, disse o analista da T&F.
BM&F
As cotações do milho no mercado futuro da BM&F de São Paulo fecharam novamente mistas ontem, mas, diferentemente do dia anterior, somente as cotações dos meses finais de safra fecharam em alta. Todos os demais fecharam em leve alta.
Os compradores parecem estar sofrendo a pressão da redução dos estoques, agravada pela crise do tabelamento de fretes e pelo início da demanda de exportação de milho. Outro forte componente é a deterioração das safrinhas na maioria dos estados produtores.
“Conforme foi dito, isso continua a indicar uma tendência de alta, pelo menos no mercado futuro da BM&F, em São Paulo, com a possibilidade de realização de boa cobertura para os compradores e bons lucros para o mercado. Por isso, a recomendação continua sendo a de ficar do lado comprado do mercado a médio e longo prazo”, afirmou Pacheco.
Fonte: Agrolink