O analista Marcos Araújo, da Lansing Trade Group, apresentou uma análise dos custos de produção da soja e do milho nos Estados Unidos e no Brasil e como esses custos podem influenciar na decisão dos produtores no final das contas.
De acordo com dados da Universidade de Illinois, o custo total da soja americana para a próxima safra deverá ficar em US$ 1.336,81 por hectare, uma queda de 7,36% em relação à safra anterior. Logo, um preço em Chicago nos patamares atuais é remunerador para os produtores, considerando uma produtividade média de 70,6 sacas por hectare ou até mesmo menor.
Os americanos, no entanto, possuem um alto custo de arrendamento. Enquanto no Centro-Oeste do Brasil se paga US$ 230,00 por hectare, os americanos pagam US$ 548,00 por hectare. Apesar de isso, a soja brasileira não ficaria tão competitiva em relação à americana: os Estados Unidos ainda ficam em vantagem no custo logístico. No Brasil, se paga US$ 70,00 por tonelada a mais do que os americanos na logística.
Assim como a soja, o milho americano também deverá ter uma queda no custo de produção, de 5%, para uma produtividade estimada em 207 sacas por hectare. No entanto, os produtores americanos não estão em vantagem em relação aos preços em Chicago. A realidade atual poderá trazer um prejuízo de US$ 113,00 por hectare para os produtores americanos, cujo custo total de produção é de US$ 1.919,97 por hectare.
Logo, o mercado estima que deverá haver um aumento da área de soja americana em detrimento das áreas de milho e de trigo. Para ter tranquilidade, o produtor americano de milho teria de ter um preço de ao menos US$5,00/bushel em Chicago.
Milho safrinha
No Brasil, o custo de produção para o milho safrinha também começa a preocupar. Estimado, em sua totalidade, em R$ 2.257,00 por hectare, apresenta uma alta de 15% em relação ao ano de 2016.
Como no ano passado a seca também atingiu as áreas de sementes, o custo das sementes ficou, em média, a R$ 350,00 por hectare – dependendo da tecnologia utilizada, o custo pode até mesmo ser maior do que isso. Os fertilizantes também aumentaram, com custo de quase R$ 500,00 por hectare.
O norte do Mato Grosso é uma das regiões que mais pode sofrer com a relação custo x preços. Para começar a empatar com o custo de produção, o preço de venda deve ser de, pelo menos, R$ 33,81 a saca. Abaixo disso, o preço não é remunerador.
Araújo aconselha os produtores a acompanhar a safrinha de perto e fazer “o máximo que conseguir para poder passar esse ano”.
Fonte: Notícias Agrícolas